Capítulo dezessete

641 58 29
                                    

Pequenina: Jantar no Margot às 19? com o papai.

Seb: Ok.

Jojo: Por mim, tudo bem. Eu e James estaremos lá.

Sofi: Parece bom.

Mãe: Ben irá comigo.

Pequenina: Ok, mãe.

Mãe: Eu sei que você está fazendo uma careta, Rubéola. Não faça.

Mãe: Eu sou casada. Ele sabe isso. Ele é casado. Eu sei isso.

Pequenina: Eu não disse nada!

Mãe: Mas eu sei que você não aprova.

Pequenina: -_-

Mãe: Eu vou me comportar bem.

Pequenina: Promete? Não vai implicar com ele?

Mãe: Eu prometo. Nem uma palavra.

Pequenina: Você prometeu.

Pequenina: Mila, você vai, né?

Suspirei e esfreguei minha têmpora com as costas da mão. Eu sabia que meu pai havia chegado alguns dias atrás. Eu não tinha esquecido.

Acabei por escolher não ir até a casa de Ruby, onde ele estava hospedado, para dizer oi.

Estava cansada depois dos treinos de dois dias, balé, pilates, exercícios, corridas e trabalho. Faltando apenas duas semanas para a primeira competição, era a hora da ação. Estávamos ficando sem tempo, e eu estava estressada pra caralho. Como estive nos últimos dois meses ou mais. Porque, desde o momento que melhorei e Lauren finalmente “me permitiu” ir para casa, começamos a aprender os passos da coreografia para o programa curto e o programa livre.

Decidimos não nos preocuparmos em focar no programa habitual de exibição que a maioria das duplas montava para eventos de gala que ocorriam após as principais competições. Lauren e eu decidimos que nós três ― incluindo a treinadora Brooke ― poderíamos montar algo.

Todas nós sorrimos quando ela decidiu a música.

E, apesar de ser cansativo aprender coreografia, para mim era mais difícil do que para Lauren. Não que eu tivesse dito isso a ela ou deixado transparecer. Porque eu tinha que fazer a mesma coisa que fazia desde o começo: praticar quinhentas vezes mais quando não estava com minha treinadora ou coreógrafo.

Se alguma delas achou estranho eu ter levado minha câmera e tripé para os treinos, não disse nada. A treinadora Brooke já tinha sua câmera configurada para gravar coisas que seus olhos não conseguiam captar.

Meus olhos precisavam da câmera para rastrear os movimentos e elementos à noite, no meu quarto ou na sala de estar. E, durante a semana, eu convidava minha mãe, Sofia ou Jojo para irem comigo ao CJ à noite ― das dez à meia-noite ― para me observarem e me corrigirem enquanto eu fazia os passos tantas vezes que meus músculos eram forçados a memorizá-los.

Por quase um mês, sobrevivi só com três horas de sono, seis dias por semana.

Foi um inferno. Foi uma merda. E me deixou de mau humor.

Mas não podia reclamar. Mesmo que isso significasse que eu teria que começar a me maquiar antes dos treinos para que minhas olheiras não fossem tão óbvias.

Mas sobrevivi de junho a julho.

E eu sobrevivi à intensidade de julho a agosto e depois a setembro, quando nossos movimentos foram separados, reconstruídos com repetição e muita paciência. Perfeição era difícil de alcançar. Mas nenhuma de nós esperava ou queria menos.

De Jauregui, Com AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora