Epílogo

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Veja a altura disso!

Não vejo um giro assim desde a equipe de Jauregui de 2018! — o locutor na televisão afirmou.

Lauren e eu bufamos ao mesmo tempo.

Eu não precisava olhar para ela para saber que estava revirando os olhos.

Porque eu também estava.

— Foi claramente pelo menos quinze centímetros mais baixo do que o nosso — Lauren murmurou ao meu lado.

Eu bufei novamente, mantendo meus olhos grudados na televisão.

— Para mim, foram trinta — minha mãe, que amava tanto vir à nossa casa que já tomava logo um antialérgico, concordou em seu lugar, do outro lado do sofá.

— Mark precisa se aposentar do cargo de comentarista. Acho que ele já precisa de óculos há pelo menos três temporadas — afirmou Jojo, de onde estava deitado no chão, a cabeça apoiada em uma das mãos enquanto a outra segurava uma mamadeira na boca de Elena.

— Jonathan, isso não é legal — disse-lhe James. Eu não precisava olhar para saber que ele estava balançando a cabeça.

Todos os nossos olhos estavam na televisão enquanto a equipe canadense na tela se movia sem esforço pelo gelo, seus movimentos com uma quantidade perfeita de força, graça e beleza. Eu não os odiava. Eles eram bons.

Mas não tão bons quanto costumávamos ser.

Isso foi incrível! — o comentarista murmurou com empolgação.

— Agora ele está apenas jogando palavras para ouvir sua própria voz — murmurei, balançando a cabeça.

A alfa ao meu lado fez um barulho que me fez olhar para ela pelo canto do olho. Ela estava com a cabeça inclinada para olhar para mim, um sorriso que eu conhecia como a palma da minha mão, colado àquela boca que continuava tão irritante e maravilhosa como sempre ao longo dos anos.

— Seus giros eram mais perfeitos e mais rápidos do que os dela.

Concordei, ainda olhando para ela, ignorando a enorme televisão presa à parede, que transmitia as Olimpíadas de 2026.

— Você fez parecer mais fácil também. E, claramente, você é mais forte do que ele.

Ela bufou e se aproximou para sussurrar no meu ouvido.

— Claramente. Sua bunda é muito melhor do que a dela.

Eu ri, e ela sorriu. Já estávamos coladas lado a lado, perfeitamente alinhadas do quadril à coxa. Seu braço estava pressionado no meu.

Lauren o levantou, jogando-o por cima do meu ombro e me abraçando ainda mais. Levantei as pernas e as coloquei sobre seu colo, ganhando um beijo na bochecha antes de nós duas encararmos a tela novamente bem a tempo de o locutor sussurrar:

Incrível!

Ouvi tantos gemidos na sala que não conseguia contar.

Eu não usaria a palavra incrível, mas…

— Aposto que vocês duas ainda poderiam ganhar se competissem — Jojo murmurou.

Balancei a cabeça, vendo o casal fazer uma espiral da morte que apostava que Lauren e eu poderíamos fazer mais rápido. Não que ainda treinássemos, mas, em muitas manhãs, antes que a pista estivesse cheia de jovens patinadores esperançosos, ela segurava minha mão e repassávamos versões menos elaboradas dos nossos programas antigos. Ríamos na metade do tempo, substituindo triplos por duplos na maioria dos dias, mas, de vez em quando, atraíamos a atenção uma da outra e sabíamos que estávamos pensando a mesma coisa. E fazíamos um salto toe triplo. Ou um toe loop triplo. Raramente, em dias muito, muito bons, fazíamos um Lutz triplo. Só para saber que ainda poderíamos fazê-lo.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora