Capítulo vinte e dois

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Foi bom que ninguém tivesse me dito que tirar oito semanas de folga no início da temporada seria fácil, porque não foi.

Absolutamente não.

As duas últimas semanas foram as mais exaustivas da minha vida, e isso incluía o mês que voltava ao CJ todas as noites para treinar até meia-noite.

Mas, daquela vez, eu não estava sozinha. Eu tinha minha melhor amiga comigo o tempo todo.

E desfrutei de todos os momentos suados, cansativos, frustrantes e dolorosos.

Especialmente naquele instante, enquanto olhava pela janela da van que havia buscado Lauren, para que eu e seis outras duplas, com seus treinadores, fôssemos para a instalação onde competiríamos no dia seguinte. Um alívio, que eu nem sabia que existia em mim, preencheu meus pulmões, libertando-os, enquanto eu observava o edifício gigante com faixas ao redor.

SKATE NORTH AMERICA, 23 A 26 DE NOVEMBRO. Uma delas tinha uma imagem de Lauren ― só ela ― logo após dar um salto no ano anterior.

Nós estávamos ali e era real.

Estávamos prontas.

Lauren esteve mais quieta do que o normal nos últimos dias, enquanto fizemos as correções de última hora possíveis no CJ. Pegamos um voo para Lake Placid dois dias antes, para o caso de o clima do inverno piorar, mas não aconteceu. O Skate North America oferecia apenas um dia de treino oficial; portanto, nos últimos dois, tínhamos aproveitado a gigantesca sala de conferências que a WSU ― World Skating Union ― reservara para todos que tinham os mesmos planos que nós.

E, quando não estávamos na sala de conferências, Lauren, a treinadora Brooke, eu e a equipe Simmons, marido e mulher ― nossos coreógrafos ―, fizemos um passeio de táxi pelo centro da cidade, visitamos o museu olímpico, almoçamos fora e depois voltamos para nossos quartos. Pelo menos até Lauren aparecer no meu para ver como era a minha vista e acabamos pedindo comida enquanto assistíamos a um programa sobre gatos infernais, e ela me contou sobre os três gatos que ela tivera até um ano atrás, quando o último faleceu de velhice.

Não precisava dizer a Lauren que essa viagem era diferente de todas as outras que já tinha feito antes, tanto sozinha quanto com Paul. Jurei que ela sabia. Eu estava empolgada ― e nervosa pela primeira vez ―, mas a empolgação dominava todo o resto.

E nós estávamos ali. Um passo mais perto. Um último treino de trinta minutos nos separava do começo do fim da dupla, no qual eu estava tentando tanto não me concentrar.

Tínhamos acabado de sair da van quando Lauren pegou minha mão do nada.

Olhei para ela, sem franzir a testa, mas me perguntando o que diabos estava fazendo. Não que eu me importasse. Eu pegava sua mão por razões aleatórias de vez em quando. Mas ainda não sabia por que ela estava fazendo aquilo. E isso me deixou um pouco mais nervosa.

- O que foi? - perguntei, ao perceber sua expressão quando ela virou seu corpo para encarar o meu.

Puxando minha mão, ela me levou para o lado para deixar as outras equipes da van passarem. Estávamos todos no grupo B nos horários de treino. A respiração de Lauren soltou uma névoa branca no ar frio de Michigan, e eu tremi, tentando descobrir que porra estava acontecendo e por que tinha que acontecer lá fora. Aqueles brilhantes olhos verdes estavam focados no meu rosto quando a alfa que me levou a todas as sessões de fisioterapia depois de invadir meu quarto tantas semanas atrás disse:

- Preciso que você me prometa algo.

Isso era ruim, não era?

- Depende do que é - respondi, preocupada, tentando torturar meu cérebro em busca de qualquer coisa que fosse tão grave que ela quisesse uma promessa minha primeiro.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora