17 - Até breve.

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🖇 | Boa leitura!

C E L I N E

Estou comendo por ansiedade, sei disso. Não tem um só garçom que passou por mim sem deixar pelo menos três ou quatro amostras do que estão servindo. Pelo menos eu posso usar a desculpa da gravidez e evitar que as pessoas me olhem como se eu não tivesse modos. Tenho modos, só não estou em condições de usá-los.

— Isso aqui está uma merda. — Samantha diz fazendo uma careta depois de dar um gole em seu drink cor e rosa. — Esse barista não sabe fazer um drink.

— Não diga isso muito alto ou a Lexie vai obrigar você a trabalhar também. — Jett a adverte. — Nem acredito que ela vai nos fazer tocar.

— Como ela pegou os instrumentos e vocês não viram? — Vinnie pergunta confuso.

— Bom, deve ser porque todos nós temos uma cópia da chave e porque ao contrário de nós, Lexie não tem um emprego fora da casa de shows e usou o seu tempo livre para roubar as nossas coisas. — Josh explica.

— Eu disse pra ela não tocar mais na minha guitarra. — Vinnie bufa.

— Quem disse que ela tocou? — Jett ri. — Pagou alguém para carregar.

Não presto mais atenção na conversa quando olho em volta e encontro aqueles olhos castanhos em cima de mim. James me encara por cima da taça de champanhe com uma expressão de seriedade que não consigo decifrar direito. Tudo o que sei é que ele precisa parar ou eu vou falhar no plano de ignorá-lo.

É claro que não quero ter contato com ele, mas ainda há a questão dos e-mails que ele não respondeu e no quanto estou desesperada para obter resultado. É literalmente uma questão de vida ou morte e eu estou disposta a fazer um pacto com o diabo – posso chamá-lo assim – para ajudar a Maria. Mas como abordar isso sem chamar atenção? Sem deixá-lo tão nervoso que ele vai deixar estampado que tem alguma relação mal resolvida comigo? Não quero que ele se irrite e tenha motivos para me ignorar ainda mais.

James me olha de um jeito sugestivo e então caminha para fora do salão de festas. Entendo isso como um sinal para que eu o siga e resolvo ir em frente. Deixo o resto do bolinho que não comi sobre uma mesa ao nosso lado e me preparo para me afastar.

— Ei. — Vinnie segura a minha cintura impedindo que eu continue a andar. — Onde vai?

— Procurar um banheiro. — minto.

— Quer que eu te acompanhe? Essa casa é enorme, você pode se perder.

— Não, não precisa. — sorrio sem jeito. — Tenho certeza que tem um funcionário pago especialmente para nos mostrar aonde ir. Eu já volto. — beijo o seu rosto e não espero que ele responda.

Sigo para a direção onde vi James ir. Estou num largo corredor cheio de estátuas gregas horrorosas e quadros mais horrorosos ainda nas paredes. São sem vida, sem cor, sem qualquer emoção. Paro diante da pintura de um deserto com uma única mulher vestida de cinza que derrama uma lágrima solitária.

— Que desperdício de tempo e talento. — digo num suspiro.

— Você sempre gostou mais de cores e alegria. — uma voz profunda diz atrás de mim.

Giro lentamente em meus calcanhares até estar frente a frente com o James. Ele me olha de cima a baixo e abre um sorriso fraco.

— Olha só, é a vez do amarelo.

Ele sabe do meu lance com as cores. Quando estava com ele, só usava vermelho porque estava apaixonada, ou achava que estava. Acho que aquilo foi só uma triste e decadente ilusão. Um desperdício de vermelho.

Beautiful Girl ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora