otávio bortoli's point of view.
Eu tava tentando não transparecer o nervosismo que eu estava apenas por estar ali com ela. A Lua é tipo uma paixão platônica da infância, tá ligado? Eu sempre dei uns papinhos nela e ela só ria, mas agora a parada é outra. Sei lá, quero dar uns beijos nela, quem sabe algo mais, mas tudo sem compromisso.
A realidade é que eu sou péssimo com comida, tentei cozinhar e deu errado. Então, pedi massa e vinho pra gente. Tá tudo na cozinha como se eu que tivesse feito. Boto fé que ela nem desconfia.
Coloquei música pela TV, já que a gente tem um gosto musical parecido é fácil.
— Quer vinho, Lua?
— Mais tarde. — sorriu. E que sorriso, em. Puta que pariu. — Mas me conta como tá a tua vida.
— Ah, tá boa, tá ligado? Tudo indo como o planejado, tô esperando o resultado da facul e é isso.
— Com o máximo respeito, nunca imaginei planejado e facul na mesma frase, vindo de você. — eu dei risada por causa da sinceridade dela. — É sério, o maior mc mirim da cena largou o movimento e vai fazer faculdade.
— Eu perdi o tempo certo das coisas talvez, não sei... — esse assunto me deixa desconfortável, mas é a Lua. Não tem o que fazer além de esperar ela esquecer isso.
— Eu acho que você perdeu a vergonha na cara, isso sim. Impossível você não sentir vontade de rimar. — e como eu sinto.
— Tô me dando bem com as músicas, melhor deixar assim.
— Isso não foi um "não", viu. — a garota disse meio sussurrado, perto do meu rosto z
— Não foi um "sim". — respondi olhando fixamente pra sua boca, o que fez ela se afastar um pouco. — Você gosta de falar de mim, né Lua? E você?
— Agora tô presa nessa cidade fria e sem praias. — dramática como sempre...
— Que drama, Lua. Tem coisas melhores que praias em São Paulo... — fui interrompido por ela.
— O Brenno.
— Ou eu. — o jeito que ela me olhou foi engraçado.
— Ou a comida! Tô com fome.
Essa é uma habilidade que a Lua tem: fugir das situações que ela quiser.
— Massa, Gatinha. Vamo lá na cozinha.
Peguei a mão dela e fomos até onde a comida estava. De imediato ela pareceu gostar da minha escolha, o que me deixou satisfeito. Acabamos decidindo comer na sala mesmo. A mesa de centro é baixa, então sentamos no chão mesmo.
— Sabe, Otávio... Você realmente achou que eu não ia perceber que você pediu comida ao invés de fazer? — perguntou rindo. Fudeu.
— Olha, em minha defesa, eu tentei cozinhar. Deu muito errado. — aí sim que a garota soltou uma gargalhada.
— Que pecado!
— Pô, Lua, para de rir. — eu tava fazendo um doce, mas também tava gargalhando por dentro. Acho que essa foi a ideia mais burra que eu tive. — Eu achei que cozinhar era fácil.
— Mas é. Da próxima vez, eu faço a comida. — hum, interessante.
— Então, vamos ter uma próxima vez? — ela rolou os olhos dramáticamente.
Nossa conversa se manteve leve e casual até umas dez horas da noite, quando ela pareceu começar a sentir sono. A ideia de chamá-la para dormir aqui é realmente tentadora, mas não vou arriscar ter uma daquelas crises na frente de alguém, ainda mais dela.
Decidimos encerrar a noite vendo um filme. Confesso que nem assimilei direito o que ela escolheu, também não estava prestando atenção. Fiquei observando a Lua por uns minutos...
A beleza dela é a mesma desde que a conheci, olha que isso faz algum tempo. A única coisa que mudou nesses anos foi seu cabelo, que ela não usava mais cacheado, mas tirando isso ela é a mesma. Sua pele é bem branquinha, o cabelo bem escuro e os olhos num tom de castanho meio mel. Ela tem sardinhas no rosto, algumas pintas nos braços e no colo, também tem os traços finos e desenhados.
Ela é perfeita.
— Que foi, Otávio? Fica me encarando.
— Você é linda, Lua. — pousei a mão na bochecha dela, que sorriu.
— Valeu. — sua voz saiu meio fraca e eu tomei como brecha para avançar. — Otávio, hoje não.
— Hum, isso não é um "não". — roubei a frase dela.
— É, realmente. — ela se afastou um pouco de mim.
— Quer ir pra casa? — ela me olhou um pouco surpresa, mas concordou.
— Na verdade, será que você pode me levar pra casa do Brenno?
— Posso sim, vamo. — dei a mão para que ela levantasse.
— Obrigada. — ela depositou um beijo no canto da minha boca e saiu rápido de perto. — Vamos?
— Você é terrível, Lua.
• quebra de tempo, depois de levar a lua. •
Depois que deixei a Lua na casa do Brennuz parece que minha cabeça ficou a mil, mas pela primeira vez isso foi algo bom. Coloquei uma base pra eu ouvir e ver se saia algo, só não esperava escrever a música quase toda de freestyle.
A música fala do sentimento estranho que estar com a Lua me traz. Tipo, eu facilmente casaria com ela amanhã, ou faria um CD só com a inspiração da voz dela. O nome é "Nó de ligação", é o que temos. Uma ligação estranha que eu não sei explicar.
Arrumei a sala rapidinho antes de ir para meu quarto. Deixei tudo o mais organizado possível, principalmente pra não ter que fazer nada amanhã. Meu quarto ficou intacto, já que não fomos lá, então apenas me deitei na cama pra descansar um pouco. Postei um stories com o fundo preto e uma prévia bem curta de "Nó de ligação", espero que viralize.
Mandei uma mensagem para Lua também.
•••
conversa direct com "@luacstr"
olha meu stories, lua👀
eu vi
ficou bem boa
depois quero ouvir todavem aq em casa amanhã
eu te mostroacho que não vai dar
mas eu te avisojae, linda
fica bem e me manda msg, vlw?pode deixar
beijo•••
O dia hoje foi um pouco cansativo, então já tô com sono. Deixei o celular de lado e fechei os olhos para tentar dormir. Pela primeira vez em algum tempo, eu me sinto em paz.
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cidade lunar 🌙 - tavin mc.
Fanfiction"Ela mora na lua E as vezes vem me visitar Pra me lembrar do azul do infinito Diz que eu não to sozinho e Que eu só preciso rimar..."