𝑪𝒂𝒑𝒊́𝒕𝒖𝒍𝒐 𝟒 - 𝑷𝒆𝒓𝒔𝒖𝒂𝒔𝒂̃𝒐

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        𝐄u não desejava receber notícias do meu suposto parceiro, no entanto, as fofocas se espalhavam como o vento por Velaris.

        Em questão de uma semana, todos já sabiam quem havia me proclamado como parceira. E por alguma razão inexplicável, esses feéricos acharam que seria uma brilhante ideia trazer à tona mais detalhes sobre os rumores a cerca do Grão-Senhor Primaveril. Sendo assim, o meu desejo de ignorá-lo pelo resto da eternidade se tornou impossível.

        As fofocas voavam até meus ouvidos, como se todos tivessem decidido transformar aquilo em uma nova fonte de entretenimento, enquanto as mentiras envolvendo meu nome rastejavam sob a minha pele feito vermes.

        Antes, eu considerava uma vergonha ser associada a ele, mas logo se tornou uma verdadeira maldição, pois as pessoas o odiavam, então estavam começando a me odiar também.

        Os boatos começaram com histórias simples; alguém dizendo que Tamlin havia interrompido o Duelo de Sangue apenas para me proclamar como sua parceira, e que enfrentou Rhysand em uma batalha para poder me levar consigo para a Corte Primaveril. Depois evoluíram para: ela é a causa da recente onda de azar no bairro, e está atraindo desgraças com a sua presença. Logo começaram a afirmar que eu e Tamlin estávamos secretamente em contato desde o dia em que cheguei, e que eu estaria trabalhando junto com ele em algum plano maligno de destruição da Corte Noturna. Houveram até rumores de que eu era, na verdade, uma espiã primaveril infiltrada, com a missão de assassinar a Grã-Senhora e vingar o meu parceiro.

        Esses últimos boatos precisaram ser desmentidos por Rhysand pessoalmente, visto que as pessoas começaram a levá-los a sério demais e eu não conseguia mais sair na rua.

        E entre essa onda de rumores, haviam os moradores do meu prédio, que sentiam um estranho prazer em me abordar cada vez que eu punha os pés para fora de casa, como se meu visível desconforto fosse algo divertido para eles. Sendo assim, a vida pacata que eu havia construído em Velaris durante meses se transformou em um verdadeiro inferno de uma semana para a outra por culpa de um laço de parceria.

        O que tornou ainda mais impossível ignorá-lo.

        A primeira carta, assinada pelo Grão-Senhor Primaveril, chegou quatros dias após o Duelo de Sangue, com um emblema inconfundível selando o envelope marfim. A pintura dourada da cera reluzia toda manhã quando a luz do sol entrava pela janela da sala, me instigando a abri-la. No entanto, foi apenas uma semana mais tarde que minha frustração e curiosidade me levaram a lê-la.

        Havia uma única página com letras cursivas que cintilavam quando expostas à luz do sol, contendo a assinatura do homem que se dizia meu parceiro no final da folha. Eu não tinha expectativas de encontrar algo de valor nas palavras ali escritas; minha intenção ao ler era apenas confirmar minha convicção de que ele era um ser absolutamente detestável.

        Mas não foi isso que encontrei; 

        "Eostre da Corte Noturna.

       Compreendo quão repentina foi a descoberta de nossa parceria, e em circunstâncias tão desagradáveis. No entanto, por meio desta carta, gostaria de expressar minha honra e felicidade em tê-la como minha parceira, pois não fui capaz de fazê-lo no dia em que nos encontramos.

        Ainda no dado momento a surpresa me assombra, e me pego divagando sobre o ocorrido como um acontecimento fascinante demais para ser real...

        Escrevo-lhe esta carta na esperança de descobrir um pouco mais sobre seus pensamentos em relação ao laço de parceria. Sei que nossos caminhos se cruzaram de maneira improvável, e que talvez você não tenha a intenção de me conhecer neste momento. Entendo sua decisão, mas não deixo de desejar que possamos conversar sobre isso algum dia.

𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐏𝐫𝐢𝐦𝐚𝐯𝐞𝐫𝐚 𝐞 𝐋𝐮𝐚𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora