27

1.6K 217 24
                                    

Depois do que aconteceu com Freen e seu suposto irmão, a loira não se desgrudou de mim em nenhum momento. Eu não entendi o porquê, mas ela não parava de me abraçar ou coisa do tipo.

Eu e ela estávamos a caminho do lugar onde eu iria fazer a minha fisioterapia. Estávamos 30 minutos atrasadas.

Freen estava quieta desde que saímos da casa dela e, isso não é nem um pouco normal.

- Freen, o que foi? Você está estranha. O que você tem?

- Medo. Muito medo - seus olhos lacrimejaram enquanto ela prestava atenção no trânsito.

- Por quê?

- O Kai e a Irin já eram demais pra mim, agora com o meu irmão me ameaçando de morte - uma lágrima escorreu de seu olho. - Aquela família é louca, Patricia. Eu tento não pensar no pior, mas é complicado.

Paramos em um sinal vermelho.

Suspirei e baixei meu olhar para sua mão, que se encontrava em sua coxa. Levei minha mão até a sua e a trouxe para a minha coxa, recebendo o olhar surpreso dela.

- Eu estou aqui pra ser o seu abraço confortante, Chanchan. Funciono 24 horas por dia - ela riu e baixou a cabeça. - Olhe aqui! - ordenei e ela obedeceu sem muita dificuldade. - Eu não vou permitir que tirem o meu abraço quentinho de mim. Eu vou te proteger. Se eu passar com a minha cadeira no pé de alguém, eu ranco fora - ela riu mais alegre desta vez, o que me fez sorrir.

- Você está muito carinhosa comigo ultimamente. Devo me preocupar? - fechei a cara e a encarei.

- Deve. Daqui a pouco eu te mato, porra! - soltei sua mão, cruzei meus braços, e fiquei olhando para a estrada.

- Ficou puta? - não respondi. - Own, meu Deus! Alguém aqui ficou bravinha - ela começou a passar seu indicador pela minha bochecha. - Dá um sorriso pra mim. Seu sorriso é tão lindo pra ficar escondido atrás dessa cara brava e zangava - ela fez uma voz engraçada, o que acabou me fazendo sorrir, porém sem mostrar os dentes.

- Vai se foder!

- Amo nossa demonstração de amor - ela voltou a dirigir.

- Que amor? Tá achando que eu te amo, porra? Eu te odeio, caralho - ela sorriu, sabendo que o que eu estava falando, era mentira.

- Uhum, sei - ela deu um sorriso de canto, que me fez derreter por dentro, porém escondi a minha excitação.

Depois de chegarmos na fisioterapia, eu disse para Sarocha que poderia ir embora e depois eu ligava para ela vir me buscar, porém, ela não quis.

- Será que dá pra você sair do meu pé? - perguntei, com os braços cruzados enquanto ela empurrava a minha cadeira.

Chegamos na sala e a fisioterapeuta veio até nós, porém ficou em silêncio quando Freen começou a falar:

- Eu já disse que quero acompanhar sua evolução, Patricia. Eu quero ser tipo aquelas mães quando a filha dá o primeiro passo - encarei-a.

- Não sou sua filha.

- Foda-se! Eu quero acompanhar você dando seu primeiro passo do mesmo jeito. Não tenho nada de melhor pra fazer - ela caminhou até uma cadeira e se sentou. - Boa sorte! Ela é bem brava e ignorante - Freen disse para a fisioterapeuta, que riu.

- Não liga pra ela - Freen deu de ombros ao me ouvir e pegou o celular. - Qual seu nome?

- Me chamo Mina - ela sorriu gentilmente estendendo sua mão. - Você deve ser a Becky, certo?

- Certo.

- Vamos começar?

- Claro - ela começou a empurrar a cadeira de rodas até alguns equipamentos.

- Aquela garota é sua namorada?

- Quem? A Freen? - eu ri. - Não. Ela é só uma idiota que não sai do meu pé.

