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➥ QUANDO ISSO VAI ACABAR? Eu não aguento mais viver esse inferno, não aguento mais ver pessoas morrendo por minha causa

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QUANDO ISSO VAI ACABAR? Eu não aguento mais viver esse inferno, não aguento mais ver pessoas morrendo por minha causa. Eu só queria ter uma vida normal, mas conseguiram tirar tudo de mim, até mesmo minha liberdade. Penso que, talvez, se eu tivesse morrido hoje naquele prédio tudo isso teria fim e eu teria em fim minha paz eterna.

Fiquei tão em choque ontem que não tive reação até chegar no apartamento do Piquerez de madrugada, parece que ali eu tive consciência do que tinha acontecido naquela noite e uma vontade de desmoronar tomou conta de mim, mas eu segurei enquanto conversava com o Piquerez sobre tudo.

Acho que ele percebeu o meu estado, pois não prolongou a conversa. Ele foi o mais rápido e objetivo possível, e na hora de dormir, quando eu me dei conta de que estava sozinha no quarto após um banho, quando eu vi o estado que ficou meus joelhos e minhas mãos, quando eu revivi a morte da Ruby. Eu acho que tive um momento de sã consciência e me lembrei de tudo o que eu passei nos últimos meses, e foi nesse momento que eu não consegui ser forte o suficiente para segurar o que estava preso no meu peito, que era a tristeza e cansaço profundo.

— Mari? Está tudo bem? — Marília tinha vindo verificar como eu estava e se deparou comigo no meu pior momento.

— Se eu disser que sim, você vai acreditar em mim? — tento brincar mas meus olhos cheios de lágrimas e semblante tristonho denunciava minha real situação.

— Por que não me contou tudo o que vinha acontecendo com você? Eu podia te ajudar mais. — ela diz se sentando ao meu lado e seu olhar era de pena por me ver daquele jeito, odeio me sentir assim...vulnerável. Odeio ser digna de pena.

— Todos que tentam me ajudar morre, eu não podia fazer isso com você, você tem uma família tão linda. E eles precisam de você, eu não iria me perdoar se algo te acontecesse. Assim como eu me arrependo de ter envolvido eles dois nisso. —

Minha última fala foi mais um desabafo, pois eu realmente acredito que eles (Piquerez e Arrascaeta), estariam bem melhores hoje em dia se eu não tivesse aparecido em suas vidas. O sentimento de culpa por fazê-los viver no meu inferno me atormenta todos os dias e hoje me tortura e me castiga, me lembrando de que a culpa a minha, sempre foi minha.

— Eu não sei como você está se sentindo agora, mas quero que saiba de uma coisa. Nada disso é sua culpa, e posso garantir que eles fazem tudo isso por amar você, assim como você também os ama. — ela diz com a voz mansa e me abraça de lado.

Eu lhe ofereço um sorriso fraco, só que esse sorriso não dura muito tempo. Pois as lágrimas começam a correr sobre meu rosto, o aperto no meu peito fica mais forte do que nunca, vários pensamentos vem átona naquele momento e eu só queria me livrar daquele sentimento ruim que era rotineiro.

— Deixe sair aquilo que lhe incomoda, se permita sentir, chore o que tiver que chorar. E talvez amanhã, quando você acordar, talvez tudo seja mais leve de levar e talvez você consiga vencer mais alguns dias. E se for preciso futuramente, chore de novo, a vida é assim, feita de altos e baixos. Cabe a nós descobrir uma maneira menos dolorosa de vivê-la. —

𝐈𝐌𝐏𝐄𝐑𝐅𝐄𝐂𝐓𝐎𝐒 - Piquerez & Arrascaeta. Onde histórias criam vida. Descubra agora