_26. Meio Termo...

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...Toda vez que cê vai, uma parte fica
Só pra me assombrar

E por mais que eu queira, você não é minha
Ainda

Se eu der bobeira
O que não falta é marmanjo na fila
Torcendo pra gente não vingar...


Capítulo 26 - “Você pode encontrar alguém melhor, alguém pior, mas você só me encontra uma vez.”

Agora eu te peguei, desgraçado

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Agora eu te peguei, desgraçado...

—Eu sabia que esse cara não era santo.

—Ele tá é longe disso. Liz ficou deprimida por dias por causa das jóias roubadas. — Luccas ri amargo, e é óbvio que ele tá se mordendo de raiva por dentro. Ele ama demais a princesa, pra aguentar ver ela mal. — Quero matar esse desgraçado.

—O pai dele quase conseguiu fechar aquele acordo de patrocínio com a Maiara, foi graças a mim que ela não caiu nas tramóias dele. — Tom comenta, sorrindo vitorioso.

—Luccas, manda tudo isso pra mim. — mando, me levantando atordoado — Preciso ir, antes que Tatiana venha me encher meu saco.

—Tá bom cara. — assente e eu saio de lá, indo pro meu carro. Tatiana deve estar bem ocupada, não vou atrapalhar ela. Fora que quero ficar sozinho com meus pensamentos.

Só agora me caiu a ficha. Aquele filho da puta pode fazer mal a Clara, e como a Madre Tereza que ela é, nunca vai desconfiar de seu passado.

—Porra! — rosno, batendo no volante do carro furioso.

E se aquele desgraçado tentar fazer mal a ela? E se ele abusar dela? Não. Não. Não.

Eu vou dar um jeito. Eu vou proteger ela.

Peguei meu celular, e comecei a ler o documento.

Nathaniel Ferreira”

Filho dum joalheiro charlatão. Nathaniel cresceu vendo os roubos e as tramas de seu pai, obviamente filho de peixe, peixinho é. Nathaniel passou a comandar os “negócios” quando seu pai ficou doente, começou a mexer com gente errada, como agiotas e traficantes; criou uma espécie de pirâmide, e os negócios começaram a fazer sucesso no Brasil inteiro. Ele ganhou muita grana e abriu cassinos e casas noturnas (claro, como chefe anônimo), ficou abismado com o tanto que havia expandido e lucrado com tudo aquilo. Tudo estava indo bem, mas como nada é pra sempre, as coisas começaram a desandar; Os negócios diminuíram, e o dinheiro estava acabando, até que seu pai morreu a poucos meses, deixando sua herança inteira pro filho único, mas em seu testamento ele decretou que sua herança só seria entregue ao filho quando ele se casasse com uma “moça pura e bela”. O velho queria uma virgem bonita, dizem que é para se exibir aos demônios no inferno, da beleza de sua nora e netos, mas acredito que seja por tradição, o velho podre parecia viver em 1800 e bolinhas... E não queria que o filho se casasse com uma rodada. Queria alguém pura, que fofura não? Não, nunca. Ele só queria que cobiçassem a mulher do filho, por orgulho próprio. Boatos, boatos, boatos... Nathaniel ficou furioso com o falecido pai, ele estava sem dinheiro e não podia pegar a herança. Ele tentou encontrar mulheres virgens, mas foi impossível. Até que ele viu a garota bela, de cabelos longos, inocente, e caridosa... Ana Clara. Onde ele podia crer fielmente que era virgem, por ser dedicada e cuidadosa com as coisas religiosas, então não perdeu tempo, se disfarçou e enganou a todos com aquele cabelo galego desajeitado.

Porra.

Ele pretende tocar nela? Acho que não li direito...

Caralho, ele pretende casar com ela. Por uma herança. POR UMA PORRA DE HERANÇA.

—FILHO DA PUTA! — Grito batendo no teclado do notebook com força, oque fez algumas teclas ficarem amassadas.

Minha mão dói, mas meu peito tá doendo mais. Eu quero mata-lo, eu vou mata-lo.

Não importa oque me aconteça.

Ele não vai abusar dela.

Ela não faz ideia disso.... Burra, burra, burra....

Eu preciso encontrar ela. Preciso avisar. Não posso arriscar que ela se machuque com ele, ele não sabe tratar uma mulher, pra ele são só brinquedos que ele joga fora quando quer, e bate quando não querem funcionar.

—Sandiego, vamos embora. — Tatiana aparece me assustando, entrando no carro.

—Caralho Tatiana. Quer me matar? — pergunto alto, inconformado.

—Você tava distraído, eu não tive culpa. — se defende, pondo o cinto de segurança. — tá vendo oque aí?

—Nada. — fecho a tela do notebook rápido, ela vai ficar me perturbando com esse assunto se ver.

—Então vamos embora logo, tô cansada... — resmunga, e eu guardo o notebook. Ligo o carro e dirijo pra casa.

Chegamos e eu logo estacionei o carro, saí contrariado, batendo a porta com força. Tatiana me olhou feio e começou a digitar algo no celular, passei direto por ela, indo tomar banho.

Tomei banho tentando relaxar, mas nada me fez tirar da cabeça oque li. Não vai dar, preciso beber. Tenho que beber, não vou aguentar pensar nessa porra sóbrio.

Me vesti, e saindo do banheiro encontrei Tatiana sentada na cama mexendo no celular, e como eu queria que fosse Clara orando alí, pelomenos mais uma vez.

Sai do quarto, indo pra cozinha beber a garrafa de whisky já aberto. Me sentei e virei a garrafa no gargalo mesmo, senti a garganta queimar, e meus olhos lacrimejaram pela ardência. Peguei outra garrafa, dessa vez peguei um copo também. Comecei a beber um copo, dois, três, quando vi, já tinha secado a garrafa, me levantei pra pegar outra garrafa, mas cambaleei e derrubei as outras duas garrafas secas no chão.

—Porra... — resmunguei, embriagado.

Ouvi os passos vindo do quarto até mim, cocei os olhos frustrado, olhando pra figura á minha frente.

—Diego! Está bêbado? Seu idiota, eu te disse que não era pra mais beber! — ouvi sua voz doce, vindo até mim me olhando com reprovação.

—Amor... — sorri torto, tonto.

Isso só podia ser um sonho, além de estar vendo Clara alí, estava vendo três Claras...

—Ja está bêbado, seu idiota. Vem, vou te levar pro quarto.  — me joguei em seus braços, agarrando ela e sentindo o cheiro de Tatiana.

—Trocou de perfume foi?... — resmunguei sorrindo, beijei seu pescoço e senti ela se arrepiar.

—Sandiego me solta, você está bêbado.

—Clara, eu senti tanta sua falta.... — chorei, apertando ela contra mim. Seu corpo estava diferente, tinha mais curvas, estava com a postura relaxada e seus cabelos estavam num coque alto e desajeitado. Fiz questão de solta-lo.

—Me larga. — ela me empurrou e eu desci minhas mãos pra sua cintura, me afastando apenas pra olhar seu rosto, notei que seu cabelo não bateu em minhas mãos, e pisquei confuso. — Eu não sou a Clara.

Era Tatiana.

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