- Ela parece te olhar de um jeito romântico. Acho que ela gosta de você.

- Quem te deu toda essa intimidade a ponto de me falar quem gosta de mim pelo o olhar?

- Perdão - ela baixou a cabeça.

Depois de um bom tempo fazendo essa porcaria de fisioterapia, eu finalmente acabei por volta das onze e meia. Eu comecei a fazer ela onze horas.

Freen estava sorrindo de orelha a orelha quando eu fui em direção a ela para irmos embora.

- Engoliu um emoji, porra?

- Não. Apenas estou orgulhosa de ver você correndo atrás do que quer.

- Eu sempre fui assim - ela me encarou enquanto me entregava a garrafinha de água. - Tá. Nem sempre eu fui assim - ela continuou me encarando. - Tá bom. Eu nunca fui assim. Vem cá, cê tá sabendo de mais da minha vida, não acha?

- Se você não conta, a sua irmã conta. É assim que funciona.

Após alguns minutos decidindo o que iríamos comer, optamos por almoçar em um restaurante tailandês. Freen insistiu para que eu provasse seu prato preferido, Pad See Ew.

Ficamos conversando sobre coisas bestas até os pedidos chegarem. Freen conseguia me fazer rir sem se esforçar muito. Apenas sendo ela mesma, já conseguia me deixar muito feliz.

A comida finalmente chegou depois de um bom tempo esperando.

Freen me olhava com atenção enquanto eu me preparando para provar a comida. Ela estava me incentivando a comer o mais rápido possível.

É um prato de macarrão fritocomumente. Porém, Freen disse que tinha vários ingredientes por trás deste simples e bonito macarrão.

Ao meu ver, o prato tinha brócolis chinês, ovos, carne bovina e, obviamente, o macarrão, que, segundo a Freen, era chamado de macarrão de arroz largo, que na Tailândia, tinha outro nome, porém não decorei e nem vou decorar.

Nunca ouvi falar.

Assim que coloquei a primeira colherada na boca, quase tive um infarto. Senti algo queimar minha garganta, deixando vários vestígios de um sabor defumado carbonizado em minha boca. Comecei a tossir sem parar, tenho certeza que fiquei igual um pimentão.

A atenção de todos que estavam no restaurante, focou em mim.

O calor consumiu todo o meu corpo ao perceber a vergonha que eu estava passando.

Freen rapidamente pegou um copo de água e me entregou, preocupada com a minha situação.

Bebi a água e comecei a conseguir controlar melhor a minha respiração.

Freen ainda estava assustada com aquilo.

Os garçons pareciam já estarem acostumados com isso, pois não deram muita moral.

Depois que tudo voltou ao normal e todos voltaram a fazer o que estavam fazendo, Freen começou a rir de mim e eu fiquei extremamente furiosa.

- Por que não me avisou que tinha pimenta nessa porra?

- Eu pensei que você soubesse. Todos os pratos da Tailândia tem pimenta. Pelo menos os que eu conheço, tem. Nem que seja um tiquinho, mas tem - ela riu mais e eu não aguentei, tive que dar um beliscão em seu braço, deixando a marca na região, pois minha unha estava bem grande.

Freen gemeu de dor e me encarou indignada, sem acreditar que eu tinha machucado ela.

- Sua cachorra! Vai comer seu capim que cê ganha mais ao invés de ficar me machucando.

- Quem come capim é cavalo.

Eu até pensei em falar todos os animais que comem capim, porém me deu preguiça.

- Não seja por isso. Vai comer capim, sua cavala!

Comecei a rir e ela não entendeu nada.

- Você sabe que cavala é um peixe, né?

- É?

- O feminino de cavalo, é égua, sua burra - eu ri mais quando ela percebeu o seu erro e deu um sorriso amarelo.

- Eu sabia. Só tava te testando pra ver se você era inteligente mesmo - ela deu uma piscadela e estalou o interior de sua boca.

The Prostitute | Freenbecky G!POnde histórias criam vida. Descubra agora