[7] - Acordo Perigoso

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Skylar, pela terceira vez, respirou fundo.

Ele se atreveu a olhar para os dois lados do corredor, não para encarar os seguranças que continuavam parados como robôs completamente alheios a sua presença e sim para verificar, mais uma vez, se alguém importante estava por perto. Ainda que a classificação importante soasse muito vaga para a situação.

No elevador, ainda que fingisse não fazê-lo, ele imaginou centenas de hipóteses e finais caóticos para a aventura perigosa que protagoniza desde a fatídica noite naquela boate. E, enquanto os andares subiam lentamente no painel digital e o calor familiar crescia feito um monstro faminto em seu interior, Sky não cogitou desistir.

E aí está o verdadeiro perigo.

Como um premiado ator, até tentou encarnar um personagem ingênuo e inconsciente de todo o contexto da situação, fingir que não sabia, fingir que desconhecia completamente a identidade do outro cara – afinal, ele não sabia de muita coisa mesmo, então o roteiro poderia ser perfeito.

"Em que mundo você vive? É melhor listar o que esse cara não fez"

A voz insuportável de Bryan invadiu sua mente fingida e empurrou para fora dela o personagem quase pronto, quase uma obra prima. Um maldito barquinho de sensatez lutando bravamente contra a tempestade do tesão. Trágico. Por Deus, Skylar só queria sentir mais um pouquinho do prazer daquela noite, só gozar vezes seguidas até perder a capacidade de pensar, de ser minimamente coerente e, quem sabe, mancar por dois dias.

Por que precisava ser tão complicado?

Foder com um mafioso o torna cúmplice?

Ele criou um memorando silencioso sobre essa dúvida.

— Estão subindo.

Um dos seguranças atraiu sua atenção. Sky fez uma careta confusa e quase ultrajada, então, o cara apontou para o elevador e ele se virou para confirmar que estavam mesmo subindo. O painel digital anunciava o flagra.

— Puta merda. – ele murmurou, os dedos bonitos puxaram o cartão magnético de vez e a pressa o fez errar a fechadura digital duas vezes antes de ouvir o click da porta. Entrou depressa e segundos antes do elevador chegar ali. Ele pressionou as costas contra a madeira e piscou com força, confuso com a meia luz do quarto. Excitado pelo perigo. – Yan?

Olhou ao redor, mas estava escuro demais para seus olhos ansiosos. Os dedos longos procuraram algum interruptor na parede, mas antes de encontrá-lo, sentiu o cheiro alheio.

Aquilo era insano.

O fazia sentir como um animal.

Um corpo maior o prendeu contra a porta, a mão grande cobriu sua boca para abafar o grito que essa abordagem causou. Skylar encarou os olhos de Yan e deixou o cartão cair no chão, sobre o carpete caro.

— Você demorou. – Yan acusou. A mão livre estava se movendo entre eles, então Skylar esticou as suas para tocar e confirmar. – Tive de começar sozinho.

Ele tocou primeiro os quadris estreitos, sentiu a fina camada de suor e sorriu dentro da mão alheia ao senti-lo estremecer. Olhou para baixo, Yan estava nu. Completamente nu. E sua mão grande envolvia o pau teso, subindo e descendo, esmagando o topo vermelho entre os dedos tatuados.

— Já está tão vidrado assim, grandão? – a voz saiu abafada. Yan libertou sua boca, mas evolveu-lhe a garganta com os dedos trêmulos, pressionou para deleite de Skylar, que assentiu depressa. Ansioso. – Guarda um pouco disso pra mim. Me chamou aqui e vai brincar sozinho? – seus dedos cobriram os dedos alheios, ele sentiu a textura áspera da pele, até mesmo o anel grande que carregava o dragão assassino. – Me deixa te ajudar com isso, não que você mereça a minha boa vontade.

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