Recebi a ligação do Tavin avisando que já saiu de casa, então fui no quarto do Brennuz antes de ir pra portaria esperar o Otávio.
Bati na porta umas três vezes antes de entrar, já que a Maria tá com ele — melhor prevenir né.
— Eu vou sair já. Não devo voltar muito tarde, mas qualquer coisa eu aviso. — fiquei da porta mesmo, pretendia ser muito breve.
— Vou pegar uma água. — Maria saiu do cômodo, nos deixando à sós.
— Eu queria falar uma coisa com você. — franzi o cenho, esperando que ele terminasse. — Eu conversei com o Schuler e o Zuluzão sobre o aniversário da aldeia. Eles querem que eu escolha o terceiro mc. — sorri pra ele.
— Que legal isso, Irmão.
— Tô te falando isso porque eu sei que você vai fazer a escolha certa. — que? — Você entendeu vai, Lua. Você sabe quem que deve ser o terceiro.
O Otávio.
— Ele não vai querer, Brenno. Faz um tempão que ele tá parado.
— E daí? Tenho certeza que se você pedir ele faz.
Olhei pra ele meio desconfiada, mas acabei concordando. Não custa nada tentar também. Abracei o Brenno antes de sair do apartamento, em direção a portaria.
O carro preto já estava parado em frente prédio quando sai pelo portão e, como sempre, Otávio estava escorado no mesmo. É engraçado que o Tavin tá noventa por cento das vezes com uma roupa parecida, já que o guarda-roupa dele é composto por roupas pretas e brancas apenas. E mesmo assim ele consegue ficar um gato.
— Uau, que linda! — ele me puxou pela cintura. — Como você tá?
— Tô bem, Gatinho. — sorri antes de depositar um selar em seus lábios.
— Vamo? Eu pedi comida pra gente.
— Hum, que bom. Tô com fome.
Ele abriu a porta do carro pra mim antes de entrar do lado do motorista. Por mais que eu tenha adorado a ideia do Otávio rimar na BDA 7 anos, eu fiquei nervosa por ter que pedir. Acho que ele não vai querer retomar a carreira assim do nada, depois de dois anos parado.
Conversamos sobre várias coisas aleatórias no caminho, inclusive sobre o fato dele não gostar de açaí — tipo, quem não gosta de açaí é doido. A casa dele é relativamente perto, então não levamos muito tempo.
Assim que entrei vi o jantar organizado na mesinha de centro, bem fofinho. Não tinha nada de comida ainda, mas a organização tava linda.
— Bom, eu lembro que você disse que ama comida japonesa, então quis comprar pra gente. E eu percebi que você não gosta muito de vinho, então comprei refrigerante e suco. — sorri pra ele. Otávio foi muito cuidadoso e romântico.
— Obrigada! Eu amei. — beijei ele rapidamente. — Cadê a comida?
Ele riu, mas me levou até a cozinha buscar as coisas.
• quebra de tempo. •
otávio bortoli's point of view.
Conversamos durante todo o jantar, foi muito divertido. Fomos pra cozinha lavar a louça, já que a bonita insistiu em me ajudar. A gente falou de todos os assuntos possíveis, mas acabamos falando sobre batalhas de rima. Obviamente.
— É uma pena o que rolou com o Brennuz. — ela suspirou e concordou com a cabeça. — Falei merda?
— Não. — sorriu doce. — É que ele tava falando comigo mais cedo, que precisa de alguém pra completar o trio agora que ele saiu. Ele me disse que eu quem devia escolher. — arqueei as sobrancelhas.
— Que legal, Princesa. Tá pensando em quem? — perguntei guardando o último prato.
— Então... — a morena sorriu e passou os braços pelo meu pescoço. — Eu e o Brennuz concordamos que deveria ser você.
— Eu? — devo ter ficado pálido, porque senti até uma tontura. — Tá pedindo demais, Lua. — neguei com a cabeça.
— Ah, para. Vai dizer que você não tem vontade de voltar?
— Sim, eu tenho, mas não assim, né? No lugar do seu irmão, que é foda pra caralho, e em um evento grande assim. Se eu rimar mal minha carreira acaba pra sempre! — me encostei no balcão, trazendo ela junto comigo.
— Você nasceu pra rimar, Otávio! Se eu e o Brennuz concordamos que você é a pessoa certa pra isso, é verdade.
Fiquei pensativo em relação à isso. Ia ser perfeito voltar a rimar em um grande evento assim, ainda mais na aldeia, mas eu não sei se tô pronto ainda. Quando parei de batalhar tava em uma fase horrorosa. Imagina se eu travo lá no octógono? Na frente de todo mundo.
Não respondi ela de imediato, mudei de assunto, perguntei sobre outras opções. Ela não pareceu ficar brava comigo por isso, mas sei lá.
Chamei ela pra dormir aqui comigo, já que tá meio tarde e agora não tem mais perigo dela me ver passando mal. Inclusive, nem tenho tido crises.
— Tu quer um short de moletom ou prefere calça? — perguntei enquanto tentava achar algo que não vá engolir ela no meu guarda-roupa.
— Suas blusas são tão grandes que nem precisa de short, pode ser só um blusão mesmo. — falou sentada na minha cama.
— Tá. Toma essa aqui. — entreguei uma blusa preta pra ela.
Enquanto ela foi no banheiro trocar de roupa, arrumei a cama pra gente dormir. Acendi a luz do abajur e aproveitei pra me trocar também. Fiquei sem camisa e vesti um short de moletom cinza.
— Ficou perfeita a camisa. — tava gigantesca nela mesmo, mas ela ficou linda.
— Fica melhor em você do que em mim. — ela riu revirando os olhos e deitou do meu lado. — É sério!
— Eu sei que é. — me deu um selinho.
Logo iniciamos um beijo mais profundo. Segurei a cintura dela com o braço e o outro eu usei pra me apoiar sobre o corpo dela, sem que a machucasse. Desci os beijos pro seu pescoço e segurei a perna dela dobrada.
— Chega, né? — ela comentou me puxando de volta pra cima. Sorri e deixei um selinho na boca dela.
Deitei e puxei ela pro meu peito. Ficamos abraçados mexendo no celular por um tempo, mas quando o sono bateu desliguei o abajur e me ajeitei pra dormir.
— Otávio? — abri os olhos.
— Oi, Linda.
— Pode deixar a luz do abajur acesa?
— Medo do escuro? — senti um soquinho leve no meu braço. — Ai! Tudo bem, eu acendo. — acendi a luz, como combinado.
— Obrigada.
Ela guardou o celular também e abraçou mais o meu corpo. Não sei, mesmo preocupado em errar na batalha, seria bom voltar. E seria bom fazer isso por ela.
Passei a mão nos longos cabelos lisos dela e a abracei forte, como se a segurasse. Talvez eu erre e talvez eu me arrependa, mas ainda quero tentar.
— Eu aceito, Lua. — senti ela mover sua cabeça pra cima, em direção ao meu rosto.
— Aceita? — murmurei um "aham". — Eu tenho certeza que vai ser incrível!
— Tomara mesmo. Boa noite, Princesa.
— Boa noite, Tavin.
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cidade lunar 🌙 - tavin mc.
Fiksi Penggemar"Ela mora na lua E as vezes vem me visitar Pra me lembrar do azul do infinito Diz que eu não to sozinho e Que eu só preciso rimar..."