"É tanto, é tanto
Se ao menos você soubesse
Te quero tanto"
S/n Souza, 25 anos, perita criminal, irmã mais velha de Lucas Souza. Apoia seu irmão em seguir seu sonho e entrar na "A Fazenda", mas com receio de que o homem não tenha apoio algum por lá...
O receio e a curiosidade em uma balança, ambos equilibrados, até que vem a coragem de encarar o imprevisível e a curiosidade despenca. Foi assim que a minha decisão foi tomada.
Decidida a entrar e estar aqui, mesmo com todos os outros sentimentos puxando contra, mas eu queria ir adiante. Então, cá estou eu. Depois de uma vida profissional consolidada, uma imagem brilhante e uma família formada, eu aceito o convite de estar na Fazenda.
De início, minha resposta negativa foi inegociável. Mas com o passar do tempo, eu vi a monotonia dos meus dias e notei que precisava de uma sacudida na vida. Foi aí que aceitei o convite. Cravei dentro de mim, o sonho de ser campeã e de mostrar ainda mais do que sou.
Já faz quase 1 mês que entrei aqui e a euforia de sentimentos vai de 8 a 80 em instantes. Eu já confortei, já fui confortada, já abracei, consolei, mas também fui amparada. Já debati, discuti quando fui confrotada. Não me igualo ao que acho errado e defendo o que acho certo. Tenho opiniões e argumentos para expor, conscientizar e debater. Ninguém cala a minha voz.
Na minha visão de jogo, estou totalmente acertiva e defendendo meus princípios. Principalmente, os meus aliados. Somos poucos, mas é nesse momento que a quantidade não importa, pois somos a qualidade. Não me aliaria a mais ninguém da casa, estou muito bem satisfeita com os meus. Irei os proteger o quanto puder e sei que eles farão o mesmo por mim. Por mais que haja a saudade da família, da minha casa e do meu conforto, eu encontro a paz e o sossego quando estou próxima dos meus amigos.
Agora, neste momento, estamos na casa da árvore. O endredom nos cobrindo. Lucas deitado ao meu lado direito, enquanto abraçava meu braço. Jaque do meu lado esquerdo, com a cabeça sobre meu ombro. Kally logo depois, também aninhada na morena entre nós. André sentado mais adiante, enquanto cochila com a cabeça recostada na parede.
Kally e Jaque cantam, enquanto Lucas dorme. Eu mantenho meus olhos fechados, apenas sentindo a harmonia de estar ali, mas sentindo que isso logo vai por água abaixo. Não dá pra ter paz por muito tempo estando aqui.
— Um anjo veio me falar, o amor chegou pra mim, veio me mostrar, o sonho não tem fim. - Jaque cantava enquanto fechava a mão como se fosse um microfone. Logo levando o punho para a Kally, que continuou a música. — E não importa quanto tempo vai passar, vou te esperaaaar! — gritou a última parte assustando Lucas e André.
Eu abri os olhos, gargalhando dos dois e as meninas batiam palmas.
— Pô, galera, que susto! - André falou ainda um pouco atônito em ter seu sono interrompido.
— Sério, vocês são umas pestes! Eu estava sonhando com a S/n. Só queria ter a minha capetinha aqui também. - Lucas falou e fez bico.
S/n é a irmã de Lucas. E todos os dias, ele falava dela. Das aventuras de infância, da adolescência dos dois, de quando ingressaram no exército e de como são atualmente. Acho uma relação linda e sinto prazer de escutar Lucas falar sobre as histórias deles.
— Você já nos falou tanto da S/n, que eu quero poder conhecê-la lá fora. - Eu falei enquanto fazia carinho nos cabelos de Lucas.
— Mas é claro! Olha, se você curtisse o outro lado, eu até shipparia vocês. Porque acredito que ela daria em cima de você, tu tem o perfil que ela gosta. - Lucas disse e levantou as duas sobrancelhas com cara de sapeca. Eu mordi os lábios e ri.
— Eitaaa! Tua irmã gosta de chupar charque, é, menino? - Kally indagou curiosa.
— Já pode ir mostrando uma foto aí dela pra gente ver se vale o investimento. - Jaque disse e bateu palmas.
