14 - Papais e mamães.

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🖇 | Boa leitura!

V I N N I E

Faz uma semana que eu beijei a Celine e faz uma semana que a gente finge que isso não aconteceu. Não foi o nosso primeiro beijo, mas pareceu ser porque pareceu mais real, tinha mais sentimento, mais desejo e mais necessidade de ambas as partes. Mas eu me arrependi assim que ela recuou. Notei que fiz algo que não devia, que avancei sobre alguém que desde o início deixou claro que iria querer demais do seu próximo relacionamento e isso requer um compromisso que eu não sei se posso aceitar na minha atual situação.

Estou sentado ao lado da cama da minha mãe vendo-a dormir enquanto penso em tudo isso. Me sinto mais cansado do que nunca porque virei as madrugadas dos últimos dias enfiado de cabeça nos casos que estou representando. É coisa demais para uma pessoa só, mas eu preciso acabar com isso rápido e mais do que nunca, preciso de todo o dinheiro enorme que isso vai me render porque a conta do hospital está começando a se acumular. É claro que eu não deixei a minha mãe saber disso, não quero que ela se preocupe, quero que dê tudo de si para se recuperar.

Ontem à noite, desabafei com a Celine sobre isso durante o jantar. Ela sugeriu que eu procurasse um plano de saúde melhor ou um convênio médico. Expliquei que as minhas tentativas foram falhas e que trocar o plano de saúde de alguém que já está severamente doente é praticamente impossível. Ela ficou com um olhar pensativo e eu podia quase ouvir as engrenagens girando em seu cérebro. Não dissemos mais nada, mas eu sabia que ela estava tendo alguma ideia, mas talvez não tivesse certeza se daria certo e por isso não me contou. Resolvi que vou esperar para ver.

— Vinnie? — ouço minha mãe me chamar com a voz sonolenta.

— Oi, mamãe. — levanto e sento na cama ao lado dela depois de ajustar a inclinação para que ela fique sentada. — Como se sente?

— Como se tivesse corrido uma maratona sem ter saído dessa cama. — abre um sorriso fraco. — Você parecia meio distante sentado ali. No que estava pensando?

Não quero falar sobre as contas, então vou pela parte mais simples e ainda assim verdadeira.

— Celine.

— Ah! — o sorriso dela se abre ainda mais. — Ela esteve aqui anteontem. Está cada dia mais linda, não acha?

— Sim. — concordo.

— Você gosta dela?

Fico quieto e abro a boca algumas vezes tentando pensar em uma resposta. Eu gosto dela. Muito. Mais do que pode ser considerado seguro. Mas eu estou pronto para admitir para outra pessoa?

— É complicado. — digo somente.

— Entendo. — me olha pensativa. — Só quero que você fique ciente de que se quiser fazer isso, não é só da Celine que você vai cuidar.

— Eu sei, mãe. — respiro fundo. — É a coisa que eu mais sei.

Ela estica a sua mão até a minha e a segura de forma carinhosa.

— Espero que não esteja se reprimindo por minha causa. Eu quero que você viva.

— E eu quero viver. Mas eu não posso prometer um tempo que eu não tenho para algo tão importante. Não posso dizer que vou ser algo grande para essa criança quando sei que provavelmente cumprir esse papel vai ser impossível. Não quero que ela se sinta abandonada de novo.

— É um pensamento muito sábio, mas muito triste.

— Me fala de você. — quis mudar de assunto. — Como vão as aulas de francês gratuitas?

Beautiful Girl ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora