Tinha sangue em seus sapatos, sangue que não era dela.
Havia uma mulher caída no chão, um furo em sua cabeça, sangue para todo lado.
Sangue.
Ela nunca gostara de vermelho.
Mas então ela percebeu.
Se havia tiro, havia arma, se havia arma, havia baleador, se havia baleador, havia assassino, se havia assassino...
Arthur, ela tinha que retornar para Arthur.
Ela saiu da cozinha em um sobressalto, segurando o vestido enquanto atravessava o grande salão principal, os sapatos deslizavam no chão.
Arrancou os saltos e voltou a correr, dessa vez mais rapidamente.
Quando chegou ao quarto, ofegante, uma esperança atingiu seu coração, está tudo bem, está tudo bem...
Mas então ela viu o chão, vidro quebrado e...
Sangue.
Amy caiu de joelhos
4 horas antes
-Amy, acalme-se! Não é como se você fosse conhecer o presidente! -Charlotte agarrou os ombros da amiga, que estava a ponto de hiperventilar.
-Eu sei! Mas para mim é tão importante quanto! Deus, nunca pensei que escolher uma roupa seria tão difícil!
-Não é difícil, você é que nunca fica feliz com nada.
-Eu preciso causar uma boa impressão, Lot. - Amy suspirou - E além do mais, Arthur me contou que será mais ou menos uma festa para o avô dele, parece que muita gente conhecida estará lá.
-Seja você mesma, querida. Escolha algo que represente a sua personalidade.
Amy se olhou no espelho, ela nunca esteve em uma festa social de verdade.
-Não sei... - balançou a cabeça.
-Ora, vejamos - Charlotte sentou-se na cama da amiga - Você gosta de comédias, terror, Café, Biscoitos... Nada muito sofisticado...
-Olha, quer saber? Você escolhe! Que nem você fez no dia do baile. Sabe que não tenho bom gosto.
Charlotte deu uma risadinha.
-Todos têm bom gosto, apenas não sabem usar da maneira correta. Vejamos -Ela olhou pelo pescoço de Amy e viu o armário da garota e o que tinha dentro. - Que tal eu te emprestar alguma coisa?
Amy a encarou:
-É sério?
-Sério. Só devolva ele intacto.
-Claro que sim, o que poderia acontecer?
§
Charlotte morava com a irmã Deanna em um apartamento bem decorado e aquecedor, Amy já estivera lá muitas vezes, mas nunca se cansava de se sentar no sofá e observar a vista para a cidade.
Dessa vez, Charlotte a levou diretamente para o quarto.
-Tudo bem, - disse abrindo o closet - Hora da escolha.
Depois de uma hora provando vários vestidos belíssimos, Amy estava a ponto de desistir, nenhum realmente combinava com ela.
Até que ela viu, bem escondido, no fundo do armário.
Um vestido cor de marfim, liso e longo, de um tecido macio e um cinto que demarcava a cintura, ao prova-lo, sentiu-se bonita e confiante.
-É esse.
Lotte bateu palmas.
-Finalmente! Agora vamos a minha parte favorita, a maquiagem!!
-Não acha melhor eu fazer, Lotte? Da última vez você meio que exagerou... Um pouco.
Amy se lembrava muito bem da ultima vez que Charlotte a maquiara, era cedo da manhã, antes de as duas irem para a faculdade, E Lotte havia tido a brilhante ideia de maquiar Amy. Ela não sabia o motivo, mas também não sabia que Charlotte colocaria um batom marrom escuro nos lábios de Amy.
Vamos apenas dizer que não se deve usar cores escuras numa manhã ensolarada.
-Amy, querida, eu não posso deixar você fazer isso, você não sabe nem diferenciar Base de BB Cream!
-Muitas garotas não sabem.
-Você não quer estar apresentável?
-Você mesma disse para eu ser eu mesma.
Charlotte levantou o dedo indicador e colocou sobre os lábios "Shhhhh"
-Amy, deixe-me apenas te fazer uma surpresa. Se você não gostar, eu deixo você fazer sozinha.
-Tudo bem, Tudo bem.
No mesmo momento, o telefone de Amy tocou.
-Um minuto, Lotte - Amy atendeu o celular -Alô?
