Uma troca de favores.
Um sequestro indireto.
Um velho trauma desbloqueado.
Várias vendas ilegais.
Eventualmente,
resultaram em
Sua venda.
Ana Clara, menina bonita,
além de dívida esquecida
em um trato de anos..
[...]
-Porque você se tornou minha pa...
...I used to shut my door While my mother screamed in the kitchen
I'd turn the music up, get high and try not to listen
To every little fight 'Cause neither one was right
I swore I'd never be like them But I was just a kid back then
The older I get, the more that I see
My parents aren't heroes, they're just like me
And loving is hard, it don't always work
You just try your best not to get hurt
I used to be mad, but now I know
Sometimes it's better to let someone go
It just hadn't hit me yet The older I get...
Capítulo 08- Estou ficando velho e igual à eles, mesmo que não queira...
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-Clara. - chamo, depois de tomar banho e me ajeitar pra sair com ela.
-Tô aqui, tá pronto? - responde, secando as mãos no vestido.
-Oque cê tava fazendo? - questiono.
-Tava lavando a louça do almoço e café da manhã, enquanto você não descia. - diz como se não fosse nada.
-Por que? As empregadas estão aí pra isso, não precisa lavar nada depois de comer.
-Mas elas pediram..
-E eu tô te pedindo agora pra não fazer nada nessa cozinha. - Digo alto, com intenção de fazer todas as empregadas ali ouvirem. - Ouviram?
-Sim senhor. - falam em coro. É sempre assim, elas falam que entendem e alisam a cara depois.
-Vambora, Clara.
(...)
-É aqui? - pergunto.
-Sim. - Clara responde, apreensiva em rever sua mãe.
-Vamos logo, não gosto de te ver reclamar. - digo tirando a chave do carro e a pondo no bolso.
-Ei... - ouço sua voz baixa, sinto ela tocar minha mão e a encaro atento. - Não dá muita corda pra ela não tá? Ela adora falar besteiras sobre mim pras pessoas..
-Certo. Eu já não queria trata-la bem... - digo entendendo.
Desço do carro e abro a porta pra ela, que desce devagar, como se não quisesse chegar perto dessa casa de novo.
Ela toca a campainha enquanto eu fecho os retrovisores do carro, o meu medo de quebrar um deles é terrível.
-Sim?.. - ouço a porta abrir e uma voz de cigarro atende-la, após a pausa encaro a porta esperando que a velha continuasse a falar. - Anh.. Minha filha, quanto tempo... Fiquei com tanto medo de te perder amor, senti tanta sua falta... Veio pra ficar? E esse homem aí, é seu namorado?
-Ele é o meu noivo. Não precisa se fingir de boa mãe, ele já sabe que você é horrível. - Clara diz entrando em sua casa sem lhe dar satisfações, mas volta ao se lembrar de mim. - Entra, amor. Vem me ajudar.
Sigo ela passando pela velha que dá espaço insatisfeita, oque que ela quer? Que eu perdoe os pecados dela só por ser mãe da minha mulher?
-Essa sua casa é pequenininha né? - digo baixo, quase batendo a cabeça na porta do seu quarto.
-Com certeza, ainda mais pra alguém do teu tamanho né? - zomba, procurando suas roupas - Onde você pôs as minhas roupas?
-As suas roupas, filha?... Eu achei que você não voltaria pra buscar, e queimei porque ninguém queria aqueles trapos no brechó, e aqui não tinha espaço. - conta devagar, parecendo apreensiva, enquanto estrala os dedos.
Começo a me tremer e suspiro tentando me controlar, passo as mãos no cabelo sentindo o suor se apossar do meu corpo devagar.
-Quem te deu essa autorização? - pergunta, claramente irritada - Eram as minhas roupas, você não teve nenhum pouco de vergonha na cara e decidiu queima-las? - vejo a água enchendo seus olhos - Você enlouqueceu?
-Eu pensei que você teria roupas lá... - tenta se justificar, apoiada no batente da porta.
-Você queimou o vestido que a minha avó me deu? - ouço sua voz embargada e encaro a "mãe" dela com desprezo, a mulher assente - aquele foi o último presente que ela me deu, antes de morrer... Como você pôde?
-Eu não.. - Eu interrompo a velha.
-Vambora Clara, se ela teve coragem de queimar suas roupas, é porque não sentiu culpa de ter te oferecido como oferta. - digo firme - Vamos em alguma loja, você pode comprar oque quiser. Ninguém lá vai ousar queimar suas roupas.
-Você passou dos limites. - Clara diz rancorosa - Vamos, querido.
Sai de lá rapidamente, batendo no ombro daquela mulher. Olho pro rosto dela e caio num déjà vú, foi essa mulher que ajudou a minha mãe à me enganar.
Travo na porta encarando a mesma, mas sigo meu caminho ao me lembrar da minha própria promessa.
"-Eu não vou atrás dela, ela me abandonou aqui sozinho."
Flashbacks~
-Mamãe, cadê você?
-Vem brincar com a .... Querido! Sua mamãe já vem.
-Como é o seu nome?
-Ana... E o seu??
-Sandiego? - olho pra ela, já na porta da casa - Eu sabia que era você, como eu não reconheci antes?.. Está tudo bem com você? A sua mã.. - A interrompo.
-Eu estou bem, você não deveria ter me reconhecido. E não quero saber mais dessa mulher. Vocês duas, foram péssimas mães. - digo curto e grosso, dando as costas e entrando no carro.
-Oque houve lá dentro? Você está bem? - Clara pergunta, vidrada em mim.
Meus olhos ardem, mas eu não cedo.
-Meus pais foram monstros comigo.. E essa mulher ajudou a minha mãe a fugir de casa, mas a minha mãe não quis me levar... Ela não queria arriscar sua vida comigo, sabia que meu pai não cederia e a mataria.. Mas ela fugiu, e depois de alguns anos ela se suicidou... Ela era como eu.