[12] - Um Milhão de Nuances

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Kei teve seu primeiro beijo aos quinze anos.

Foi durante um dos acampamentos do colégio e aconteceu por causa do desafio bobo de um de seus colegas enquanto jogavam com a garrafa vazia de refrigerante. Ele beijou Amanda Pierce e levou duas semanas para conseguir encará-la de novo na sala de aula.

Liam foi beijado um pouco depois disso.

Entretanto, a experiência foi caótica e ainda o deixa muito furioso. Jeremy, o valentão mais velho que vivia para infernizá-lo nos corredores do colégio com suas piadas idiotas e homofóbicas, se declarou durante a feira de ciências e justificou todas as suas maldades com meia dúzia de palavras feias sobre o quanto queria "um boquete no banheiro".

Então, durante aquele beijo que trocavam, Liam e Kei decidiram – sem combinar – que todos os outros mereciam ser esquecidos para sempre.

Todos os outros se tornaram ruins e rasos diante do que aquele beijo representou, do quanto ele revirou dentro de suas mentes e corações. O breve selar dos lábios adocicados e a forma como seus corpos ficaram quietos para expressar o receio mútuo em fazer algo errado, demonstrando o cuidado. O carinho.

Depois, a respiração forte do maior e a coragem herdada pelo sangue do dragão em suas veias que o levou a avançar mais um pouco, o levou a provocar ao prender o lábio macio de Liam entre os seus para separá-los e ganhar espaço, ganhar o tremor que o corpo do outro entregou.

Liam, libertado do receio, correspondeu.

Mãos nervosas e um pouco frias tocaram o rosto de Kei.

Os dedos trêmulos acariciaram a pele quente, resvalando conforme o beijo os fazia afundar num oceano de sensações novas e bem-vindas. Foi Liam quem usou a língua primeiro e foi Kei quem arfou antes de fazer o mesmo. Aos pouquinhos, conforme tudo crescia e crescia ao redor e entre eles, as coisas ficaram mais claras e suas perguntas, apesar de nunca verbalizadas, ganharam respostas. Se gostavam muito, entretanto, eram imaturos demais para concluir que era paixão, e essa paixão escalava rapidamente para o amor.

O amor mais genuíno de suas jovens vidas.

Mãos grandes e ágeis tocaram a nuca de Liam.

Os dedos longos mergulharam no cabelo loiro e macio, exigindo, sem perceber, mais contato. Mais beijo. Mais sensações. Tudo o que ele podia ter. Foi Kei quem ousou mais ao deslizar uma das mãos até a cintura esguia do melhor amigo e foi Liam quem gemeu baixinho, dentro do beijo, por causa da força com que foi pego.

Eles se separaram.

Respirações altas, lábios inchados e rostos numa bagunça bonita de rubor e algo a mais.

— Nossa! – Kei sussurrou. O sorriso que nasceu na boca dele fez Liam suspirar.

— Você não gostou?! – se preocupou.

— Foi o melhor beijo da minha vida! – a mão grande ainda estava na cintura do outro. – Você gostou?

Liam assentiu. Ele abaixou o rosto e usou as mangas do moletom para esconder as mãos, então abaixou os braços e escondeu o meio de suas pernas. Foi inevitável, Kei olhou a ação e se deu conta de que precisava muito fazer o mesmo. O moletom evidenciou que aqueles beijos tiveram efeito demais.

"Para de frescura, porra! Você é jovem, tá cheio de tesão e quer aquela cereja na sua boca, Kei. Uma punhetinha não vai te matar, não!"

Péssimo momento para se lembrar dos conselhos ruins do irmão mais velho.

— Desculpa?

A voz de Liam, baixinha e manhosa, o puxou de volta para o momento.

— Como assim?

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