-Oi, Amy.
-Oi, Arthur - ela sorriu
-Como está? Tudo pronto?
-Ahn... Sim... - ela olhou de relance para Charlotte, e depois para o relógio: 20:45. A festa começaria às 21.
-Tudo bem, então... Posso te buscar daqui a... cinco minutos?
-Ahn... Quer saber? Pode ir... Eu... Vou me atrasar, um pouco.
-É sério? Eu posso esperar.
-Não, não precisa, é-é melhor você ir logo, eu chego depois. Além do mais, é a festa do seu avô, é melhor não se atrasar.
-Acho bem mal-educado não esperar você.
-Vai, Arthur, eu preciso fazer maquiagem, e etc... Você não quer esperar, quer?
Ele deu uma risada.
-Não, tem razão. - Amy notou hesitação em sua voz.
-Ei - ela disse - é sério, eu posso ir sozinha. Não se preocupe.
-Tudo Bem, Acho que Will pode vir te buscar em... 30 minutos? Acha que está bom?
-Perfeito. É melhor eu ir me adiantando, Tchau, Arty.
-Ah! E Am-
Ela desligou o telefone.
-Tudo bem, Vamos lá - Charlotte assentiu.
§
Quando Lotte terminara seu "ofício", como gostava de chamar, Amy sentia-se muito confiante.
Mas quando ela viu o que Charlotte fizera, sentiu-se como se nada pudesse detê-la.
A maquiagem era leve e natural, a sombra era de uma cor clara fabulosa. O batom era um pouco mais escuro que o tom de pele de Amy, tudo havia sido feito com perfeição.
Ela parecia uma pessoa da Aristocracia.
Irônico.
Ela desceu para o térreo e esperou William chegar.
Não demorou muito para ele chegar. E quando o fez, foi extremamente educado, até começou a sair do carro para abrir a porta para ela. Mas Amy o impediu e entrou no banco da frente.
-Oi, Will. - ela o cumprimentou.
-Ei, Amy. Está bonita.
-Obrigada. - corou - Como está?
-Ah, eu estou muito bem. - ele deu um sorriso largo.
Eles ficaram em silêncio durante o percurso, apenas ouvindo as músicas de rock que Will gostava.
Amy deveria começar a ouvir mais rock.
Alguns minutos depois, eles chegaram na casa dos Harrinson.
Ou mansão.
O lugar era enorme e tinha muitas colunas gregas, a entrada era protegida por dois guardas, Will assentiu para um deles e entrou. Havia um jardim enorme cheio de flores belíssimas. Amy estava maravilhada. Ela sabia que os Harrinson eram ricos, mas mesmo assim. Não era algo que se via todos os dias.
Will parou na entrada principal:
-Boa festa, Amy. - Disse quando ela saiu do carro.
-Obrigada.
-Ah, e boa sorte.
-O que?
Mas ele já tinha ido.
Balançou a cabeça e respirou fundo quando tocou na maçaneta.
-Você consegue - murmurou para si mesma.
E então ela abriu a porta. E todas as pessoas que estavam lá dentro ficaram em silêncio.
Olhando para ela.
Amy se perguntou se estava vestida do jeito errado, mas viu que seu vestido era muito parecido com o de uma garota que estava próxima.
-Ah, Você deve ser Amy! - uma mulher bonita, que deveria estar em seus 30 anos, a cumprimentou, ela tinha cabelos castanhos escuros e longos, e usava um vestido verde musgo, que mostrava sua figura magra e esbelta.
Amy assentiu lentamente, observando os convidados sussurrarem entre si "Quem é ela?" "Como assim ele tem uma namorada?" "Arthur tem uma namorada?"
-Eu sou Kate, a mãe de Arthur. Estava muito ansiosa para te conhecer, venha. - ela fez um sinal para que Amy a seguisse. Ela tinha olhos verdes e um pouco puxados. E seu nariz era um pouco empinado, ela parecia muito com o filho - E qual é o problema de vocês?! Estão assustando a menina!
E então todos os convidados voltaram ao que estavam fazendo, e algumas mulheres começaram a se aproximar.
