Emanuelle se distrai, observando a transformação de Henrique e quase não percebe o disparo em sua direção.
Bárbara está de pé, os cabelos arrepiados, roupas fumegantes e segurando nas mãos um revólver de cano alongado com silenciador.
Ela sorri com o desafio e avança na direção da platinada. Emanuelle exibe as duas katanas e parte de encontro a batalha, as braçadeiras de metal negro da demônio soltam faíscas ao se chocarem contra as lâminas prateadas.
– Eu não tenho medo de você, ventanti. -ela fala com desprezo.- Sabe por quantas eternidades, matei e torturei a sua espécie no inferno?!
Emanuelle se desfaz em névoa, recompõe seu corpo atrás da adversária e usa as lâminas para fazer um corte em X em suas costas arrancando um grito dela. Após isso, ela gira as duas lâminas com velocidade e as guarda de volta nas bainhas.
– Pelo visto, não o suficiente.
Emanuelle ergue uma das mãos e um jato de vento, a arremessa contra a parede da caverna. Os olhos de Emanuelle ficam em um tom de azul mais escuro, enquanto ela sorri, gelo se forma, prendendo os pés e mãos de Bárbara contra a rocha.
Ela abaixa o braço sorrindo para a súcubo presa e estende a mão do outro braço em direção ao chão e o revólver de Bárbara voa para a mão dela.
– Relaxa, você vai ter todas as eternidades para treinar mais quando voltar pro inferno.
– Quando..? -ela olha para os dois lados da cintura.- Não faça isso.
– a profecia não dizia apenas como achar a pedra, ela também dizia outras coisas bem interessantes. "Uma andarilha que para o seu lar jamais deseja retornar. Seja em vida, seja em morte é aqui que ela deseja ficar." Você odeia o seu lar, odeia o inferno, odeia tanto, que ia preferir que eu te matasse do que voltar para lá.
– Eu vacilei, mas não…
– Vacilou? Você matou aqueles que lutaram ao seu lado sem nem piscar. Não só isso, você incinerou a alma deles! -Emanuelle mira o revólver na inimiga aprisionada.- Se você tivesse alma, isso iria consumir ela e te destruir completamente. Como você é só um demônio, ela vai te mandar direto de volta pra casa.Emanuelle dispara, no mesmo momento em que, usando toda sua força, Bárbara quebra suas prisões de gelo. O disparo acerta a pedra, fazendo com que a súcubo sorria, enquanto se levanta.
No mesmo instante, porém, outro som corta o ar. Bárbara arregala os olhos ao olhar para o próprio peito e antes que possa fazer qualquer som, ela se desfaz em chamas e sombras que são aspiradas rapidamente por uma brecha no teto.
Gabriela fica tão chocada ao ver aquela cena, que acaba se distraindo. Aproveitando a vantagem, Amaya acerta um golpe na costela, chuta na traseira da perna, Gabriela grita de dor e cai no chão. Amaya ergue Gabriela pela garganta sorrindo. Ela encara a jovem com desprezo e prazer, enquanto assiste ela se debater e a ouve engasgar.
- Parece que não é assim tão difícil cuidar de crianças. -ela mostra as presas.- Qual será o seu sabor?
As duas param de se encarar ao ouvir o som do engatilhar de uma arma. Emanuelle mira o revólver na direção de Amaya sem emoção alguma no olhar.
– Larga ela, sanguessuga.
– Isso é maneira de falar com uma associada, Emanuelle?
– O contrato. Por isso não me atacou.
– Exato. Se você disparar, perde sua vantagem e agora: o que você vai fazer?
– Eu ainda posso destruir você com uma bala dessas
– a dúvida é: será que a bala vai me atingir, antes que eu quebre o pescoço da sua irmã mais velha com um movimento do meu pulso?
– Você morre de qualquer jeito.
– Sua irmã também. Depois Odan captura a pedra, me traz de volta mais linda e poderosa do que já sou e tudo isso vai ter sido em vão. -ela sorri para provocar Emanuelle, que começa a ter dúvidas de como agir.
– Eu não contaria com isso, vampira.Nesse momento, Marisa sai das sombras acertando um chute no peito de Amaya. A vampira reage para se defender, ela solta Gabriela e se vira para a nova adversária.
– A herdeira de Caim que matou todos os outros. Belo rosto, querida.
– Devia agradecer a você por isso, Mademoiselle Al Fahrek. ‐na parte final a voz dela sai grossa e máscula.
– Ça ne peut pas être… -o choque é tanto que ela nem percebe que falou em francês.- Essa voz…
– Ainda não. -diz aquele que todos pensavam se chamar "Henrique".- Porque não se juntam a nós, clã Blackword?Ouvindo aquilo, as irmãs olham ao redor e se chocam ao ver uma cortina de escuridão se desfazer revelando Morgana, Lauren e Ramon.
– Se eu não estivesse vendo, com meus próprios olhos, eu não acreditaria.
– Sou um homem de palavra, soldado.
– Estou vendo. Minha família? Era assim que sabia que nos veríamos de novo? Você quer matar minha família?!Em reação a raiva de Ramon, tentáculos de sombra brotam da parede de maneira agressiva.
– Calma aí, velho amigo. Você está confundindo as coisas, são os Al Fahrek que estão tentando matar suas sobrinhas. Fiz até uma aliança temporária com elas.
– É verdade, tio.
– Antes de continuarmos… -ele arremessa o cajado no ar e atravessa o coração de Amaya prendendo ela na parede. Ao ver aquilo Odan se ergue furioso contra o mago que ergue a mão enquanto grita.- Marisa!Ela arremessa um objeto escuro que os outros mal conseguem identificar, ele o agarra no ar e crava no chão a sua frente. Odan, solta um grito de agonia e se choca no chão, envolto por uma aura negra que vai do objeto, um coração negro, até ele. O coração pulsa com luz púrpura, enquanto ele se debate imobilizado e em agonia.
– O cajado é de prata, não madeira. Sua mulher não morreu, ainda. Preciso dela viva para algo mais. -ele ri.- Anime-se, vocês serão parte de algo muito maior.
Ele se vira para a plateia e sorri.
– Você conhece ele de onde, Ramon?
– Do inferno, Morgana. -ele dá alguns passos ficando a frente das meninas e se colocando entre a família e o mago.- Esse é Judas Iscariote, o leal.

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Blackword
FantasíaFamília, segredos, poder, dinheiro, magia. Gabriela Blackword, sempre soube como era ser diferente. fosse a tensa relação entre os pais separados, fosse o fato de que o relacionamento dos Tios, sempre foi liberal demais, fosse a cor unica dos olhos...