CHAPTER 38

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NICHOLAS

Eu cheguei em casa há vinte minutos atrás. E agora já são 18:45. Fiquei de ir buscar Noah, mas com a correria que foi hoje nem consegui avisa-la que não ia conseguir.

Estou colocando minha roupa e aproveito para pegar meu celular, mas ele acabou a bateria. Noah deve ter me ligado várias vezes. Merda. Coloco o celular pra carregar e pego meu sapato.

Ouço batidas na porta e falo que pode entrar.

— Nick, seu pai chegou —disse o Steven, parando entre a porta

— está bem. Obrigado, Steven

Ele concordou com a cabeça e se retirou.

Faço tudo o mais rápido possível. Porque quero falar com ele antes de sair.

(...)

Assim que chego na sala, observo ele. No mesmo lugar de sempre. Com um copo de whisky na mão, balançando e pensando na vida.

Desde que minha mãe foi embora, meu pai nunca mais parou de beber whisky sempre que chega. Minha mãe odiava isso, odiava ver ele bebendo. Então, ele parou enquanto ela ainda estava com a gente.

Me aproximo dele. Torcendo para que tudo dê certo. Não vou pedir para que ele aceite a Noah, mas que a respeite. E que entenda meu relacionamento com ela. Até porque depois de tudo o que ele falou, nem vou trazer ela aqui mais. Também não vou implorar para que ele me acompanhe na formatura.

— oi pai.

— Nicholas.. —deu um gole em sua bebida, e a saboreou. Dando uma pausa em sua fala— quanto tempo não é mesmo? Esqueceu o caminho de casa, meu filho?

Isso não vai ser nada fácil. Ele não sabe ter uma conversa civilizada com o próprio filho.

— não, eu não esqueci. Mas assim como o senhor, eu precisava de um tempo. Não acha? —pergunto, me sentando no sofa ao seu lado

— Tempo? Tempo para que? —colocou seu copo vazio em cima da mesa de centro

— Sério que voce não se lembra? Você esqueceu o que disse para Noah?

— Ah, sim, claro. A Noah. —soltou uma risada— como ela tá?

— você vai agir como se nada tivesse acontecido? O que aconteceu com você? Ah! eu me esqueci, você não consegue lidar com as consequências de suas ações, não é mesmo? —inclino meu corpo para frente, e junto minhas mãos

— Ela ficou ofendida com aquilo o que eu disse? Mas por quê? Sendo que é a mais pura verdade? Ela não é mulher para você. A menina não tem nem trabalho. A Taylor, sim, é perfeita para você —se levantou

— cacete! Quando você vai entender que eu e a Taylor não temos mais nada? Porra! —passo a mão no meu cabelo, respirando fundo— Noah não ficou chateada com o que você disse a ela. Porque para ela, não fez a mínima diferença. Mas para mim fez. Eu sou o seu filho, caramba. Você não me quer ver feliz? E para sua informação, Noah pode até não ter um trabalho. Mas ela é muito mais esforçada do que qualquer uma dessas riquinhas por aí que ficam na aba dos pais. —me levantei, furioso

— Claro que eu quero te ver feliz, Nicholas. Mas não com ela.

— Eu sabia que não íamos chegar em consenso. Saiba que, que não te peço para aceitar Noah como minha namorada. Mas, sim, respeitar ela e me respeitar também. Porque, por mais que ela seja minha namorada, em primeiro lugar, ela é uma mulher. Uma mulher que merece respeito. Ela já passou por muitas cosias nessa vida, e não vai ser você quem vai deixá-la pior.

Eu me controlei o máximo para não surtar e nem xingar com ele. Porque se eu estou pedindo respeito, eu preciso respeitá-lo também.

— Senhores, licença —disse o Steven— Nicholas, é a Noah —apontou para o telefone

Eu encarei meu pai e gesticulei para que Steven me entregasse o aparelho. Aproximo o telefone do ouvido e ouço a voz de Noah

— Nick?

— Noah, oi..

— cadê você? Eu já estou aqui com o pessoal

— eeh. Eu já estou indo. Chego aí em quinze minutos.

— tá bom.

Desligo o telefone e coloco-o em cima de um aparador.

— Não sei se você sabe, mas hoje é a minha formatura. Não queria que a noite tivesse começado desse jeito. Não vou te pedir para comparecer. Mas acho que você deveria repensar um pouco as suas atitudes daqui para frente. Porque se não, você não vai perder só uma esposa. Vai perder um filho também... —pego a chave do meu carro e caminho até a porta— ah! Só mais uma coisa. Não sei se te interessa, mas ontem foi o julgamento do Ricardo. Bom, eu consegui! Acho que não sou um fracassado como você pensa. Boa noite, pai. —fecho a porta, antes que ele fale alguma coisa e caminho até meu carro

Entro no carro e expiro.

Nunca pensei que isso aconteceria entre a gente.

Quando minha mãe foi embora, ela queria me levar. Mas meu pai não deixou, porque ele sempre achou que com ele eu estaria mais seguro e teria um bom futuro pela frente. Isso eu não posso discordar. Mas não imaginava que em determinado momento da minha vida, a nossa relação, como pai e filho iria esfriar tanto assim.

É como se eu não conhecesse mais ele.

Ainda pequeno, sempre questionei o porquê que minha guarda não podia ser compartilhada. Igual a Maggie. Mas meu pai sempre dizia que minha mãe não queria eu por perto. Ele fez com que eu não tivesse o amor de uma mãe. Ele fez com que eu cressece sem o amor da minha mãe.

Toda vez que ela ligava, ele quem atendia. E sempre inventava uma desculpa. Eu nunca ouvi a voz dela depois dos meus nove anos. Nem sei como ela está agora. Só sei que ela mora em Boston.

Eu nunca tive coragem de procurar sobre ela nas redes sociais. A única coisa que eu sei é que ela ainda segue na carreira de modelo e que se casou com um neurocirurgião. 

Maggie não é filha do meu pai. É filho desse neurocirurgião aí. Mas pedi a uma assistente social para que ela pudesse passar 15 dias de cada mês comigo. Não tive nenhum contato com a minha mãe enquanto esse processo acontecia.

Eu culpava minha mãe por tudo o que meu pai fez, não só comigo, mas com ela também. E nunca tive coragem de pegar o telefone e reencontrá-la. Mas ela nunca disse não a assistente social quanto as visitas da Maggie.

(...)

Chego ao local do evento e avisto Noah, encostada em seu carro, sozinha e me esperando.

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