CAPITULO 27
Arthur desligou o telefone, perturbado. Como não havia percebido antes?
A menina - Louisa - havia desvendado tudo antes de qualquer um, e, quando ela clareou os fatos, Arthur se sentiu burro, e irado.
Como ele poderia fazer aquilo? Como poderia ter coragem de matar o próprio parente?
Ele queria matar o filho da mãe, mas a menina dissera para manter segredo, no máximo contar para uma única pessoa de confiança, se não tudo o que ela lutara para descobrir ira por água abaixo.
Sentou-se na cadeira que existia ao lado do sofá, onde Amy estava adormecida, e tentou se acalmar.
Aquele...
-Filho da mãe - resmungou, baixinho. E sentiu os olhos arderem. Seu irmãozinho... Arthur não conseguia parar de pensar nele. Em como não pudera protegê-lo dessa pessoa que estava ao lado deles, em quem confiavam.
-Arthur, tudo bem? - aquela voz
-Sim. - respondeu brevemente. Filho da...
-Estou feliz que voltou a falar. - Cale a boca, cale a boca. Arthur podia ouvi-lo se aproximando - Está com fome? Nós fomos comprar comida.
-Estou bem, obrigado.
-Tem certeza? Está muito magro. - Ele sentiu a mão dele apertar seu ombro que não estava enfaixado.
-Eu disse que estou bem, Ray. - o nome dele saiu de sua boca como veneno. Como ele pôde?
-Tudo bem...
Ele então voltou a conversar com Will. Há um assassino conversando com meu melhor amigo. Há um assassino em minha casa.
Ele se levantou, e voltou para seu quarto.
E sentiu-se culpado logo após fechar a porta. Burro. BURRO!
Ele deixará duas pessoas extremamente importantes em sua vida em um cômodo com um assassino.
Ele socou a escrivaninha com força, depositando sua raiva no soco. Arthur arfou com a dor do atrito. E se lembrou de física, como toda ação tinha sua reação.
Ray matara Trevor. Essa fora sua ação.
E Arthur iria fazer questão de presenciar sua reação.
§
Ele não dormiu naquela noite, mas fingiu que sim. Sabia que estava com olheiras, e, naquele momento, agradeceu por precisar usar os óculos escuros.
-Bom dia, Arty. - ele ouviu Amy cumprimentá-lo quando atravessou o corredor. Art. Não tinha certeza se iria se acostumar com o apelido.
Então ele lembrou da conversa que tiveram na noite anteriou, de como ela disse que o amava. E Arthur sentiu o peso cair sobre seus ombros. Ele não havia dito que a amava de volta.
Se isso era verdade? Tinha quase certeza que sim. Quando pensava nela, seu coração dava um salto. Geralmente um sorriso aparecia sua face ao se lembrar de como era desastrada e fascinante ao mesmo tempo. Ainda havia tanta coisa que não sabia sobre ela. Até a noite anterior, ele nem sabia que a namorada havia perdido o pai, e a mãe. Ele então soube que a infância dela tinha sido difícil, mas também, pelas histórias que ela contava, também foi feliz.
E ele entendia isso.
Ela o entendia. E ele a entendia.
O que Arthur sentia por ela era algo que nunca sentira por ninguém, era uma sensação estranha para seu corpo, uma dorzinha que era boa ao mesmo tempo.
-Bom dia. - ele sorriu.
Ele tomou um café morno que Amy fizera - e Arthur entendeu por que ela não fazia o próprio café - e, após alguns minutos conversando, ele ouviu passos, e torceu para que fosse Will.
Não era.
-Bom dia - disse Ray - está bonita hoje, Amy.
Raiva. Foi isso o que Arthur sentiu. Ele lutou para manter sua expressão neutra. Não. Amy não.
-Não tem algum lugar para ir? - Arthur perguntou rispidamente.
-Na verdade, não. Queria que eu fosse a algum lugar? - Ray rebateu. E Arthur deu de ombros e se virou para onde Amy estava.
-Amy, quer dar uma volta? Acho que estou precisando de ar fresco.
-Ah, mas isso é óbvio. Vou pegar minha mochila.
Ele faria qualquer coisa para protegê-la daquele monstro.
§
Sozinho. Era assim que se sentia.
Correndo pelas calçadas limpas de Los Angeles, o sol escaldante queimando sua pele, a música alta em seus ouvidos. Havia centenas de pessoas ao seu redor, mas Will nunca se sentira tão sozinho.
Seus dias, desde aquele dia, tinham se tornado uma rotina quase doentia. Ele corria, assim que acordava, do apartamento de Arthur até aquele lugar que nunca pensou que fosse tão cedo.
Ele pararia, ofegante, a cem metros da entrada sombria, e mexeria no relógio dourado que Trevor dera para ele. Checaria as horas e continuaria apertando o objeto, nervoso. A passos rápidos, Will chegaria a entrada e atravessaria a grande quantidade de pedras ficadas ao solo, com nomes e frases e nada mais além de vidas perdidas. Ele se ajoelharia na terra recém colocada e começaria a conversar.
Desde pequeno, achava que pessoas que conversavam com os que se foram eram loucas por pensar que poderiam a ouvir. Mas olhou para si mesmo naquele momento e se arrependeu por chamar aquilo de loucura. Se arrependeu por criticar a perda das pessoas e a maneira pela qual ria de suas manias de conversar com alguém que claramente não estava lá.
Enquanto conversava, Will pensava- Não. Ele não pensava.
Ele sentia.
E aquilo era a única coisa que fazia durante esses dias. Sentia. Ele se dava como incapaz de pensar sobre qualquer coisa. Incapaz de pensar no presente, com o vazio que sentia. No passado, com as memórias de uma pessoa que nunca voltará. E principalmente, estava incapaz de pensar no futuro.
O futuro quebrado, o futuro perdido, o futuro sem ele.
Depois de uma hora, Will se levantava e voltava para a casa do melhor amigo.
§
Naquela noite, ele estava na varanda do apartamento. Observando as luzes da cidade se apagando, apreciando o vento quente da cidade.
-Bela vista, não? - Will olhou para trás. Era Arthur, que se aproximou e se juntou ao amigo.
O loiro olhou para ele, incrédulo. E o moreno deu um sorriso fraco.
-Eu sinto a falta dele - Will disse, e Arthur assentiu.
-Eu também.
Will sentiu os ombros ficarem tensoS. Ele sabia que Trevor havia contado sobre o relacionamento deles ao irmão, mas Arthur nunca tocara no assunto quando estava com Will, e ele também não o fizera. Afinal, Arthur era seu melhor amigo. E Trevor era o irmão mais novo dele.
-Eu sei quem fez isso. - Arthur falou, baixinho.
-O que? - Will o ouvira, Will o ouvira perfeitamente.
O amigo virou-se para ele.
-Eu sei quem fez isso.
ESPERO QUE TENHAM GOSTADO. NÃO ESQUEÇAM DE DEIXAR SEU COMENTÁRIO <3 Ps: Desculpem pela demora, tive que fazer a OBF sábado passado e não tive tempo de escrever durante a semana, pois estava estudando.
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Ele não é tão Cego Assim
RomanceArthur Harrinson não nasceu cego. Ele havia visto as cores, a face de seu irmão, sua mãe e seu pai, era um menino saudável, ninguém nunca pensou que algum dia o menino fosse estar em um carro, logo na hora que um caminhão em alta velocidade perde o...