Ele apertou a mão dela, pequena e fria. O único barulho que ouvia eram os bipes lentos que indicavam as batidas de seu coração. Arthur sentia-se exausto, sua cabeça estava doendo, tanta coisa tinha acontecido em tão pouco tempo.
E Amy havia sido baleada por ele.
-Ela parece tão tranquila quando está dormindo... – Arthur escutou uma voz, uma voz que só ouvira uma vez, mas nunca esqueceria.
Era a garota que os libertara do cativeiro.
-Você. – ele se virou para ela.
-Olá, Arthur. Meu nome é Charlotte Stewart.
-Então foi mesmo você. – ela tocou seu ombro delicadamente.
-Sim, fui eu. – Charlotte respondeu – Eu sinto tanto pelo seu irmão, juro que quando soube, quis matar Raymond, mas não podia.
-Por que?
-Não sou uma assassina, Arthur. O que fiz com vocês dois... A vida da minha irmã dependia disso, mas eu juro que nunca fiz nada que pudesse matá-los, espero que possa me perdoar.
Arthur balançou a cabeça.
-Não se preocupe com isso. Se eu estivesse em seu lugar e a vida de Trevor estivesse em jogo, faria a mesma coisa – Lembrar-se do irmão fez toda a saudade que estava reprimindo há dias vir à tona. Ele sentia tanta falta dele...
Eles passaram por alguns segundos de silêncio, até que Charlotte voltou a falar:
-Raymond tinha muita inveja de vocês, sabia disso? Ele nunca admitiu com essas palavras, mas tudo o que ele falava era o quão privilegiados vocês eram. O quanto o avô de vocês era orgulhoso de vocês dois, e não dele.
Arthur assentiu, sempre soube que falar do avô na frente de Ray era algo que devia ser feito com cuidado, afinal, o primo sempre vivera com vovô Elliott, fora criado por ele. Era Ray quem cuidava do avô, quem o levava para os hospitais, o alimentava, o vestia...
Devia ser terrível fazer tudo por alguém e não ser reconhecido.
Charlotte suspirou.
-O que os médicos disseram sobre Amy?
-A doutora disse que a bala atravessou o quadril e passou de raspão na medula espinhal, não atingiu nada além disso.
-Ela teve sorte. – Arthur assentiu com as palavras dela – Mas, se atingiu a medula, não teria a chance de ela ter paralisia nas pernas?
-Dra. Lee disse que era possível – ele respirou fundo – Mas que provavelmente seria temporária.
-Pelo menos.... Pelo menos ela vai viver. Amy tem previsão para acordar?
-Alguns dias, não sei ao certo.
Eles ficaram ali por mais alguns minutos, em um silêncio nada desconfortável, apenas escutando os bipes da máquina.
§
Arthur acordou com um abrir brusco de portas e passos pesados. Percebendo, rapidamente, que tinha dormido na cadeira ao lado da cama de Amy.
-Mas o que...? – Perguntou para a pessoa que teria aberto a porta.
-Oh, céus. Amy! – era a voz de uma mulher – O que aconteceu com você, minha querida?
Arthur notou quando ela se apoiou na cama.
-Desculpe... – ele disse – Mas, quem é você?
-Meu nome é Nancy Fontenelle – disse após alguns segundos – sou tia da Amy. E você é?
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Ele não é tão Cego Assim
RomanceArthur Harrinson não nasceu cego. Ele havia visto as cores, a face de seu irmão, sua mãe e seu pai, era um menino saudável, ninguém nunca pensou que algum dia o menino fosse estar em um carro, logo na hora que um caminhão em alta velocidade perde o...