Capítulo 18 - Presságios

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Volkan não apareceu nos treinos durante dias, e sua ausência não preocupou o Grão-Senhor nenhum pouco. Tamlin, ao contrário do que pensei que faria, não tocou mais no assunto da minha luta com seu sentinela, embora a questão ainda parecesse pairar no ar ao nosso redor. Ele apenas ignorou, seguindo seus dias sem me dar uma única justificativa para o sumiço de Volkan, até que eu mesma precisei perguntar:

— Aconteceu alguma coisa com Volkan? — Eu não acreditava que Tamlin tivesse feito algo ruim com ele, mas ainda assim me preocupava.

Tamlin me lançou um olhar rápido, me permitindo ver apenas um vislumbre de seus olhos verdes antes de voltar sua atenção a enrolar faixas nos meus pulsos.

— Por que a pergunta?

— Não é óbvio? Ele deixou de vir aos treinos logo depois de lutar comigo, soa... suspeito.

Ele deu de ombros, como se uma coisa não interferisse na outra.

— Você não o puniu apenas por uma mordida, não é? — Perguntei, sentindo uma nova onda de preocupação me tomar. — Porque eu quase o asfixiei sem querer, sua mordida deve ter sido puro instinto de sobrevivência.

Tamlin ergueu uma sobrancelha enquanto mordia a ponta de uma das faixas para terminá-la de amarrar ao seu pulso.

— Não. — Ele disse por fim, flexionando as mãos com força. — Volkan tem sorte que gosto dele.

Mas eu duvidava muito dessa sorte pela maneira como Tamlin passou por mim com passos pesados e entrou no pátio, convocando meia dúzia de novatos para se aquecerem tentando derrubá-lo. Seu humor parecia ter ficado péssimo só de pensar no assunto, deixando ainda mais claro o quanto aquilo estava crescendo ao nosso redor, como uma bolha de sabão prestes a estourar.

Quando Volkan apareceu no treino do dia seguinte, aquela sensação se tornou ainda mais palpável. Ele estava intacto, graças à Mãe, mas recebia olhares fulminantes de Tamlin a cada passo em falso que dava. O Grão-Senhor o mandou de um lado para o outro naquele dia, ordenando que Volkan treinasse os novatos no lado aposto do pátio, arrumasse as armas nos baús e depois conferisse a posição de todos novamente, mantendo-o ocupado o suficiente para sequer tentar conversar comigo.

Embora os esforços de Tamlin para manter Volkan longe de mim tivessem sido bem-sucedidos, quando o treino daquela tarde chegou ao fim — e não havia mais como delegar tarefas aleatórias ao seu sentinela — Volkan veio até mim com um pedido de desculpas muito sincero pela mordida. Eu sorri e deixei claro que estava tudo bem; foi uma conversa rápida, que terminou em menos de cinco frases, mas que resultou em um olhar ameaçador de Tamlin acompanhando Volkan até que sua silhueta desaparecesse entre as árvores.

Os outros sentinelas já haviam deixado o pátio, sobrando apenas eu e Tamlin ali, onde ele me treinaria pelo resto da tarde até que eu não suportasse mais repetir exercícios e ignorar a energia estressada que emanava do Grão-Senhor.

Respirei fundo, observando-o me chamar para o meio do pátio enquanto lançava um último olhar para o trecho em que Volkan estivera instantes atrás.

— Posso saber por que está bravo? — Perguntei ao me aproximar, finalmente me permitindo ir direto ao ponto depois de dias ignorando o incômodo que aquilo estava me causando.

Tamlin se colocou em posição de defesa, esperando que eu avançasse em ataque, ignorando a pergunta, mas mantendo-se concentrado no franzir das minhas sobrancelhas. Eu o encarei com firmeza, esperando sua resposta e me recusando a avançar até que ela fosse dada. Tamlin suspirou e girou os ombros, trocando o peso dos pés.

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⏰ Última atualização: Aug 18 ⏰

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𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐏𝐫𝐢𝐦𝐚𝐯𝐞𝐫𝐚 𝐞 𝐋𝐮𝐚𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora