Capítulo dezesseis

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- Não sei se é uma boa ideia.

Ao volante do seu Tesla, Lauren encolheu os ombros e pronunciou a segunda frase que ela escolheu para me estimular o dia inteiro.

- Você não vai deixar ninguém doente. Seu período contagioso já acabou.

Já que ela dizia...

Passei a maior parte do dia dormindo no quarto de hóspedes, onde Lauren havia colocado minhas coisas no dia anterior. Fiquei tão distraída com os animais de estimação dela que nem percebi quando ela voltou para pegar a mala que caiu no chão.

Depois do jantar, levamos os cães para uma longa caminhada.

Aparentemente, ela tinha 41 hectares a quarenta minutos da cidade e levava os cães ― e o porco ― para passear todos os dias que podia.

Duas vezes por dia, ela tinha uma ômega chamada Ellie para alimentar todos eles, dar-lhes os medicamentos e deixá-los correr enquanto ela estava treinando. Comigo.

Quem diabos teria imaginado?

Eu queria saber o que a levou a ter tantos animais, mas a verdade era que eu não sabia como falar com ela depois da noite anterior.

Ninguém nunca tinha falado comigo daquele jeito antes. Pelo menos ninguém que não fosse minha mãe.

Ela disse que queria que eu estivesse segura e feliz. E que isso não tinha nada a ver com o fato de sermos parceiras.

E tinha a ver com o quê? Eu queria saber. Mas estava com muito medo de perguntar e descobrir, porque... e se a resposta dela arruinasse o que havíamos construído?

Não achei que a verdade valesse a pena.

Então, depois de uma caminhada, por mais ou menos um quilômetro e meio, segui-a silenciosamente até a sala e me sentei no lado oposto do sofá, ficando cercada por Russ e uma Husky de oito anos e três pernas chamada Rainha Victoria, que decidiu que gostava muito de mim. Após dez minutos no sofá com um cachorro no meu colo e um ao meu lado, desmaiei e acordei horas depois, quando Lauren me deu um tapa na testa e me levou meio adormecida ao meu quarto com a mão na minha nuca.

E eu não tinha dormido tanto assim para não lembrar que havia me arrastado para debaixo das cobertas e que fora ela quem as ergueu até o meu queixo, depois examinou minha testa antes de apagar a luz e sair.

Dormi até a manhã seguinte e não levantei até quase meio-dia, o que mostrava quão terrível eu me sentia. Lauren tinha saído, mas deixou um bilhete na geladeira dizendo que ela estaria no CJ e retornaria por volta de uma hora, e que eu não deveria me preocupar se uma ômega entrasse em casa, porque era quem passeava e cuidava de seus animais de estimação ― Ellie ―, que geralmente ia às sete da manhã.

Eu estava dormindo, obviamente.

Então tirei vantagem disso. Durante a hora seguinte, bisbilhotei sua casa e descobri mais coisas sobre Lauren que me surpreenderam.

O coelho tinha uma grande e divertida área de recreação e uma casinha em um dos cinco quartos só para ele. Era honestamente melhor do que meu próprio quarto.

Ela tinha quatro grandes camas de cachorro e uma pequena em seu quarto principal gigante, e eu tinha certeza de que eram colchões personalizados e ortopédicos. Eu me sentei com Russ, que estava deitado do lado de fora do quarto onde eu estava dormindo com a Husky, Rainha Victoria, e decidi que até as camas eram mais confortáveis do que as que eu tinha em casa.

Lauren mantinha um tubo de lubrificante em uma das mesinhas de cabeceira ― e meu estômago revirou em um pavor que eu fingi não sentir.

A casa dela era imaculada.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora