Capítulo 31

9.7K 876 163
                                    

Ele apertou a mão dela, pequena e fria. O único barulho que ouvia eram os bipes lentos que indicavam as batidas de seu coração. Arthur sentia-se exausto, sua cabeça estava doendo, tanta coisa tinha acontecido em tão pouco tempo.

E Amy havia sido baleada por ele.

-Ela parece tão tranquila quando está dormindo... – Arthur escutou uma voz, uma voz que só ouvira uma vez, mas nunca esqueceria.

Era a garota que os libertara do cativeiro.

-Você. – ele se virou para ela.

-Olá, Arthur. Meu nome é Charlotte Stewart.

-Então foi mesmo você. – ela tocou seu ombro delicadamente.

-Sim, fui eu. – Charlotte respondeu – Eu sinto tanto pelo seu irmão, juro que quando soube, quis matar Raymond, mas não podia.

-Por que?

-Não sou uma assassina, Arthur. O que fiz com vocês dois... A vida da minha irmã dependia disso, mas eu juro que nunca fiz nada que pudesse matá-los, espero que possa me perdoar.

Arthur balançou a cabeça.

-Não se preocupe com isso. Se eu estivesse em seu lugar e a vida de Trevor estivesse em jogo, faria a mesma coisa – Lembrar-se do irmão fez toda a saudade que estava reprimindo há dias vir à tona. Ele sentia tanta falta dele...

Eles passaram por alguns segundos de silêncio, até que Charlotte voltou a falar:

-Raymond tinha muita inveja de vocês, sabia disso? Ele nunca admitiu com essas palavras, mas tudo o que ele falava era o quão privilegiados vocês eram. O quanto o avô de vocês era orgulhoso de vocês dois, e não dele.

Arthur assentiu, sempre soube que falar do avô na frente de Ray era algo que devia ser feito com cuidado, afinal, o primo sempre vivera com vovô Elliott, fora criado por ele. Era Ray quem cuidava do avô, quem o levava para os hospitais, o alimentava, o vestia...

Devia ser terrível fazer tudo por alguém e não ser reconhecido.

Charlotte suspirou.

-O que os médicos disseram sobre Amy?

-A doutora disse que a bala atravessou o quadril e passou de raspão na medula espinhal, não atingiu nada além disso.

-Ela teve sorte. – Arthur assentiu com as palavras dela – Mas, se atingiu a medula, não teria a chance de ela ter paralisia nas pernas?

-Dra. Lee disse que era possível – ele respirou fundo – Mas que provavelmente seria temporária.

-Pelo menos.... Pelo menos ela vai viver. Amy tem previsão para acordar?

-Alguns dias, não sei ao certo.

Eles ficaram ali por mais alguns minutos, em um silêncio nada desconfortável, apenas escutando os bipes da máquina.

§

Arthur acordou com um abrir brusco de portas e passos pesados. Percebendo, rapidamente, que tinha dormido na cadeira ao lado da cama de Amy.

-Mas o que...? – Perguntou para a pessoa que teria aberto a porta.

-Oh, céus. Amy! – era a voz de uma mulher – O que aconteceu com você, minha querida?

Arthur notou quando ela se apoiou na cama.

-Desculpe... – ele disse – Mas, quem é você?

-Meu nome é Nancy Fontenelle – disse após alguns segundos – sou tia da Amy. E você é?

Ele não é tão Cego AssimOnde histórias criam vida. Descubra agora