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Eram pouco mais de seis da manhã e o Kia Soul vermelho de Verônica já estava estacionado frente a casa da delegada.

A impulsividade havia a levado até ali, mas o que a havia feito ficar ainda era desconhecido.

Quando Anita saiu de casa aquele dia surpreendeu-se com a mulher em pé, encostada no carro vermelho, com os braços cruzados e seus inseparáveis óculos escuros.

Que lhe recebeu com um sorriso.

Um suspiro inconsciente saiu dos lábios da loira.

- Verô... O que faz aqui? - Pergunta se aproximando.

A surpresa era tanta que o apelido saiu de seus lábios sem que percebesse.

- Bom dia, Anita! E estou bem também, obrigada.

- São seis e trinta da manhã.

- E eu vim retribuir aquelas caronas e te levar para o trabalho - Se aproxima pegando dos braços da delegada a bolsa transversal estilo esporte fino que Anita usava aquele dia.

As expressões confusas no rosto da loira deixavam explícitas a estranheza. A delegada não estava habituada a ser cuidada.

- Não precisava.

- Eu também queria tomar um café naquele Starbucks na esquina da sua rua - Dá de ombros como se não fosse nada. Dando a volta no carro e abrindo a porta do passageiro para Anita que adentrou o veículo sem delongas. Tentando reorganizar seus pensamentos, enquanto Verônica retornava para seu lugar no banco do motorista.

- Você está me dizendo que andou por quase quinze quilômetros por conta de um starbucks que você, com certeza, deve ter encontrado umas vinte lojas iguais no caminho pra cá?

- Uhum - Diz assim que entra no carro e crispa os lábios tentando manter a pose séria enquanto ajudava a loira com o cinto - Principalmente por isso.

- Hum... Avise da próxima vez - Decreta.

- Só vou deixar passar seu mau humor, pois estou muito bem humorada hoje.

- Transou?

Antes de ligar o carro para dar partida, Verônica se volta para Anita com o sangue fervendo, mas a loira tinha um sorriso nos lábios. O primeiro do dia que acabou desarmando Verônica ao mesmo tempo que a delegada continua.

- Parei, parei. Já vi que é gatilho pra você - Provoca novamente.

Verônica puxa uma longa e arrastada respiração.

- Você não vai me irritar hoje.

(...)

Verônica entrega um frappuccino meio amargo a Anita enquanto dava o primeiro gole em seu chocochips, fechando os olhos e soltando um som de pura satisfação.

A delegada não pode deixar de se sentir presa aquela visão de Verônica tão leve e despreocupada.

- Até que dá pro gasto - Comenta assim que prova o seu.

- O quê?

- Prefiro um kopenhagen.

- Nada tá bom pra você né? - Vero pergunta exasperada.

- Eu não disse que está ruim.

- Quando eu fizer algo e você aplaudir, o mundo acaba.

- Você não me parece o tipo de mulher que precisa de afirmação.

- Não preciso. Mais seria bom ser reconhecida de vez em quando.

- Obrigada pelo café e por me buscar hoje. Eu... As vezes, sou orgulhosa demais para pedir e aceitar ajuda. Satisfeita?

Senses - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora