Beautiful Girl ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳ

35 - Com amor, maman.

🖇️ | Boa leitura!

V I N N I E

Minha mãe e eu somos oficialmente os franceses mais turistas que a França já viu. Não nos limitamos apenas à Paris, mas as cidades dos arredores também foram visitadas aos fins de semana. Não paramos em casa por muito tempo, já que nossa única meta atual é ver e fazer o máximo de coisas possíveis juntos. Está sendo uma experiência e tanto, e durante o dia quando estamos só nos divertindo, eu me permito esquecer as razões de estarmos aqui. Parece mais fácil quando você não coloca um prazo de validade nos bons momentos.

Hoje Bela está completando três meses e eu estou gravando um vídeo para mandar para a Celine. Achei genial quando ela me contou que queria gravar uma mensagem de todos enquanto a Bela cresce.

Minha mãe e eu estamos no banco de um dos parques naturais de Paris, sentados perto do lago cheio de patos onde algumas pessoas os alimentam. Minha mãe também diz algumas coisas para o vídeo, dá conselhos de vida e pede que Bela aproveite cada segundo com as pessoas que ama.

— Feliz três meses, menina linda! — mando um beijo para a câmera. — Vejo você em breve.

Paro de gravar e envio o vídeo para a Celine, logo depois peço que ela não esqueça de me mandar as fotos do mêsversário. Já é o terceiro e eu sei que vai doer olhar para tudo isso e não ter podido estar lá.

Bela está crescendo rápido e ficando cada vez mais atenta ao ouvir minha voz em uma chamada de vídeo. Ela continua procurando por mim quando eu falo com ela e isso enche o meu coração de amor e me deixa tranquilo por saber que ela não me esqueceu.

— Ah, não! — ouço minha mãe exclamar e ergo os meus olhos do celular para saber do que se trata. — Coitadinho. — ela coloca a mão sobre o peito enquanto olha em direção ao lago.

Tem um menino de mais ou menos cinco anos chorando desesperado enquanto mostra o dedo indicador para a sua mãe.

— O que houve? — pergunto.

— Ele tentou tocar em um dos patos e foi bicado. — minha mãe explica sem tirar a atenção deles. — Você fez isso uma vez, sabia? — solta uma risadinha.

— Fiz? — sorrio de canto. — E como foi? — também estou olhando a interação da criança com a sua mãe.

— Assustadoramente parecido com isso.

A mãe da criança está agachada perto dela e diz algumas palavras que parecem de conforto, porque o filho balança a cabeça positivamente diminuindo o seu pranto. Minha mãe e eu assistimos em silêncio enquanto ela beija o machucado dele, depois sua testa e por fim o ergue em seus braços e se aproxima novamente dos patos.

— O que ela está fazendo? — franzo o cenho.

— Impedindo que ele desenvolva medo de algo inofensivo.

E realmente parece dar certo. O menino desce do colo da mãe e volta a alimentar os patos dessa vez com ela mantendo-se perto. Talvez ela tenha explicado que não se deve tocar nos animais e que o pato estava apenas se defendendo. Lembro-me vagamente da voz da minha mãe falando algo parecido para mim.

— Algumas pessoas não sabem lidar com os próprios filhos. — minha mãe começa. — Querem protegê-los de tudo e todos, esquecem que um dia eles terão que caminhar sozinhos. Você não pode criar uma pessoa afastando ela do perigo sempre que ele está perto. Como ela vai aprender a se defender quando você não puder defendê-la?

— É por isso que eu tenho mais cicatrizes nos joelhos do que a maioria das pessoas? — rio.

— Você gostava muito de escalar, correr, pular... Nunca gostou de ficar parado. E isso foi ótimo, hoje você raramente se machuca por descuido, não é?