[5] - Caçadores

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Matteo tragou o cigarro demoradamente e descruzou as pernas para puxar o celular do bolso. Ele abaixou um pouco os óculos de sol enquanto os dedos longos confirmavam as últimas transações bancárias. O dia ainda estava amanhecendo e o clima se apresentava completamente oposto a Los Angeles ou Miami, fazendo jus ao final de outono em Albany. Ainda havia alguns quilômetros até o destino final, mas Matteo não se interessou pela paisagem arborizada sob a fina chuva gelada.

No entanto, o olhar de esmeralda no retrovisor chamou sua atenção.

— Você deveria dirigir olhando para frente, Ana. – cantarolou, sorrindo um pouco.

— O senhor parece pálido. – a mulher, ao volante, observou. – Tem algumas barras de proteínas aqui-

— Você fumou maconha aqui dentro? – Matteo fez careta e fungou. Ana encolheu os ombros e assentiu um pouquinho. – Tem algum bolado aí?

— Sempre! – a motorista afastou uma das mãos delicadas do volante e abriu o porta-luvas. – Aqui. – entregou a ele dois baseados perfeitos. – Voltando, coma um pouco, chefe. Está pálido.

— Vou jantar com a Ash. – ele guardou os cigarros na pequena carteira dourada onde havia outros depois de pegar um deles. – Yan me disse que te convidou para a festa da próxima semana.

— Ah. – assentiu. – Pois é, ele convidou, mas eu não vou.

Matteo franziu as sobrancelhas depois de guardar a carteira no bolso.

— Por que?

— Empregados e patrões não devem sentar na mesma mesa. A minha mãe sempre me dizia isso.

— Uma mulher muito esperta a sua mãe. – assentiu. – Mas você deveria ir. Vai ser divertido e o Sebastian quer entregar as premiações de fim de ano. Eu quero que você vá, Ana.

Ela sorriu de novo, encarando-o rapidamente pelo retrovisor.

— Quer que eu fique a disposição caso precise de mim, senhor?

Matteo levou um cigarro à boca e sorriu um pouquinho antes de tragar. Ele observou a motorista pelo retrovisor e assentiu, lambendo o lábio inferior em seguida.

— Podemos dizer que sim.

Ana assentiu.

Não disse mais nada por todo o resto do caminho chuvoso até a mansão escondida na área mais afastada da região. Ana observou suas mãos pálidas e tatuadas manuseando o celular e o cigarro, à boca pequena tragando-o sem pressa, presenteando o filtro com o toque macio dos lábios cheios e perfeitamente desenhados.

Matteo era tão bonito que a deixava nervosa. Desde a primeira vez que o viu, quando seu pai ainda era vivo, passou a servir os Salvatore ao chegarem aos Estados Unidos. Matteo era um adolescente problemático e traumatizado, ela era só a filha mais velha do motorista.

Ao estacionar em frente a uma bela casa de campo cercada por seguranças, ela desligou o motor do carro e retirou as luvas de couro sem olhar para trás, evitando mais contato visual com o homem atraente.

— O senhor que eu espere aqui mesmo?

— Não. – Matteo tirou a carteira de couro do bolso e, de dentro dela, algumas notas altas. Os dólares eram novos. – Quero que você vá até uma dessas lojas frescas da cidade em que passados antes e compre algo para usar na festa, algo que goste. Caso falte dinheiro, diga que mando alguém pagar depois.

Ana encarou o dinheiro e depois o rosto de Matteo,

— O que?!

— Compre algo sexy. – sacudiu o dinheiro – Vou embora antes da meia noite, esteja pronta.

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