podmestre.

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otávio bortoli's point of view.

O Podmestre convidou eu e o Apollo pra uma conversa, gravar uns conteúdos também. A gente tem uma viagem marcada pro Rio, inclusive é uma viagem que vai geral, mas deu tempo de vir aqui no estúdio antes.

Fizemos vários videos durante o dia, antes de dar o horário de entrar ao vivo. O dia num geral foi bem cansativo, mas me manteve bem distraído, o que é ótimo.

Eu não falei mais com a Lua, nem com o Brennuz, nem com qualquer outra pessoa próxima ela. A Maria até me ligou há alguns dias, me explicou um pouco do que tava acontecendo. Ela disse que a Lua tava melhorando e que os ataques na internet tinham parado. De primeira fiquei sem entender, mas ai ela me explicou que a Lua tava sofrendo um puta hate por causa de mim. E eu nem sabia.

Minha cabeça continua fudida, os meninos continuam achando que eu tô fumando demais e minha mãe disse que não volta pra Piracicaba até eu estar melhor. Eu já tentei falar que eu tô bem, mas não adiantou porra nenhuma.

— Mas eai, Tavin, fala dos seus sons também. — Bila me chamou, fazendo com que eu forçasse um sorriso.

— Tem um pronto, deve sair lá por novembro junto com o clipe. — peguei mais whisky pra mim e percebi a careta do Apollo.

— Rola uma prévia? — Bila sorriu.

— Claro. — peguei o som no meu celular e coloquei pra tocar a última parte.

— Essa música é deprimente, vocês não viram nem metade. — Apollo comentou me arrancando uma risada alta.

— É nada.

— Tá foda o som, Irmão. Mas aproveitando o gancho... Tem musa essa aí também? — se não fosse o efeito do álcool no meu sangue, talvez eu travasse.

— Ih, mano... — Apollo começou pra tentar fugir do assunto, mas eu o interrompi.

— Tem, a Lua. — só vi o japonês do meu lado arregalar o olho.

— Pô, cara, cês não tão mais juntos mesmo? — neguei com a cabeça.

— Ela sofreu muito hate por minha culpa, então isso acabou atrapalhando acho, talvez outras coisas também. — suspirei. — Mas, se você estiver assistindo isso, Lu... Me desculpa.

O Apollo me chutou debaixo da mesa, e depois disse no meu ouvido pra eu calar a boca, porque eu tô bêbado. Não me incomodo em dizer pra todo mundo o que aconteceu, mas talvez seja porque eu já bebi uns quatro copos de whisky.

O Podcast correu bem, não falamos mais da Lua e teve uma boa audiência. Já no carro, confesso que eu estava quase dormindo, o Apollo ameaçou falar dela, mas eu apenas ignorei.

A viagem pro Rio é amanhã, tô bem ansioso pra isso, não vejo a hora de ir pra praia e finalmente sair com o pessoal. A Lua não vai, mas o Brennuz sim, então vou ter notícias dela.

Apollo estacionou o carro em frente a minha casa, mas antes de sair me lembrou — pela milésima vez — da viagem.

— Eu não vou esquecer, Mano. Já disse. — respondi já saindo do carro.

— Sei. — vi o mais velho suspirar. — E vê se vai dormir e não fica chapando até tarde.

— Porra, mas cês tão igual pai, em. — revirei os olhos.

— Você que tá igual criança birrenta.

Entrei em casa, já tava tudo escuro. Fui no quarto da minha mãe ver se elas estavam bem e só depois fui pro meu.

Por mais que o dia tenha sido legal e eu esteja menos pior, as lembranças com a Lua seguem me atormentando. Eu consigo me lembrar bem de tudo, cada palavra, cada momento...

A hora de dormir é sempre a pior do dia. Nos últimos tempos eu tinha sempre a companhia dela, quando não pessoalmente, por ligação.

• flashback on •

A beleza da Lua me assusta toda hora. Ás vezes eu fico pensando como é possível ela ter me dado uma chance. Não é me vitimizando nem nada, mas ela é literalmente perfeita e eu sou só eu.

Nunca vou cansar de dizer o quanto sou apaixonado por ela desde a primeira vez que eu a vi.

Estamos deitados na cama, depois de um dos melhores momentos da minha vida, apreciando a companhia um do outro. É estranho como com ela me sinto pronto pra tudo. Ela me enche de amor.

Desde que meu pai foi embora, comecei a me sentir responsável pela minha mãe, mas principalmente pela minha irmã e com isso criei um laço forte com a mais nova. Me enche de felicidade ver as duas juntas, conversando, rindo e brincando. A Lua me enche de felicidade.

No chalé, quando ela perguntou sobre filhos e família, eu menti. Meu maior sonho sempre foi ser pai, até porque meu pai era incrível, mas ai um dia ele decidiu ir embora e eu jurei para todos que eu nunca seria pai, porque não faria o mesmo que ele. Só que quando eu vejo a Lua, isso muda dentro de mim, não sei explicar ao certo e acho que nunca vou saber. Eu sei que as pessoas nunca vão entender os sentimentos que ela desperta em mim, mas não me importo contanto que ela entenda.

A vontade de ter uma família com ela vai além dos filhos apenas, entende? É sobre comprar uma casa pra ela, ver a felicidade transbordar em seus olhos quando ela engravidar, viver cada momento junto com ela e entender tudo que deu errado até hoje só pra chegar nesses momentos. É amor de verdade, as pessoas querendo ou não.

Eu sou o único cara a ter ela deitada em sua cama, exposta de verdade — além da nudez — e se sentindo segura. E essa é uma sorte que nada no mundo paga.

— Você sabe que eu posso sentir seu olhar em mim mesmo com os olhos fechados, né? — a luz baixa me permitia ver apenas um leve sorriso.

— Sei. — beijei sua testa. — Obrigado por hoje, Lua! — me aconcheguei mais com seu abraço.

— Obrigada você, foi incrível. — o sussurro me causou um arrepio. — Te amo, Meu Otávio.

— Te amo, Minha Lua.

Fechei os olhos também, mesmo sendo quase impossível não olhar para ela.

• flashback off •

Meu celular tocando me trouxe de volta a realidade. São quatro da manhã, é meu despertador. O Apollo vai me buscar as seis e eu nem arrumei minha mala, mesmo sem dormir acho que é melhor eu começar a me arrumar.

Rio, ai vamos nós!

cidade lunar 🌙 - tavin mc.Onde histórias criam vida. Descubra agora