— É, Lucas, vai buscar uma foto dela e nos mostra. - Eu pedi.
— Suas safadas! Querendo romper minha irmãzinha? Mas tá, vou lá no quarto buscar. - Ele levantou, calçou os pés e saiu da casa da árvore.
Enquanto isso, eu e os três ficamos conversando sobre as tarefas com os animais. Em poucos minutos, Lucas volta com uma polaroid nas mãos, mas logo coloca os braços para trás.
— Bora, 'homi, mostre logo essa 'mulé pra nós! - Kally pede levantando os braços.
— Confesso que até eu fiquei curioso - André fala.
— Vamos, Lucas! Mostra logo que eu digo se você vai ser meu cunhado ou não. - Jaque diz e aponta para ele.
— Vai, Lucas, nos mostra se a sua genética é boa. - Dessa vez, eu quem digo.
Ele demora alguns segundos, mas nós 4 insistimos e ele logo ergue a foto. Jaque e Kally tentam tomar de suas mãos, mas ele tenta pegar a foto com a outra mão e acaba derrubando no meu colo. Eu seguro a foto e analiso. No retrato, havia Lucas e S/n. Ele com o braço sobre os ombros dela, enquanto dá um sorriso de olhos fechados. E ela de braços cruzados, enquanto sorria com a língua entre os dentes. No seu braço esquerdo, algumas tatuagens. Poderia ter notado mais coisas, mas a fotografia foi abruptamente retirada das minhas mãos.
Eu soltei o ar que nem sabia que estava preso. Molhei meus lábios com a ponta da língua e forcei meus olhos novamente para olhar a foto. Realmente é uma linda mulher. E se eu fosse mais jovem e curtisse, com certeza tentaria ficar com ela. Meus pensamentos foram cortados quando ouvi a voz de Kally: — Eita porra! Essa mulher é uma delícia. Um pitel! Ahh, esse morango no meu nordeste.
— Lucas, meu amigo, com a tua irmã e um garrafão de 20 litros, eu passava um mês dentro de um quarto tranquilamente. - Jaque diz, enquanto olhava a foto parecendo chocada. Parece que S/n realmente chamou sua atenção.
— Não dá pra negar que a moça é bonita mesmo. Ela tem um porte físico bom, não é? - André analisa a foto.
— Êpa, pode parar com a safadeza, gurias! De tanto elogios que vocês estão dando, daqui a pouco a internet vai tá em cima pra saber quem é a S/n e ela vai comer meu couro. Mas, obrigada, a genética é ótima mesmo - ele soltou um beijo no ar – e sim, André, a S/n tem esse porte espetacular mesmo. E olha que ela nem malha tanto.
— Ela tá toda sorridente aqui, mas parece o 'homi lá de 50 tons 'num sei de quê. Que amarra a mulher, bate com chicote, amordaça e tudo! - Kally diz com a mão na boca.
— Se ela fizer isso, eu não passo só 1 mês no quarto, passo 1 ano logo. - Jaque.
— Olha, se aquela capetinha faz isso, eu não sei. Mas quando ela está fardada de policial, ela fica toda marrentinha e com pose de dominadora, viu? — Lucas as responde.
— Você não havia nos dito que ela é policial. - eu quem soltei dessa vez.
— Humm, Rachel, por quê, hein, bicha? Tá interessada? – Kally indagou me olhando e todos fizeram o mesmo. Eu poderia jurar que minhas bochecas estão vermelhas neste momento.
— N-não, gente. Era apenas uma informação que Lucas não havia dito, ora. - eu respondi e me praguejei por ter gaguejado. Eles riram e Lucas começou a contar sobre a profissão da irmã.
Eu olhei a foto mais uma vez e a imaginei sendo policial. Aquilo soou muito atraente para mim. Respirei fundo e expulsei esses pensamentos. Não que tivesse algum problema em me atrair por uma mulher, sou muito bem resolvida quanto a isso. Eu me atraio por pessoas, não me importa o gênero. Mas o que eu menos precisava agora era de alguém rodeando meus pensamentos.
Tola, tola, tola...
Passei o restante dos dias com a imagem da mulher em minha mente.
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