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Lilian

A mulher me ajudou e muito, tanto que eu nem sentia meu pé doer mais, não sei o que ela colocou mas foi milagroso. Agora estou com o pé enfaixado, limpa, de banho tomado e barriga cheia. Ela está sendo muito gentil e acolhedora com uma forasteira.

Agora estou sentada no sofá assistindo desenho animado com os dois filhos dela, pelo que percebi o marido dela trabalha numa outra cidade pouco distante e vem no máximo duas vezes ao mês para casa.

Me vejo nela, fazendo de tudo para sustentar seus filhos, mesmo com o pai longe. Talvez teria sido mim numa realidade distante, mas isso não vai acontecer, o que eu faria sozinha com duas crianças? Não muito.

Mas garanti a mim mesma que quando voltar e tudo isso acabar, as coisas serão diferentes.

Me assusto com a rapidez que Irina, aparece demostrando preocupação. Me levanto com dificuldades, segurando em minha barriga e tendo uma sensação estranha.

- Homens, aramados, procurando, você. - Ela falava rapidamente e as únicas coisas que entendi foram nas pausas.

Isto não pode estar certo, Lucian está a quilómetros de distância, ele nunca chegaria aqui tão cedo. Caminho até a janela, ainda me apoiando nas pontas dos dedos e os vejo. Praticamente arrombando outras portas, enquanto os moradores gritam, merda eu tenho que sair daqui.

- Você pode... - Olho prós meninos assustados e aponto para porta dos fundos. - Sair? Pega as crianças e saia. Eu fico.

Pela sua expressão ela pareceu entender, e correu até os meninos, ela segurou o mais novo em seus braços. Enquanto o mais velho a seguia.

- Arma, no quarto. - Ela aponta para cima - Do meu marido.

Aceno e começo a subir as escadas forçando demais o pé enfaixado, reprimo a dor, respirando fundo ate alcança o segundo andar. Entro no primeiro quarto que encontro, vejo uma cama de casal e encontro uma espingarda pendurada.

- Okay Lilian você consegue. - Digo mais como um incentivo. - É só apontar, destravar e atirar.

Olho para a mesinha ao lado da porta e decido empurra-la até que esteja firme atrás da porta. Espero que aguente. Me agacho ao lado da cama bem ao lado da parede me mantendo escondida, enquanto abraço a arma com força.

Meu coração salta e apreensiva, ouço barulho de coisas partindo e me agacho ainda mais. Rezo baixinho para que Lucian chegue rápido.

Me assusto com o primeiro baque, seguindo do segundo, dessa vez com mais força fazendo com que a mesa se afaste, seguro a arma firme apontando para porta e espero que o homem entre. Fecho os olhos apertando e puxando o gatilho,

Solto um grito caindo para trás com a força do disparo enquanto ouço um gemido de dor, seguido por mais vozes vindo de baixo. Rolo pro lado me levantando apanhando a arma e a empunhando novamente.

- Acertei. - Sussurro desacreditada, o homem não está morto mas está ferido. Seu corpo está estirado no chão enquanto sua mão envolve seu peito, tossindo e cuspindo sangue.

- Yelen... - Ele não completa a frase e cai no chão sem vida. Nesse exacto momento em que um outro homem passa pela porta, olha pro chão e depois para mim antes de berrar algo em russo.

Palavras bonitas que não foram, ele me olha possesso e sedento de raiva e quando tenta avançar sobre mim, eu puxo o gatilho.

- Puta. - Murmura segurando sua jugular de onde muito sangue está jorrando, e segundos depois seu corpo tomba de joelhos antes de cair para frente.

Olho para porta e não penso duas vezes antes de sair correndo por ela, ignorando toda dor em meu corpo, o desconforto em meu pé e a ânsia de vomito, eu preciso ficar segura primeiro, antes de sucumbir.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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