Agir do coração

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Aceitar a proposta de Anita fora eletrizante e trouxe um fôlego de vida para Verônica que ela não sentia há algum tempo. Mas ninguém disse que seria fácil.

A morena estava sentada em sua mesa, emburrada após mais uma discussão com a delegada.

O motivo: descordavam de abordagens a serem seguidas no caso.

Anita como sempre, estava enxergando o caminho mais fácil, enquanto Verônica abria caminhos para outras teorias.

Esse caso havia ido parar nas mãos da DP após a morte de uma garota em circunstâncias misteriosas, mas bem acusatórias. Ela trabalhava em uma pousada onde à primeira vista, não havia nada suspeito. Até pesquisarem um pouquinho mais e verificarem que não haviam direitos trabalhistas ali, e os alvarás pareciam frios, pela experiência da Delegada com pessoas que agiam fora da lei.

Era um ponto de alerta, mas ainda não era o suficiente.

O ponto de desencontro entre seu pensamento e o de Verônica? Vero queria uma abordagem mais sutil, cuidadosa e planejada. Era o primeiro caso em que havia sido "designada" e não colocaria tudo a perder.

Já a delegada queria uma abordagem mais ativa. Queria dar uma prensa no homem e tinha certeza que ele confessaria ou lhes daria certeza que não era o culpado.

A mente da escrivã fervia enquanto analisava novamente a pilha de papeis.

Naquele dia Anita passara o restante do dia dentro de sua sala e Verônica não fez questão de se despedir antes de sair.

No dia seguinte seria seu sábado com as crianças e os filhos estariam com ela e nada poderia tirar a paz e felicidade que aquele fim de semana lhe reservava.

Exceto pela única pessoa que geralmente roubava toda sua paciência.

O interfone toca e Verônica que estava na cozinha. Ouve a filha atender, logo liberando a entrada de quem quer que fosse.

- Quem era? - Pergunta do batente da porta com o pote da massa do bolo que fazia em mãos.

- É do seu trabalho.

Um gelo corre por todo o corpo da escrivã, mas logo é substituído pela extrema vergonha quando Lila continua, enquanto abria a porta da sala, dando passagem para a loira.

- É a megera da Anita - Lila carregava um semblante nada amigável enquanto proferia aquelas palavras - Vou subir - Dá as costas as duas mulheres deixando uma Vero extremamente vermelha para trás e uma Anita com a sobrancelha erguida em descrença.

- Pelo visto falou muito bem de mim para os seus filhos - Diz fechando a porta atrás de si e se aproximando de Verônica que tinha um pano de prato em um dos ombros e farinha de trigo nos cabelos.

- Você pode me culpar? - Ela volta a bater a massa enquanto guiava Anita até o sofá.

- Cheguei em uma hora ruim?

- De jeito nenhum - Diz de modo afobado. Uma coisa era lidar com Anita na DP. Outra coisa era lidar com uma Anita sem maquiagem, com um conjunto de moletom, mesmo que esporte fino, seu perfume característico invadindo sua narinas e um olhar totalmente enigmático em sua direção que não deixava pistas para Vero do que esperar.

- E por que parece que você está perdendo feio pra essa massa aí?

- As crianças queriam o bolo que o Paulo costumava fazer - Revira os olhos.

- Me dá - Prende o cabelo em um coque frouxo e estica uma das mãos - Deixa que eu faço isso - Verônica a encarava atônita - Depois você me agradece por salvar sua reputação com os pestinhas.

Senses - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora