[3] - Siga o Plano

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O Sol estava se pondo quando o Hyundai Creta manobrou pela quadra espaçosa da rua residencial no centro de Palo Alto. As duas calçadas estavam quase vazias, não fossem os carros populares e o único caminhão pequeno que descarregava suprimentos na padaria familiar da esquina.

O carro, discreto demais para o dono, estacionou diante de uma das árvores corpulentas. As folhas continuavam caindo devagar, cobrindo a calçada com as evidências de final do outono. Dentro dele, Yan buscava alguma coisa na bolsa Nike jogada ao seu lado.

— O senhor vai precisar que eu suba também?

Luigi, ao volante, observou o patrão pelo retrovisor.

Yan pegou o boné escuro sem pressa, ajustando-o na cabeça depois de empurrar o cabelo para dentro da peça. Ele puxou o capuz do moletom em seguida para esconder mais do rosto, apesar da máscara preta que usava. Odiava se vestir assim, sempre foi adepto da boa costura e conforto, mas a necessidade de passar despercebido era maior. Yan fechou o zíper da bolsa e encarou o leal motorista de volta.

— Não. Caso seja necessário, pode circular, não fique parado aqui.

— Essa placa é segura. – Luigi sorriu um pouco.

— Me ligue apenas se for extremamente necessário. – orientou abrindo a porta, então a fechou de novo e encarou o homem mais velho. – Semana que vem é o seu aniversário de casamento, Luigi.

— Oh, o senhor lembra?! – riu um pouquinho, contente. – Sim, faremos cinco anos de casados.

— Tire o fim de semana de folga, farei uma transferência como um presente, afinal, sou o seu padrinho. – Yan sorriu um pouco de volta – Leve sua esposa para jantar e compre flores. Ou escolha um resort, tudo por minha conta.

— Obrigado. – assentiu. – Ainda acho que há um lado romântico no senhor, sabia – brincou.

Yan rolou os olhos e repreendeu o motorista com uma carranca.

— Não exagere, Luigi. Ainda não esqueci seu esquecimento de informações. – avisou — Eu vou demorar. – avisou antes de sair do carro e bater à porta com a mão livre.

Dentro do veículo, Luigi continuou rindo baixinho.

Yan olhou ao redor ao se aproximar da portaria do prédio mais alto daquela rua e só precisou abaixar um pouco da máscara, para o porteiro liberar sua entrada sem fazer perguntas. Sequer se atrevendo a encará-lo demais. Ele atravessou o saguão espaçoso e bem arrumado, puxando a bolsa no ombro direito ao entrar no elevador e observar seu reflexo no espelho que cobria completamente uma das paredes.

Nunca olhou para a câmera de segurança.

Ao chegar à cobertura, buscou pelas chaves no bolso da calça de moletom, rolando os olhos para o chaveiro adorável de um personagem de animação usando chapéu de palha e sorrindo. Ele não bateu antes de entrar e foi recebido pelo pequeno Poodle Toy que o encarava, balançando o rabo felpudo antes de latir e correr para farejar seus pés.

— Coisinha feia. – Yan se abaixou para afagar o pelo macio do cachorrinho. – Onde está o seu pai, hein? Ele ainda está dormindo? – olhou ao redor, notando a sala de estar um pouco desorganizada. – Otouto? – chamou. – Kei?

Já de pé, Yan se livrou da bolsa, colocando-o sobre um dos sofás. Ele mal teve tempo de se virar antes de Kei pular em suas costas, rindo feito um garotinho, esmagando-o num abraço cheio de saudades.

Aniki! – Kei choramingou, o rosto escondido na curva do pescoço de Yan – Yan, que saudade! – Yan assentiu, as mãos tatuadas seguraram os braços do mais novo com carinho.

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