6. a oferta

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Clube Cinderela. As letras em tom prata se destacam no cartão preto. Gabriela havia passado a manhã lidando com as memórias que haviam se revelado e se decidindo se
iria ou não ao encontro.

Agora ela está ali, a fachada do clube é como a de muitos outros estabelecimentos semelhantes: preta, com o nome do clube em prata e a imagem em néon azul de um sapato de salto simulando cristal. Na frente do clube, várias pessoas tentam entrar.

O segurança na frente da porta de metal, controla o fluxo dos que entram e sinceramente não parece ser do tipo que é facilmente convencido. Gabriela se aproxima da multidão e a atravessa, ouvindo resmungos e reclamações, mas ignorando todos eles.

O segurança, uma pilha de músculos, usando terno e óculos escuros, vai na direção dela e a encara, ele abaixa os óculos levemente, revelando os olhos amarelos e lupinos. Ela sorri exibindo os olhos laranjas e mostrando o cartão preto para ele.

- Eu estou sendo esperada.
- Pergunte por Fahrek. -dizendo isso ele puxa a correia e abre a porta para ela, gerando uma onda de reclamações.

Ela entra e as luzes ofuscantes a deixam desorientada por alguns segundos. Em um palco, três mulheres dançam, sensualizando para a plateia, composta em sua maioria por homens de terno e em algumas mesas grupos mistos ou só de mulheres.

Garçonetes, vestindo uniformes que as fazem parecer a cinderela em uma versão bem mais sexy que a tradicional, andam entre as mesas com bandejas nas mãos.

- Preciso achar o Fahrek.

Ao ouvi-la falar isso, uma das garçonetes indica para Gabriela uma mesa em um ponto mais escuro do clube. Ela se aproxima de lá e enxerga um homem negro vestido de calça social preta, blusa social vermelha e um chapéu Fedora da mesma cor com uma faixa preta.

Ele acende um charuto com uma mão e gesticula na direção dela com a outra. Em dúvida, Gabriela olha ao redor a procura de outra pessoa que ele possa estar chamando.

- Estou falando com você, senhorita Blackword! Chegue mais perto!

Ela avança entre as mesas e chega até ele. Seus olhos prateados a encaram, ele sorri e gesticula para que ela sente-se.

- Gabriela Cordeiro Blackword, a filha e única herdeira de Balthazar Blackword. Eu estava ansioso para conhecê-la.
- Estou em desvantagem aqui. Você parece saber exatamente quem eu sou, mas eu só descobri o seu nome há alguns minutos. Quem é você, senhor Fahrek? E o que quer comigo? Fui chamada aqui por…
- Sari X'Challa. Sim, eu sei. Afinal de contas fui eu quem a mandei até você. Bom, vamos começar pela pergunta mais fácil: "Quem sou eu?" Meu nome é Odan Ibn al Fahrek, eu sou muitas coisas, mas essencialmente sou um caça-talentos. -ele pisca os olhos puramente prateados e dá um trago no charuto.- Nós nos conhecemos quando você era mais nova, embora eu não espere que você se lembre.
- Quando foi isso?
- Você tinha 5 anos de idade, seu pai veio até mim e você estava com ele. Como eu disse ainda a pouco, sou muitas coisas. Entre elas, advogado e jurista. Há vinte anos atrás, seu pai veio até mim com um pedido: ele queria que eu elaborasse um contrato
nupcial.
- Que a minha mãe quebrou ao traí-lo com o meu tio.
- Exato. Após descobrir a traição, ele veio até mim para que eu mediasse o divórcio deles.
- Silêncio absoluto até os meus 18 anos, em troca de quê exatamente?
- Sua emancipação legal aos 12, o direito de te contar tudo em caso de circunstâncias atenuantes e o direito de ir morar com ele caso seja sua vontade.
- E minha mãe aceitou tudo isso só para ficar comigo e me manter no escuro? Quase parece que ela me ama. -ela ri irônica.
- Minha vida é incrivelmente longa, mas pouquíssimas vezes eu vi alguém tão maldosa quanto Tamires de Mello Cordeiro. Ela não fez isso por amor, fez isso para machucar o seu pai. Ela sabia que não poder ser completamente sincero com você ia
feri-lo, que não conviver com você diariamente ia machucá-lo, mas que apesar disso ele não separaria uma mãe de uma filha.
- Quero com certeza saber mais sobre como minha mãe não presta, mas algo me diz que não foi para falar disso que você me chamou aqui.
- Realmente. -ele apaga o charuto na mesa e se levanta.- Venha comigo.

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