Ela lembrava bem da noite em que Arthur pedira sua mão. Foi no meio de agosto, pouco após o aniversário dele. Eles estavam em um morro com a vista maravilhosa do letreiro de Hollywood, era fim de tarde e o sol estava se pondo. O vento forte fazia os cabelos de Amy voarem. Para ela, era apenas um piquenique normal, com os melhores macarons e sanduiches que ela já tinha comido na vida. Ela não tinha notado o quão nervoso Arthur parecia até ele começar a falar. Mas tinha percebido o quão belo ele parecia naquele fim de tarde. Ele não estava usando os óculos escuros, então seus olhos verdes contrastavam com o a pele bronzeada, os últimos raios solares iluminavam seu sorriso, e os cabelos castanhos, anteriormente penteados, haviam ficado levemente bagunçados, por conta do vento.
Ela não estava usando nada demais, um simples vestido florido. Os cabelos loiros soltos, uma leve maquiagem que gostava de usar – hábito que pegara de Charlotte – destacava suas melhores partes. Os pés estavam descalços, e os olhos estavam presos ao letreiro, que desde pequena, enfrentando o inverno frio de Florence, sonhava morar perto. Era talvez a coisa mais bonita que já olhara.
-Lindo dia, não? – Foi assim que Arthur começou, depois de minutos aproveitando o silêncio.
Amy sorriu e riu levemente. Ele fez o mesmo.
-Perfeito. Nem tão quente, nem tão frio, comida boa, você. – Ela brincou.
-É agosto, Amy. Não é como se pudesse ficar frio em Los Angeles. – ele baixou os olhos, e ela percebeu que Arthur estava tenso, agindo quase que roboticamente.
-Algum problema, Arty? – Amy perguntou, segurando sua mão.
Ele se levantou em um sobressalto, se afastando dela. Estranhando, ela ficou em pé também.
-Eu... preciso falar algo para você. – ele respondeu, correndo as mãos pelos cabelos.
Amy sentiu o coração apertar, o que poderia ter feito Arthur tão tenso?
-Tudo bem... – ela disse, se aproximando. Arthur estendeu a mão, e Amy a segurou. Ele tremia. -Arthur? O que foi?
-Só... Espere eu terminar, certo?
Ela assentiu.
-Certo... – falou, desconfiada. O coração batia forte.
-Antes de te conhecer, eu nunca tinha pensado muito no futuro. Talvez virasse reitor de Jondwood, talvez decidisse me tornar um advogado, talvez fugisse para o Japão e ficasse por lá... Mas deixava tudo nas mãos do tempo. – Ele riu com nervosismo. Seus olhos estavam direcionados para ela, como se ele estivesse a vendo e a encarando. – Mas então você chegou. De início, não sabia o que pensar. Se me perguntassem quem era Amelia Fontenelle, eu provavelmente daria de ombros e diria: "Uma garota qualquer". O tempo passava, e um dia notei que todas as noites eu ansiava para que a manhã chegasse e nós pudéssemos tomar café juntos. No começo não sabia, pensava que apenas gostava da sua companhia, mas, na verdade, estava a cada dia me apaixonando por seu jeito, seu cheiro, seu senso de humor, sua risada, sua voz.... Tudo.
Amy sentiu os olhos marejarem.
-Arthur... – ela interrompeu.
-Espere. – Ele respondeu – Deixe-me terminar. Quando começamos a namorar, cinco anos atrás, esse sentimento crescia mais toda vez que lembrava de você. – Ele deu uma pausa – Passamos por tempos difíceis, sim. - A memória ainda doía – Mas quando eu mais precisava, você era a luz no fim do túnel. Quem estava sempre lá. Acho que essas palavras não são suficientes para expressar o quanto você é perfeita, e o quanto é especial e brilhante, e o quanto eu amo você.
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Ele não é tão Cego Assim
RomansaArthur Harrinson não nasceu cego. Ele havia visto as cores, a face de seu irmão, sua mãe e seu pai, era um menino saudável, ninguém nunca pensou que algum dia o menino fosse estar em um carro, logo na hora que um caminhão em alta velocidade perde o...