Capítulo dez

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— Não sei se quero mais fazer isso — disse à treinadora Brooke uma semana depois.

Uma semana depois, eu não conseguia parar de pensar em todas as razões pelas quais fazer aquilo era uma ideia estúpida, incluindo, entre outras, mostrar todo o meu corpo para Lauren.

Nossa amizade de uma semana estava indo... bem. Nós não dissemos nada que nos ofendesse naquele período. Ela até sorriu para mim uma vez quando concordei com ela que fizemos algo certo quando a treinadora Brooke afirmou o contrário.

Tudo bem. Totalmente bem.

E talvez esta fosse parte da razão pela qual eu não queria que ela começasse a me provocar. Pelo menos não enquanto eu estivesse sem roupas. Eu não dava a mínima para o que a fotógrafa ou sua equipe pensavam... Lauren era a única que tinha o poder de realmente me irritar.

Então lá estava eu, depois de uma noite inteira estressada com a ideia das fotos. Galina teria dito que eu estava agitada, mas não era o caso. Apenas... estressada. Por causa das consequências. A longo e a curto prazo. Com Lauren e sem.

Já não tinha ficado entusiasmada com a ideia desde o início, e se meu instinto dizia que alguma merda poderia dar errado... havia uma razão para isso. Toda vez que eu o ignorara antes, pagara por isso.

Então… A treinadora Brooke virou-se para mim, de onde estávamos paradas ao lado da pista quase vazia do CJ. Seu rosto se fechou instantaneamente e sua boca torceu para o lado, mas foram os dedos que ela imediatamente começou a mexer que a denunciaram.

Isso e o sorriso tenso que forçou nos lábios quando quase grasnou:

— Há algo que eu deva saber?

Havia algo que ela deveria saber?

Nervosismo, nervosismo real, nervosismo ruim, que fez meu interior se contorcer e meu estômago quase doer, praticamente dominou meu corpo inteiro, mas tudo o que eu podia fazer era encolher os ombros.

— Eu não sei se quero fazer isso com Lauren — eu disse a ela. — Uma coisa é fazermos todos os nossos levantamentos totalmente vestidas, mas quanto mais penso em ter que fazer isso nua... não sei — menti parcialmente.

Porque eu sabia. Eu sabia qual poderia ser o maior motivo. E estava hesitando novamente.

Três dias atrás, tive que começar a excluir comentários e mensagens de alfas aleatórios na minha página do Instagram. Foram apenas dois, mas já eram demais. Eles disseram que “me foderiam” e “arregaçariam minha bunda”. Depois, houve as mensagens privadas, que foram duas fotos de pau e outra me pedindo para postar um vídeo dos meus pés descalços. E isso foi o que me fez pensar no que meu irmão havia dito durante o jantar, sobre estranhos se masturbando com minhas fotos.

Eu não era uma puritana, mas também não era fã de ter que, depois de postar fotos de uma das minhas aulas de balé com Lauren que a treinadora Brooke havia me enviado por e-mail ― para esse fim específico ―, lidar com aqueles tipos de comentários e mensagens. Eu estava familiarizada com pênis. Mas eu queria escolher quando desejava vê-los. Com certeza não gostava de me lembrar de quando outras pessoas me enviaram fotos e vídeos muito piores. Fotos e vídeos que me fizeram perder o sono por causa do quão indefesa me fizeram sentir.

Que nojo.

E foi isso que começou a acontecer, a menos que eu estivesse exausta. Eu comecei a perder o sono. Mais e mais sono.

Então aqui estava eu, neste momento, estressada com coisas assim acontecendo cada vez mais. Eu não queria ver esse tipo de merda.

Tudo o que eu queria era a patinação artística. Eu não me importava com o resto.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora