Capítulo onze

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Eu deveria saber que algo estava acontecendo quando cheguei em casa naquela noite e encontrei minha mãe na cozinha, um prato de comida em frente ao banquinho onde geralmente eu me sentava, esperando por mim. Ela não fazia isso há anos. Na verdade, não conseguia me lembrar se ela já havia feito nossos pratos... com exceção de Ruby. Geralmente era uma coisa livre para todos. Mamãe sempre dizia que não era nossa criada e que deveríamos agradecer por ela ter cozinhado.

Então, eu deveria saber que algo estava acontecendo. O problema era que eu estava exausta após a sessão de fotos que durou a manhã toda. Não sorria. Pareça natural. Faça isso. Pose novamente. Você pode segurar um pouco mais? Mantenha sua perna nessa posição estranha e antinatural por mais um minuto. Fique aí e congele sua bunda. Incline a cabeça dessa maneira ― não, para o outro lado ― e segure-a aí. Lauren, coloque suas mãos congelantes no corpo de Camila e deixe-as por dois minutos.

Porra, porra e porra duas vezes.

Ela não sorria quando me tocava, e eu precisava respirar fundo porque me magoava, mas eu sabia que ela queria.

Meus mamilos ainda estavam duros por causa do gelo, cobertos apenas com os mínimos pedaços de fita, e eu tinha certeza de que minha vagina nunca iria esquentar novamente. Meu clitóris provavelmente se transformara em uma uva passa. Eu nem sequer olhei para a meia que cobria o pau de Lauren depois da primeira vez, porque estava frio como o inferno. Eu não julgaria um alfa pela aparência do pau dele naquele frio.

Além disso, havia outras coisas para olhar.

Tudo ao norte do Equador e tudo ao sul do Equador. Músculos, músculos e músculos belamente esculpidos. Não foi exatamente difícil, mesmo que toda vez que suas mãos me tocavam eu quisesse dar um soco no estômago dela.

E, uma vez, acidentalmente, vislumbrei enormes bolas penduradas entre as pernas, que, por um segundo, me fizeram pensar em que diabos ela fazia com elas quando estava em seus trajes de competição.

Mas não era da minha conta, então deixei essa questão de lado para mais tarde.

A parte importante foi que conseguimos. No final do dia, isso era tudo o que importava. Nós tínhamos conseguido e não nos matamos ou zombamos uma da outra. Demorou muito tempo. Felizmente, tirara uma folga, mesmo que minha conta bancária não permitisse esse tipo de perda. Especialmente quando íamos competir em tantos eventos.

As coisas não tinham sido embaraçosas durante o treino da tarde, mas eu mentiria se dissesse que não olhei para a parte superior do corpo de Lauren uma ou duas vezes e me lembrei de como ela era sem camisa. Tão rápido quanto comecei a pensar, forcei-me a parar.

Felizmente, ela não teve o mesmo problema; Lauren realmente não me disse nada diretamente durante o treino da tarde, mesmo depois de ter sido tão estranhamente legal naquela manhã.

- Oi, Zangada - minha mãe me cumprimentou no segundo em que me ouviu entrar na cozinha.

- Oi, mãe - eu disse, indo atrás dela para beijar sua bochecha. Eu já tinha guardado minhas coisas. - Como foi o trabalho?

Ela encolheu os ombros magros quando desligou a água da pia e pegou um pano de prato à esquerda.

- Bem. Coma antes que sua comida esfrie. Coloquei no micro-ondas quando vi a luz na entrada da garagem.

- Obrigada - falei, ainda não prestando atenção, mas me virando para me sentar. Eu devorei o frango assado, arroz jasmim, batata doce e salada, como se fosse explodir se não o fizesse. Almocei seis horas atrás entre as fotos e o intervalo de uma hora que fizemos entre o treino da tarde, e pareciam ter se passado mais de cem horas desde então.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora