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Eu acho que estou com medo da pessoa que mais me ama...

É tão ruim essa sensação. Eu quero acreditar que a Freen não possa fazer mal para mim, porém, depois da reação dela, eu fiquei com muito medo. Sua mão ficou toda roxa, Engfa teve que tratar dela.

Agora eu estou aqui na parte dos fundos, vendo os pedreiros trabalharem. Estão tirando a árvore ainda.

Normalmente, eu não tenho ânimo, nem para mexer no celular, nem para assistir Dorama. A única coisa que eu quero, é morrer.

É tão difícil ser uma pessoa normal? Eu só quero ser uma pessoa normal.

Se eu estou pagando pelo os meus pecados, que pecados foram esses que eu cometi?

Porque, para estar acontecendo tudo isso na minha vida, só pode ter sido um baita pecado.

O pessoal ainda está no horário de almoço deles, portanto, todos ainda estão aqui, eu que quis ficar sozinha.

— Jen, a gente já vai — Engfa disse após colocar suas mãos em meus ombros. — Mas antes, eu e Charlotte temos algo pra te falar — ela olhou para a morena que se encontrava na minha frente.

— Fala — demonstrei curiosidade.

— A gente tá namorando.

— Eu sabia que vocês iriam ficar juntas uma hora ou outra. Felicidade pra vocês, meninas — sorri e fiz um carinho na mão da Engfa enquanto esticava meu braço para pegar a mão da Charlotte. — Eu amo muito vocês, por favor, não briguem por coisa besta, senão, quem vais sofrer sou eu — implorei e elas riram. — Eu tô falando sério.

— Claro, Jen. Estamos rindo sério também — mostrei língua para Charlotte.

— Sem graça. Ah, eu também tenho uma novidade pra vocês — ambas se entre-olharam. — Eu vou começar a trabalhar com a Sarocha.

— Isso quer dizer que — assenti. — Aí, meu Deus, Jen! — Engfa me abraçou enquanto sorria de orelha a orelha. — Eu fico feliz que tenha tomado essa decisão.

— Agora você não vai mais precisar ficar aturando a Nam e o Heng julgando você toda hora.

— Sim. Mas... agradeçam a Freen. Se não fosse ela, eu não teria mudado de ideia.

— O que aquela cabeça de pika fez? — Charlotte me encarou, preocupada.

— Só o necessário para que eu abrisse o olho.

— Puta merda! Eu tô atrasada — Engfa disse enquanto verificava a hora em seu relógio. — Tchau, Jen! — ela deixou um selar em minha testa.

— Tchau, Jen! — Charlotte se despediu de mim, porém, diferente de Engfa, ela bagunçou todo o meu cabelo.

Sorri ao perceber que, finalmente, duas pessoas que se amam, ficaram juntas. Eu acompanhei cada detalhe da história delas. Desde as crises de ciúmes da Charlotte quando via Engfa com algum cara, desde as crises de ciúmes da Engfa quando ouvia alguma garota falando que Charlotte beijava bem.

— Jen... Desculpa pela a forma que eu agi mais cedo. Eu não queria te assustar — a voz de Freen me fez murchar meu sorriso e me assustar, pois, eu não estava esperando por ela. Ela não apareceu em minha visão, portanto, não consegui vê-la.

— Tá tudo bem...

— Não tá, não. Eu sei que você ficou com medo. Eu vi no fundo do seu olhar — ela se aproximou de mim e se ajoelhou na minha frente. — Eu não sou daquele jeito. Eu juro que não sou.

— Para, Freen. Você não tem culpa. Todo mundo passa dos limites.

— Mas eu não quero passar dos limites na sua frente. Se isso for fazer você ficar com medo de mim, eu não quero.

— Freen, desde que você não tente me matar, tá tranquilo — arrumei sua franja desalinhada por conta do vento.

— Sabia que você é a única que eu deixo relar na minha franja?

— Sou? — ela assentiu. — Que bom!

— Eu reagendei a sua fisioterapia de hoje.

— Ah, verdade. Eu tinha me esquecido dela. Por que não me acordou?

— Você estava dormindo tão confortavelmente que eu não quis te incomodar.

— Pra quando você agendou?

— Hoje a tarde. Daqui a pouco, na verdade — ela olhou o relógio. — Eu vou te levar e vou ficar com você a todo momento. Eu não vou te abandonar, ouviu? — ela disse encarando os meus olhos.

Acho que ela descobriu que eu estou com medo de ir para lá. Para falar a verdade, ultimamente, eu tenho medo até de dormir.

— Jen, você acha que algum dia, tudo que você passou, pode ser enterrado no passado? — neguei. — Por quê?

— Tá acontecendo muita coisa comigo em pouco tempo. Esse ano vai ficar marcado pra sempre na minha vida.

— Eu não quero isso. Você sabe, né?

— Qual a razão?

— Você vai sofrer cada vez que lembrar desse ano. Eu iria te fazer um pedido, porém eu vou esperar até o ano que vem.

— Por quê?

— Não quero que o pedido fique guardado junto com as recordações desse ano.

Ela acha que eu sou burra ou o quê?

Eu sei muito bem que ela quer me pedir em namoro.

— Você precisa se arrumar, Becbec — ela começou a empurrar a cadeira até a escada.

— Você não cansa de fazer a mesma coisa todo dia?

— Não. Minha linguagem de amor é toque físico e cuidados. Eu vou cuidar de você até você enjoar de mim e resolver procurar conforto em outro abraço confortante.

— Nunca. Você é o melhor abraço confortante que existe no mundo.

Depois que ela me colocou na cama e fez tudo o que ela sempre faz, a garota se sentou do meu lado e segurou minhas mãos.

— Jen, eu preciso que você me diga o que sente por mim. Quer que eu continue cuidando de você como se fosse minha namorada? Eu amo cuidar de você. Então, por favor, colabora comigo — ela juntou suas mãos na frente de seu rosto e fez beicinho.

— Eu gosto de você e quero que você continue me tratando como sua namorada. Eu tô gostando de ser mimada — sorri e ela semi-cerrou os olhos.

— Vou fingir que não é porque você quer ser a minha namorada — pude sentir minhas bochechas queimarem.

The Prostitute | Freenbecky G!POnde histórias criam vida. Descubra agora