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Depois que eu tive o tal pesadelo em que a Sarocha brincava comigo, eu resolvi, finalmente, acabar com o meu sofrimento.

Hoje eu só quero beber até esquecer meu nome. Não estou com cabeça para nada. Não quero pensar, não quero beijar, não quero transar, não quero viver.

Peguei minha bolsa e saí de casa, peguei um Uber e fui para a boate mais perto do meu apartamento.

Eu nunca pensei que fosse reencontrar os idiotas que me zoavam no colegial. Eu nunca pensei que iria sentir esse sentimento de novo.

Tem algo entalado dentro de mim. Meu peito está doendo. Minha cabeça nem se fala.

Fazia tempo que eu não tinha uma crise como aquela. Eu já tive uma parecida. Foi horrível. Eu quase morri.

Eu tentei me matar várias vezes, mas não tive sucesso com essas tentativas. Eu fiz de tudo. Já me esfaqueei, me cortei, fiquei sem comer por dias, tentei me jogar de um prédio, mas Nam apareceu bem na hora e me salvou.

Depois de um tempo, o Uber parou em frente a uma boate movimentada. Paguei o moço e saí do carro, indo em direção a entrada.

- Becky? Tá fazendo o que aqui? - Bambam me perguntou quando eu me sentei no banco perto do balcão.

- Me dê o whisky mais forte que tiver aqui - Hoseok assentiu e trouxe a bebida. - Virou bartender agora?

- Sim. Tenho dois empregos. É complicado se sustentar e ainda pagar pensão.

- Esse lance de filho é verdade mesmo?

- Sim. É verdade. E você? Como anda a vida?

- A mesma merda de sempre.

- Não fale assim. Parece que a Manopau gosta de você. Isso é muito bom.

- Quem gosta de mim?

- A Freen.

- Por quê?

- Ela saiu correndo depois que os caras começaram a te zoar e você foi embora.

- Ela estava beijando a Sana. Não gosta de mim - dei um gole no whisky.

- Você não viu que a Sana beijou ela à força? - neguei, tentando deixar claro que nem estava ligando para aquilo. - De qualquer forma, eu sinto muito pelo o que está acontecendo com você.

- Você também acha que eu sou uma assassina.

- Não. Se você fosse uma assassina, teria matado cada um que um dia ousou pensar em você como uma assassina.

Fiquei em silêncio.

- Vou voltar a trabalhar. Qualquer coisa, me chama - assenti e ele saiu.

Sarocha Chankimha...

Você está pagando todo mundo para tentar convencer a mim mesma do que eu sinto?

Isso é tão errado.

Se for para eu me apaixonar, você vai ter que fazer macumba. Eu nunca me apaixono, e não vai ser agora que vou me apaixonar.

Enquanto eu me perdia em meus pensamentos, já no meu quarto drink, ouvi uma risada sarcástica atrás de mim.

Já conheço muito bem de quem é essa risada.

- Quanto você cobra por hora, Patricia Armstrong? - Irin perguntou após se sentar ao meu lado.

Não dei moral e continuei saboreando meu drink. Não estou com cabeça para escutar as merdas que saem da boca dela.

- Eu quero provar do seu gosto, Patricia - ela cochichou no meu ouvido, mas novamente, eu fingi que não tinha ninguém ali. - Vai ficar me ignorando? Vai perder uma cliente gostosa dessa?

- Domingo eu não trabalho - avisei fria e rápida. Logo peguei meu drink e fui para outro banquinho.

- Oi, gatinha. Tá sozinha, lindeza?

- Me deixa, Kai!

- Por quê? Eu quero te foder hoje. Tô sedento por você - ele mordeu o lóbulo da minha orelha.

- PUTA MERDA, CARALHO! ME DEIXA, PORRA!

Pedi uma garrafa de whisky e fui pagar a conta. Logo saí daquele local.

Era por volta das cinco da manhã.

Comecei a andar pela a estrada escura, sem sinal de vida. O clima frio estava me deixando um pouco arrepiada.

Comecei a beber aquele whisky como água.

- Assassina. Você vai ver quem é a assassina aqui, Suga. Me aguarde, seu filho da puta! - bebi mais um pouco da bebida forte que estava em minha mão.

Minha visão estava começando a ficar confusa. Não estava conseguindo enxergar direito.

- Namorar - eu ri. - Eu não vou namorar. Nunca vou namorar. Eu não quero namorar. Eu quero me matar.

- Moça, você está bem? - algum desconhecido me perguntou, porém não respondi, apenas passei reto.

- Minha mãe não me deixa falar com estranhos - eu sorri ao lembrar do meu anjo da guarda. - Mamãe, desde que você foi embora, meu mundo acabou, sabia?

Bebi o último líquido que havia na garrafa de vidro.

- Você é a única que conseguiria me tirar desse emprego de merda. Mas você não tá aqui - comecei a rir. - Você me abandonou, sua vaca - joguei a garrafa de vidro, com força no chão, fazendo-a se despedaçar em pedaços enquanto a minha risada ia se transformando em lágrimas e em um choro profundo e cheio de dor. - Volta pra mim, mamãe! Por favor! Eu quero te ver, mãe...

Comecei a ficar mais tonta do que eu já estava.

- Se você não vier me visitar, eu mesma vou aí te ver, senhora Kim.

Parei no meio fio quando percebi um carro em alta velocidade se aproximando. Olhei o farol alto e isso me fez ficar mais tonta ainda e perder o controle do meu corpo.

Perdí as forças das minhas pernas e meu corpo foi levemente jogado para frente, fazendo o carro me acertar em cheio. A única coisa que eu sentí, foi o ar frio e o impacto de quando eu caí no chão. Eu literalmente voei até o outro lado da rua.

Minha visão ficou toda preta.

Acordei e estava na ambulância.

- Não deixem ela dormir - um estranhos disse, porém eu apaguei logo em seguida.

Acordei numa maca, indo para alguma sala do hospital. Nam estava seguindo a maca enquanto segurava minha mão e chorava.

- Não deixem ela dormir de novo. Mantenham ela acordada.

- Quantos dedos tem aqui? - não consegui responder a moça que colocou os dedos em minha frente.

Minha visão foi escurecendo de novo.

- Becky, acorda! Não me deixa, por favor! Não me deixa, maninha. Você é a única família que eu tenho e que eu amo. Por favor - os gritos desesperados de Nam foram ficando mais baixos conforme a maca andava.

Escutei um médico dizer:

- A partir daqui você não pode entrar. Peço que aguarde por notícias na sala de espera. Obrigado!

Depois disso, eu apaguei novamente.

The Prostitute | Freenbecky G!POnde histórias criam vida. Descubra agora