-Venha querida. - Amy tinha os olhos arregalados, Kate a guiou para um sofá mais reservado na enorme sala de estar, que só agora Amy conseguira analisar. Havia quadros enormes na parede que fizeram a menina se sentir inspirada. A decoração era refinada. Cause uma boa primeira impressão, Amy.
-Então querida, conte-me sobre você. Arthur não é uma pessoa de quem eu consigo arrancar muitas informações - as outras mulheres sentaram-se ao redor e Kate sorriu calorosamente - Desculpe, essas são Tia Kimberly - a mulher de aparência mais nova - uns cinquenta anos, no máximo - vestida de vermelho escuro, acenou com a cabeça - Marie - a mulher de cabelos loiros e rosto rígido forçou um sorriso - e essa é minha mãe, Lisa. - A mais velha de todas pegou a mão de Amy e apertou-a.
-É prazer conhecê-las - A jovem sorriu, estranhamente, ela soou calma, mesmo sabendo que seu coração estava a mil.
-O prazer é todo meu - quem falou foi Lisa - estávamos realmente surpresa quando Kate disse que Arthur tinha arrumado uma namorada, não esperávamos tão cedo.
-Como assim? - Amy deu uma risada baixa.
As mulheres apenas riram.
-Então, Amy, quantos anos você tem? - foi Kimberly quem perguntou
-Ah, faço 20 em setembro.
-É nova, não é mesmo, Marie? Arthur faz 21 em novembro.
A mulher loira apenas deu de ombros.
-Você é daqui, Amy? - Kate questionou.
-Ah, não, vim para me formar em cinema, sou do Oregon.
-Cinema? - Kate subitamente pareceu muito mais interessada - Na Jondwood?
-É... Pretendo ser diretora, sempre gostei do que acontece por trás das câmeras.
Kate lançou um olhar rápido para Lisa.
-Fascinante... Conte-me sobre sua família, Amy.
-Ah... Meu pai morreu quando eu tinha dez anos, e morei com minha tia e minha prima desde então.
Kimberly a olhou com olhos solidários:
-Ah querida, eu sinto tanto.
Amy balançou a cabeça.
-Tudo bem - sorriu, ela já se sentia mais a vontade ao falar do pai, já não era um assunto que machucava tanto.
-O que você gosta de fazer no tempo livre? - Kate mudou de assunto rapidamente.
-Ah, gosto de assistir filmes, às vezes eu leio alguma coisa, vou à cafeterias... Acho que basicamente isso - forçou uma risada.
Lisa assentiu
-Como você e Arthur se conhece-
-Acho que já interrogaram a menina suficientemente - um homem mais velho interrompeu a idosa - Amy, certo? Eu sou Fred Harrinson.
-Prazer em conhecê-lo. - ela o cumprimentou.
-Acompanhe-me - ele estendeu a mão, a qual Amy aceitou, encarando as velhas com um olhar culpado, Lisa acenou com a cabeça. Vai lá.
Ela acompanhou o pai de Arthur para fora da sala de estar até chegarem na base de uma escada.
-Arthur está lá em cima no quarto de Trevor, é o primeiro quarto a esquerda. - ele sorriu amigavelmente.
-Obrigada - ela encarou o chão. E antes que ela pisasse no primeiro degrau, Fred a chamou novamente.
-Amelia Fontenelle, certo? - ela assentiu - você é famosa entre os professores, sabia? Um prodígio! Andei analisando você. É uma menina com futuro.
Amy corou fortemente.
-O-obrigada, senhor.
Ele soltou uma risada.
-Pode me chamar de Fred, agora suba lá. - sorriu e voltou para a sala.
Amy subiu os degraus rapidamente. E chegou ao corredor extenso, com várias portas, ela avistou a primeira porta a esquerda e ouviu vozes lá dentro.
Bateu na porta.
As vozes cessaram.
-Quem é? - ela ouviu uma voz, não era a de Arthur, deveria ser de Trevor. Amy conhecera o irmão algumas semanas antes, ele era carismático e engraçado. Gostara dele.
-É a Amy - respondeu.
A porta abriu-se rapidamente e Trevor lhe deu um sorriso largo.
-Oi, Amy! Como está?
-Bem, e você?
-Ótimo!
