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Estou almoçando com o Heng em um restaurante brasileiro perto da empresa onde ele trabalha.

Quando percebi Heng piscando para alguém que estava atrás de mim, me virei para conferir quem era.

Meu coração quase saiu pela boca. Ele piscou para um loiro, que estava acompanhado de outra loira. Aquela loira. Como é possível isso? A Coreia nem é tão pequena a esse ponto. O que ela está fazendo aqui? Por que ela está aqui?

— Você conhece eles? — perguntei assim que virei minha cabeça para o meu amigo.

— Sim. Na verdade, eu só conheço o garoto. Ele é o garoto do encontro duplo.

Aaahhhh!!!

A porra desse bendito encontro duplo.

— Eu não vou poder ir. Eu trabalho.

— Fodasse. Você não trabalha, você dá a sua buceta. Isso não é trabalhar. E outra: o que custa tirar um dia de folga pra sair com o seu melhor amigo?

— Para de falar assim. É o meu único emprego — ele deu de ombros e revirou os olhos. — E, eu não tô afim de conhecer nenhum homem, ouviu?

— Ele não tem amigos homens. Você acredita que ele tem uma irmã gêmea? Ela canta e dança. Ah, e também toca.

— Quem é a irmã dele? — perguntei, pensando que era a Sarocha.

— O nome dela é Urassaya. Conhece?

— Acho que sim. Já estudei com uma Urassaya no ensino médio. Eu nunca gostei dela, achava ela metida.

— E ela é. Segundo ao Non, ela debocha de todo mundo.

— Mais um motivo pra eu não ir.

— E quem te garante que ele não vai levar outra garota? — fiquei sem palavras.

— Tá. Você venceu. Quando vai ser a porra desse encontro?

— Sábado às sete da noite — ele respondeu, sorridente. Eu revirei os olhos e cruzei os braços enquanto voltava a encarar Sarocha, que, até então, não se atreveu a olhar para trás.

Eu bloqueei ela. Não me arrependo disso. Só bloqueei porque percebi que ela queria algo a mais, e, eu não quero isso. Eu quero que ela seja feliz e não se prenda a mim. Eu achei ela legal e tals, mas não sei esse é bem o tipo de garota que eu me interessaria.

Engraçadinha, encapetada que me irrita e safada, é mais o meu tipo. Ela parece ser bem séria. Uma mulher que só se importa com o trabalho.

Eu sei que ela é dona da Celine, mas dinheiro não é tudo o que eu preciso. Eu preciso de alguém que me entenda pelo olhar; alguém que me faça sorrir nos momentos triste; alguém que eu possa contar sempre, alguém que me ame sem se importar com o meu passado...

Espera... Ela é dona da Celine!?

— Heng, onde você trabalha mesmo?

— Na Celine. Por quê? — arregalei os olhos, porém decidi ficar quieta. Não quero que ele fale com a Sarocha. Já tenho problemas demais.

Eu quero me afastar dela. Se eu falar com Heng sobre ela, ele com certeza vai ir falar com a "sua chefe". Ele nem deve gostar dela. Sarocha deve ser uma chefe horrível. O meu amigo nunca comentou dela para mim.

Depois que almoçamos, voltei para a casa e Heng voltou para o trabalho. Agora é só esperar para conhecer a irmã do Non.

***

Hoje é sábado. Estou tão feliz em conhecer uma loira azeda do caralho.

Agora estou esperando Non e Irin chegarem. O Heng tentou me convencer de que a garota é legal, mas eu só vou acreditar que ela é legal, quando eu falar com a mesma.

— Becky, você vai beber hoje?

— Não sei. Por quê?

— Porque eu quero beber. Mas se você beber, eu não posso beber, porque alguém tem que estar sóbrio pra te levar pra casa.

— Eu não vou beber.

— Ótimo. Então eu poderei beber e você estará sóbria pra pegar um Uber — o olhei indignada enquanto o garoto sorria.

— Que belo amigo que eu arranjei, hein. Mas eu vou voltar com você. Não posso pegar um Uber sozinha e com esse decote.

Depois de um tempo, Heng se levantou sorrindo e abraçou um garoto.

— Desculpa a demora. Minha amiga tinha esquecido onde havia colocado a chave do carro — ele se sentou no banco de dois lugares.

A mesa que estávamos sentados, tinha dois bancos de dois lugares cada. Eu e Heng estávamos sentados em um e o Non e a amiga dele — que ainda não chegou — estavam sentados no outro.

— Cadê sua amiga?

— Tá procurando uma vaga. Ela é rica, mas odeia pagar vaga de estacionamento.

— Por quê? Se eu fosse rico, estaria ostentando do meu dinheiro — Heng disse, arrancando uma risada do moreno. Eu estava o encarando como quem fosse o matar.

— Ela não gosta de se exibir. Meio que prefere viver a vida como uma pessoa "normal" — ele fez aspas. — Qual é o nome da sua amiga que não para de me encarar?

— Essa é a Becky. Minha melhor amiga — o garoto moreno estendeu sua mão para me cumprimentar e eu fiz o mesmo.

— Becky? Seu nome não era Patricia? — nem precisei olhar para trás para saber de quem era a voz.

— Meu nome é Patricia Armstrong, mas o Heng não gosta do Patricia.

— Mas o seu nome não é... Aaíí! — beslisquei sua coxa. Heng me encarou confuso, mas não liguei.

Freen se sentou em minha frente e começou a me olhar. Seus olhos carregavam dor, tristeza, decepção, confusão. O que eu fiz? Eu sabia que estava machucando alguém. Eu já estou acostumada a machucar alguém. Mas, por que eu fiquei tão preocupada com os sentimentos dela? Por quê?

— Vocês já se conhecem? — perguntou o moreno, logo após de escolhermos algo para beber.

— Sim.

— Não — eu disse, séria e ao mesmo tempo que a garota. — A gente só se trombou na rua. É isso.

— E qual é o seu nome? — perguntou o Heng para a Freen.

— Sarocha Chankimha, prazer, mas pode me chamar só de Freen — ela sorriu e cumprimentou meu amigo. Ele ficou em choque por alguns minutos.

— Você é a minha chefe?! Eu sou modelo da sua empresa.

— Relacionamentos são proibidos na minha empresa, Ratchanon Kanpiang — ela encarou o seu amigo, que corou no mesmo momento.

Eu sabia que ela não era tão legal assim. Sua expressão está séria, como se fosse matar alguém.

— Mas como você é meu amigo e nunca se apaixonou de verdade por alguém, eu vou abrir uma exceção. Porém, ninguém da empresa pode saber — vi Heng sorrir junto ao moreno.

— Eu vou ao banheiro — disse e me levantei.

The Prostitute | Freenbecky G!POnde histórias criam vida. Descubra agora