cidade lunar 🌙 - tavin mc.

vestígios do passado.

lua castro's point of view.

Desde que eu me entendo por gente, vivo no Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa. Sempre amei crescer entre as praias, o calor... Sempre amei viver no grande centro, na cidade onde o verão nunca morre. Porém, para minha infelicidade, meu pai recebeu uma promoção em SP, então estamos nos mudando pra Terra da garoa.

Eu não me dou muito bem com meu pai, pelo menos não depois da briga horrorosa que ele teve com meu irmão. O Brenno é o filho mais velho, inclusive é o único biológico do meu pai, já que eu e minha irmã, a Catarina, somos apenas de consideração. Acontece que minha mãe e meu pai se conheceram adolescentes, quando tiveram o Brenno, mas depois disso se separaram e foram viver a vida longe um do outro. Infelizmente o meu genitor foi um tremendo babaca e fez muito mal a mim e minha mãe, que descobriu estar grávida logo depois de se separar do mesmo. O Carlos acolheu a gente quando eu tinha cerca de três anos, então pra mim ele é e sempre vai ser o meu pai.

O Brenno tem vinte e um anos e mora sozinho em São Paulo desde os dezoito. O único ponto positivo disso tudo vai ser poder voltar a vê-lo com frequência, sempre fui grudada demais com ele. A Catarina também é, mas ela tinha doze anos quando ele se mudou e eles tem uma diferença muito maior de idade.

Acordei dos meus pensamentos com o barulho de mensagem no meu celular. É o Brenno.

•••

conversa privada com "brenninho💜"

Oioi
Vocês ainda estão no aeroporto?

oie, brenno
a gente tá indo pro apartamento já
tamo no carro

Tô com saudades de vocês
Vou buscar vocês pra dar uma volta comigo hoje
Posso?

também estamos
passa lá daqui a uma hora
tem o endereço?

Tenho sim
Amo você Lua❤️

amo você, brenno💜

•••

— Tá rindo pro celular, filha? Quem é? — escutei a voz do meu pai.

— Deixa a menina, Carlos. — minha mãe o repreendeu de brincadeira.

— É só o Brenno. Ele disse que vai buscar a gente pra dar uma volta, eu e a Catarina.

— Eu também? Ele só fala com você, achei que nem tava com saudade. — que garota ciumenta.

— Não acho bom vocês irem. — Carlos comentou breve.

— Ele é o irmão mais velho delas, não se veem têm três anos... — minha mãe sempre tenta amenizar a situação.

— Por favor, Pai. — pedi quase como súplica, mas não obtive resposta.

O resto do caminho foi em silêncio profundo. Eu realmente não entendo essa briga ridícula do meu pai, não faz o menor sentido. Tudo isso começou quando o Brenno "virou" o Brennuz e começou a colar nas batalhas de rima lá no Rio. Meu pai detestou a ideia. E o Brenno que sempre foi estudioso e dedicado, terminou a escola e não fez faculdade, completou dezoito anos e logo foi morar em São Paulo com uns amigos que fez nas batalhas. O Jotapê, o Barreto e o Guri.

De qualquer forma, não vejo motivo pra essa briga toda e sei que ele sente falta do nosso pai.

Chegando no apartamento, finalmente dei de cara com minhas coisas todas encaixotadas. Eu tava a três dias apenas com as coisas que coloquei na mala, tava ficando desesperada já. O apartamento é bem melhor e maior do que o que temos no Rio, mas mesmo assim vou sentir saudade das praias.