PECAMINOSA

26

Lilian

Eu ficarei bem, foi o que eu disse. Mas é verdade é que não. Eu não fiquei bem. Não possuo nenhuma memória da minha mãe, ou Meredith bem dizendo. Mas saber que ela foi assassinada dói. E o pior é saber disso e nunca poder olhar em seu rosto e perguntar porquê? Porquê ela me abandonou em um convento?

Agora isso não importava mais. Ela não estava mais entre nós porém isso não faz com que a dor, a raiva e angústia que sinto desapareça.

É tanto sentimento dentro de mim que mal consigo conter. Sinto como se estivesse quase a transbordar. Explodir e deitar tudo cá para fora.

— Vamos você precisa descansar. — Ele fez há a tela do computador, seus olhos caindo em mim pesados.

— Eu não estou cansada. Me deixe terminar aqui. Estou me tornando boa nisso. — Cismo tentando pegar o computador entretanto ele toma o objecto de mim com tamanha agilidade.

— Se sobrecarregar não trará Meredith de volta. — pontua sereno. — Converse comigo meu anjo. Fale... talvez você se sinta melhor. Se isso não ajudar, podemos fazer o que você quiser.

— Porquê eu haveria de falar sobre os meus sentimentos se você se isola quando algo te incomoda? — cuspo ácida, sentindo uma raiva súbita de tudo. Suas expressões se transformam num misto de surpresa. — Se a Lilian fez algo de errado você se cala e se afasta. Você faz isso porquê sabe que eu sempre vou rastejando até você.

— Meu amor você está entendendo tudo errado. Não é sobre mim e sobre você. — Se senta mantendo sua expressão calma e serena. — Se isso te faz bem, continue. Grite meu anjo. Chore.

— Eu só...eu só não quero falar. — balbucio. Mesmo que eu tenha passado a maior parte do tempo dormindo sinto como se tivesse corrido mil maratonas. — Eu estou exausta e não dei o porquê.

— Ei meu amor vem cá. — Ele estende sua mão e eu seguro indo me sentar em seu colo. Seus braços envolvem meu tronco me abraçando enquanto sussurra palavras reconfortantes. — O que você quer fazer? Podemos sair só nos os dois se isso te fazer feliz. O que você acha?.

— Tanto faz... — murmuro me aconchegando mais para escutar as batidas do seu coração. Rítmicas como sempre. Será que ele já teve uma arritmia só de olhar para mim?

Lucian aparenta estar sempre calmo, como se nada o abalasse e nem mesmo nos poucos momentos em que algo o estressa ele parece perder a cabeça. Ele é estável e eu instável. Eu sinto e sinto demais. Amo e amo demais. A tristeza me atinge demais. A solidão também. Meu coração é cheio de sentimentos em demasia. Talvez essa seja minha fraqueza.

Se não fosse pelo meu estúpido coração. Eu não estaria sofrendo por alguém que nunca fez parte da minha vida.

— Eu não permito que você fique triste Lilian. — declara se levantando comigo em seus braços. — Eu amo seu sorriso meu anjo. Amo quando você fala sem parar. Amo te ver bisbilhotando pela casa. E mesmo que eu não admira amo quando você sai com suas amigas e volta radiante.

— Vo-você gosta quando eu saio com as minhas amigas? — Sua confissão me pegou de surpresa. — Mas você sempre parece zangado quando saio com elas.

Sua boca se curva em uma linha fina sem mostrar os dentes e suad esferas verde musgo me encaram com intensidade. Aquela que faz meu coração palpitar e querer sair do lugar.

— Ciúmes. — Ele me beija e empurra a porta do quarto com o pé. — Muitos ciúmes minha linda. Eu queria ser o único a te fazer sorrir daquele jeito. Mas eu entendo e tenho que controlar os meus ciúmes.

Sinto um calor em minhas bochechas e sorrio timida. Devo estar parecendo um tomate. E eu evitando contacto com elas por achar que ele não gostava.

— Isso quer dizer que eu posso continuar saindo com elas?.