-Hey, Amy. - Arthur havia ficado em pé, ele usava um terno e os cabelos castanhos estavam um pouco bagunçados, deveria estar deitado na cama do irmão antes dela chegar.
Ela se dirigiu até ele e o abraçou. Ele retribuiu o abraço, colocando a mão em sua bochecha e acariciando-a, então, ele a beijou como se não tivesse a visto por dias.
Trevor pigarreou.
-Posso parar de segurar vela agora?
§
Os três passaram uma hora conversando sobre assuntos diversos, Trevor contava uma piada aqui e ali, estava bem divertido, um homem vinha até o quarto distribuir bebidas para os três regularmente, depois disso, Trevor decidiu ir ao banheiro.
Quando ele saiu, Arthur sussurrou no ouvido de Amy:
-Eu já disse que você é muito bonita?
-Arty, você não consegue ver, não sabe o que diz.
-E eu preciso ver uma pessoa para dizer se ela é bonita ou não?
Ela deu uma risadinha e o beijou na bochecha.
-Conheceu minha mãe? - ele perguntou.
-Sim, ela é muito gentil. - Amy respondeu e ele sorriu.
-Ela fez o interrogatório, não fez?
-Não, não. Só algumas perguntas casuais. Sem problemas
-Desculpe pela inconveniência. Mães são assim - ele deu de ombros - Mas ela vai quebrar essa barreira.
-Como sabe disso? Você mesmo disse que nunca teve namorada.
-Ah, mas Trevor já teve.
-Já tive o que? - disse Trevor, que entrava novamente no quarto.
-Lembra-se da Sarah? - Arthur perguntou.
-Ah, claro que sim. Como poderia me esquecer da Sarah?
-O que ela fez para ser tão inesquecível? - Amy perguntou, curiosa.
-Ela me traiu - Trevor respondeu - com a melhor amiga dela.
Amy tossiu
-É sério?!
-Seríssimo - Arthur explicou - A reação do Trevor foi cômica. Primeiro ele ficou chocado, depois triste, depois irado, e depo-
Nesse momento, um estrondo foi ouvido do andar de baixo.
-O que foi isso? - Trevor perguntou.
-Não sei, eu vou checar. - Amy se voluntariou e se levantou.
-Não, nós vamos com você - Arthur a interrompeu.
-Positivo - Trevor tentou erguer-se da cama mas caiu assim que colocou os pés no chão - Acho que bebi demais.
-Não se preocupem, eu vou lá checar. Pode não ter sido nada.
Ela saiu antes que recebesse uma resposta.
Quando ela chegou no primeiro andar, passou pela sala de estar e viu os convidados amontoados em uma passagem que poderia dar para a cozinha, se fosse para Amy deduzir.
Ela se dirigiu à multidão e se espremeu até chegar na frente, onde podia ver claramente o que havia acontecido.
Mas a primeira coisa que fez foi olhar para os pés, pois ela parecia ter pisado em algo quando chegara na frente.
Tinha sangue em seus sapatos, sangue que não era dela.
Havia uma mulher caída no chão, um furo em sua cabeça, sangue para todo lado.
Sangue.
Ela nunca gostara de vermelho.
Mas então ela percebeu.
Se havia tiro, havia arma, se havia arma, havia baleador, se havia baleador, havia assassino, se havia assassino...
Arthur, ela tinha que retornar para Arthur.
Ela saiu da cozinha em um sobressalto, segurando o vestido enquanto atravessava o grande salão principal, os sapatos deslizavam no chão.
Arrancou os saltos e voltou a correr, dessa vez mais rapidamente.
Quando chegou ao quarto, ofegante, uma esperança atingiu seu coração, está tudo bem, está tudo bem...
Mas então ela viu o chão, vidro quebrado e...
Sangue.
Amy caiu de joelhos.O QUE SERÁ QUE VAI ACONTECER AGORA??
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Ele não é tão Cego Assim
Roman d'amourArthur Harrinson não nasceu cego. Ele havia visto as cores, a face de seu irmão, sua mãe e seu pai, era um menino saudável, ninguém nunca pensou que algum dia o menino fosse estar em um carro, logo na hora que um caminhão em alta velocidade perde o...