Arthur sentiu vontade de dançar.
Ele queria voar para bem longe, talvez pudesse virar um pássaro. Seria interessante virar um pássaro.
Ele sentia falta da luz.
Arthur sentou-se no sofá de seu apartamento, segurando um copo de vinho na mão...Aquilo era mesmo vinho?
Deu mais um gole e começou a rir, quantos copos já havia tomado? Cinco? Seis? Uma garrafa inteira?
Passou a mão pelos cabelos castanhos e os desgrenhou mais ainda, e tirou os óculos, deixando os olhos acinzentados, com uma pequena tonalidade verde à mostra.
Terminou seu copo e o deixou na mesa de centro, deitou-se no sofá e caiu no sono no mesmo momento.
(oi. sou uma quebra de linha)
Ele acordou com dor de cabeça.
O motivo de ser tirado de seu sono fora o toque de seu celular. Alto e Claro.
Ele se levantou e sentiu a coluna estalar, seu sofá era muito duro.
Caminhou até o celular, tateando poltronas e mesas. Ao encontrá-lo, atendeu.
-Sabe que horas são? - Disse a voz no telefone, que alguns segundos depois arthur reconheceu como a de seu pai - Doze e meia! Como pode acordar a essa hora? Em uma quarta feira!
-Pai? - Arthur perguntou, com a voz rouca.
-Quero ver você aqui em uma hora.
E a linha ficou muda.
Arthur deu de ombros e se dirigiu ao banheiro.
Tomou um banho rápido e vestiu o primeiro terno que encontrou. Pegou a bengala e começou a procurar pelos óculos.
Ao encontrá-los (ou pelo menos achava que tinha encontrado seus óculos), colocou-os desajeitadamente na face e desceu o elevador. Apenas para encontrar Will, seu melhor amigo e motorista particular na porta.
-Seu pai me disse para te levar para a escola. - disse ele.
-O mais rápido possivel. - respondeu Arthur.
-Seus óculos são cor de rosa assim mesmo? - Will riu - Que bom que você assumiu seu estilo interior.
Arthur deu uma risada forçada.
-Ah Claro. Espere, É sério?! - Ele levantou as sobrancelhas.
-Acho que pegou os óculos da sua mãe, meu amigo. - Will declarou - Vou pegar os óculos no seu apartamento e já volto. Fique bem aqui.
Arthur ouviu os passos de Will se afastarem.
-Para onde mais eu iria? - ele deu de ombros.
Will era um dos amigos mais antigos de Arthur. Ele o conhecia desde antes do acidente, e lembrava que ele era uma criança rechonchuda com cabelos loiros e bochechas rosadas. Trevor uma vez havia lhe dito que Will não havia mudado nada em aparência,e Arthur nada podia fazer a não ser acreditar.
Will era uma pessoa em que Arthur confiaria a vida.
Alguns minutos depois, ele ouviu a portar do elevador se abrir e a voz de Will logo em seguida.
-Cheguei!
Ele entregou os óculos na mão de Arthur, que rapidamente trocou o par.
-Vamos - disse Will - Antes que seu pai me mate.
- Nos mate.
(olha eu quebra de linha aqui de novo)
Arthur chegou na escola às uma e vinte e oito e, com a companhia de Will, ele se dirigiu ao escritório de seu pai.
Chegando lá, ele entrou sozinho no local, e percebeu que seu pai não estava sozinho, ele conversava com alguém.
-Não esqueça de imprimir uma segunda cópia de cada texto em braile. - disse Fred.
-Sim, senhor - disse uma voz feminina, Suzzane, Arthur reconheceu.
Ele ouviu os passos do salto alto dela se aproximarem.
-Boa Tarde, Senhor Harrinson - Ela o cumprimentou. Arthur assentiu brevemente e ouviu a porta se fechar atrás de si, deixando Arthur e seu pai sozinhos.
-Então... - Começou o jovem.
O pai se levantou e puxou o filho para a poltrona que Arthur chamava de A poltrona do chefão desde os 5 anos, que era o local onde seu pai se sentava.
-Sente-se - pediu Fred.
-Eu...Eu não... - Arthur falou, confuso.
O pai suspirou alto e empurrou o gilho na cadeira.
-Mas que diabos...?! - Arthur ficou ainda mais confuso.
-Olha essa boca - O pai disse. -A partir de hoje, é aí que você vai se sentar, todos os dias.
-Mas o senhor não planeja sair do trabalho agora, não é? - perguntou Arthur - O senhor sempre falou que nunca deixaria a escola.
-Não vou sair daqui, só estou falando que, desde que soube da doença...
Por favor, nem me lembre, Pensou Arthur.
-... Preciso treinar você na administração deste lugar o melhor que posso. E não acho que tenha direito de acordar tarde de novo, já farreou o suficiente no ano passado, sumindo sem nem nos contatar.
Arthur fez uma cara emburrada.
-Nem me venha com essa cara -Continuou Fred - É hora de você assumir as responsabilidades.
-Eu sei, o Senhor está certo. - Arthur concordou.
-Bom - o pai disse - Tudo Bem, sua primeira tarefa é selecionar os alunos do primeiro ano para as classes avançadas. Suzzane vai trazer as cópias para você ler. - o tom de voz de Fred indicava que ele sorria - Quando terminar, pode deixar os papeis completos em cima da mesa. A diretora Georgia virá busca-los mais tarde.
Arthur assentiu.
(vocês preferem que eu fique aqui falando que sou uma quebra de linha ou preferem que eu coloque § (isso) indicando uma quebra de linha?)
A mão de Arthur doía, Mas ele havia terminado.
Para selecionar os alunos para as classes avançadas, era preciso analisar o histórico escolar, a quantidade de trabalhos voluntarios, recomendações e diversos outros fatores. Arthur teve que analisar mais de cem fichas. Tendo selecionado , de todas as fichas, apenas vinte e oito alunos.
Ele traçou o ultimo (x) no quadrado em relevo no papel para a última aluna, Wylla Hostch.
Arthur relaxou a postura e respirou fundo. Ele organizou os papéis e tateou a mesa para ver se havia esquecido alguma coisa.
O resto é sua obrigação, diretor, ele pensou, satisfeito por ter finalizado.
Ele pegou o celular no bolso e ligou o comando de voz, pedindo para "ligar para Fred".
O telefone tocou três vezes até seu pai atender.
-Alô? - disse seu pai do outro lado da linha.
-Terminei. - falou Arthur.
-Ótimo! - Havia entusiasmo na voz de Fred - Deixou tudo pronto para Georgia pegar?
-Pronto senhor, capitão, Majestade - Arthur sorriu.
Ele ouviu a risada do pai.
-Bom trabalho, quer vir comer uma pizza comigo hoje? - perguntou Fred.
-Seria ótimo. - Arthur respondeu.
-Te encontro no escritório em cinco minutos.
E dessa vez, Arthur desligou o telefone.
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Ele não é tão Cego Assim
RomanceArthur Harrinson não nasceu cego. Ele havia visto as cores, a face de seu irmão, sua mãe e seu pai, era um menino saudável, ninguém nunca pensou que algum dia o menino fosse estar em um carro, logo na hora que um caminhão em alta velocidade perde o...