Capítulo sete

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- Você pode parar? - Lauren sibilou para mim ao mesmo tempo em que bateu a perna contra a minha debaixo da mesa.

- Você é que tem que parar. Estou do meu lado, mantenha as pernas juntas. - Eu bati meu joelho contra o dela, apesar de ter dito a mim mesma que me comportaria e passaria a próxima hora agindo com maturidade.

Porque eu poderia fazer isso.

E eu faria.

Com certeza teria feito, se ela não se sentasse ao meu lado.

Não seria eu a estragar a entrevista que a treinadora Brooke havia marcado para nós. Se alguém fosse fazer isso, seria aquela idiota ao meu lado. Tínhamos nos saído muito bem desde a nossa reunião, na qual Brooke nos pediu para tentar não odiarmos uma a outra e guardar nossos olhares e palavras agressivos para quando estivéssemos sozinhas... ou pelo menos não tão perto de outras pessoas. Brooke ainda não cometera o erro de nos deixar sozinhas também, então poderia ser isso.

Mas aquele fora o dia em que teríamos mesmo que nos comportarmos da melhor forma. Jurei que não seria um problema. Sobrevivi a coisas piores por uma hora.

Então Lauren decidiu se sentar ao meu lado e comecei a duvidar de mim mesma. Eu já estava sentada no banco na sala de descanso dos funcionários do CJ quando ela entrou. Estávamos esperando o jornalista ou blogueiro, ou quem quer que fosse chegar para nos fazer perguntas, em preparação para o anúncio oficial de que Lauren e eu estávamos competindo juntas.

Exceto que não deveríamos dizer que era apenas por uma temporada. Brooke me informou sobre isso no dia anterior. As únicas pessoas que precisam saber somos nós. Ótimo.

Trocando minhas pernas de lugar, para que as partes internas das minhas coxas ficassem pressionadas uma contra a outra e eu não tocasse em Satã, e não fôssemos surpreendidas no meio de uma discussão quando a pessoa chegasse, olhei em volta da área vazia da cozinha e tentei ignorar o calor do corpo de Lauren que não estava sequer a dois centímetros de distância.

Então sua coxa bateu no meu joelho. Novamente.

- Por que você está me tocando? - sussurrei, mal movendo os lábios, olhos fixos na porta. Não confiava em mim mesma para olhá-la.

- Você está me tocando. - Foi sua resposta espertinha e estúpida, porque tinha sido ela a se mexer, não eu.

Ainda não olhei para ela.

- Por que você se sentou ao meu lado?

- Porque eu posso.

- Você está muito perto.

- Já estive mais perto de você.

Olhei para ela.

- Porque somos obrigadas. Vá sentar ali. Longe de mim.

Ela já estava me olhando com aqueles assustadores olhos verde-claros.

- Não.

Babaca.

- Então saia do meu caminho para que eu possa me sentar do outro lado da mesa.

- Não.

Virei a cabeça para dar uma olhada completa nela. Seu cabelo estava uma bagunça que parecia proposital, cada fio no lugar desejado.

Naquele dia, ela estava vestindo um suéter que eu reconhecia, em um tom de cinza tão claro que era quase branco. Ele fazia seus olhos se destacarem... se eu reparasse nesse tipo de coisa.

- Mexa-se - eu disse.

Ela não obedeceu.

- Mexa-se ou eu vou fazer você se mexer.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora