Capítulo dezoito

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- Podemos conversar? - a voz do meu pai surgiu atrás de mim.

Congelei quando me inclinei contra os painéis, esperando Lauren e a treinadora brooke enquanto elas discutiam sobre se deveríamos mudar ou não um salto. Eu não me importava se sim ou não; estava deixando que elas resolvessem. Sentia-me muito cansada e emocionalmente exausta da noite anterior para me dar ao trabalho de brigar. Então, eu estava esperando lá, observando-as, bebendo água a uma distância confortável.

Então eu não estava prestando atenção. Não tinha visto meu pai dentro do CJ, muito menos conseguindo se esgueirar atrás de mim.

- Camila, por favor - ele implorou baixinho quando me virei para piscar para ele por cima do ombro. Ele tinha um metro e setenta no máximo, com uma constituição esbelta e forte que eu sabia que tinha herdado. Cabelos e olhos escuros, e pele que era um tom oliva, que poderia ter vindo de pelo menos uma dúzia de lugares no mundo.

Eu me parecia com o meu pai. Nós compartilhávamos as mesmas cores. A mesma estrutura.

Mas eu recebi todo o resto da minha mãe... porque ele não estava por perto.

- Cinco minutos - ele pediu baixinho, olhando-me com paciência.

Fazia horas desde que o vi no restaurante e sabia que seu tempo em Houston estava acabando. Então levaria um ano até que o visse novamente. Possivelmente até mais. Não seria a primeira vez que ele viria para Houston e eu não o veria.

Ele nunca chorou por isso, e eu parei muito antes de perceber.

Eu queria dizer a ele que tinha coisas melhores para fazer. Queria dizer para me deixar em paz. E, talvez, alguns anos atrás, eu teria feito exatamente isso se ele fizesse alguma merda como no restaurante, na frente de Lauren e do resto da família.

Mas se eu aprendi alguma coisa durante o último ano e meio foi a realidade de quão difícil era viver com meus erros. Eu aprendi o quão difícil era enfrentá-los e assumi-los. Todos nós fazemos coisas que lamentamos; todos dizemos coisas das quais nos arrependemos, e a culpa é um peso esmagador na alma de uma pessoa.

E eu queria ser melhor. Para mim. Não para mais ninguém.

Então eu assenti e não disse nada.

A respiração profunda que ele soltou de alívio, eu realmente não engoli tanto quanto poderia ter.

Seguindo meu caminho para a abertura no gelo, coloquei meus protetores de patins e olhei por cima do ombro para tentar chamar a atenção de Lauren. Mas ela ainda estava muito ocupada conversando com a treinadora Brooke. Já no chão, fui em direção às arquibancadas, ao redor da parede. Sentando-me no meio de um banco, estiquei as pernas para frente e encarei a pista, vendo meu pai se sentar ao meu lado, a poucos passos de distância.

No gelo, Lauren havia se virado e estava olhando para nós com a testa franzida, além da treinadora.

Ela não disse uma palavra durante o treino naquela manhã, e fiquei agradecida por ela ter decidido não citar meu pai, muito menos que chorei por ele. Havia um limite para o quanto meu orgulho aguentava.

Em vez disso, Lauren agiu como se nada de diferente tivesse acontecido, como se tudo estivesse normal.

Fiquei agradecida.

- Camila - meu pai disse, arfante.

Eu continuei olhando para a frente.

- Você sabe que eu te amo, não sabe?

Amor era uma palavra estranha. O que diabos era o amor? Todos tinham uma opinião tão diferente sobre o que isso significava; era difícil descobrir como usá-lo. Havia amor em família, amor amigo, amor romântico... Uma vez, quando eu era mais nova, outra mãe patinadora tinha visto minha mãe me dando um tapa na parte de trás da cabeça, e isto a deixou realmente insultada. Mas, para mim, era assim que funcionava quando estávamos juntas. Minha mãe me deu um tapa porque eu banquei a espertinha e mereci; eu era dela, e ela me amava.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora