𝐎 𝐄𝐧𝐜𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐚 𝐒𝐞𝐫𝐩𝐞𝐧𝐭𝐞 | ᶜᵒʳⁱᵒˡᵃⁿᵘˢ ˢⁿᵒʷ ˣ ˡᵘᶜʸ ᵍʳᵃʸ

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O papel de um Chefe Idealizador consistia em tornar os Jogos Vorazes anuais espetaculares, sangrentos e assustadores, enquanto ainda mantinha uma aura de diversão. Quando a monotonia se instalava, sugeriam-se novos elementos, como incêndios, tsunamis ou mutações na arena. Contudo, para Coriolanus, não era um trabalho gratificante. Lançar adolescentes armados na arena para se matarem não exigia habilidades específicas. Ele queria mais!

Como chefe dos Idealizadores, ele implementou inovações, como transmissões completas para os distritos e recompensas coletivas pela vitória de um tributo. A ideia de premiar o vencedor com uma casa na Aldeia dos Vitoriosos atraiu uma classe melhor de tributos. No entanto, apesar do sucesso, Coriolanus achava tudo entediante e não via nisso, o poder, o domínio, entretenimento ou aprendizado que ele pretendia conseguir para chegar um dia a presidência de Panem.

Ele não era alguém inclinado a se deleitar frequentemente com o sofrimento alheio, diferenciando-se notavelmente dos outros idealizadores, da ex-chefe Dra. Gaul e até mesmo do presidente Ravinstill. No entanto, ali estava ele, ocupando obedientemente seu lugar no trono do "exército" de idealizadores no auditório do Heavensbee Hall.

Coriolanus assumia essa posição porque precisava manter uma boa relação com o presidente. Assim, obedecia ao chamado das sessões de tortura, testemunhando o sofrimento, os gritos, o sangue e o terror dos rebeldes. Sua permanência ali se estendia até que tudo terminasse, permitindo-lhe então dirigir-se à sala onde os Idealizadores elaboravam novos obstáculos para os tributos na arena do 14º Jogos Vorazes.

Enquanto a Capital fervilhava com entusiasmo, Coriolanus recebia crédito pela reformulação dos jogos, um motivo de orgulho para Strabo Plinth, que o considerava como um filho, embora nunca tenha sido chamado de pai. Coriolanus, por sua vez, jamais abriria mão do sobrenome Snow.

— Tragam as rebeldes! — ecoou a voz vivificada de Ravinstill pelo auditório.

Os pacificadores se moveram com precisão militar enquanto dois deles erguiam o corpo sem vida de um rebelde do Distrito 8, os braços inertes balançando com morbidez. O chão de mármore frio e impecável agora estava manchado de sangue, um testemunho mudo do sofrimento recente. Eles arrastaram o corpo pela longa extensão do auditório, seus passos ecoando nas paredes enquanto desapareciam por uma porta lateral. O ambiente ainda parecia vibrar com a energia residual dos gritos e da violência.

Simultaneamente, as pesadas portas duplas do fundo do auditório se abriram revelando duas figuras que imediatamente capturaram a atenção de todos presentes. A expressão de Coriolanus, habitualmente entediada e intocável, sofreu uma leve alteração, um franzir quase imperceptível do cenho.

Primeiro, ele viu Barb Azure Baird, arrastada por correntes que limitavam cruelmente seus movimentos. O vestido xadrez azul, que em outra época poderia ter sido considerado encantador, agora estava marcado pela dor e pelo desgaste. Sua expressão era um contraste doloroso com a última vez que Coriolanus a tinha visto. O brilho da juventude fora substituído por um olhar assombrado.

Atrás dela, uma visão que fez Coriolanus prender a respiração. Seu olhar foi imediatamente atraído pelo vestido verde-escuro, os babados ondulando suavemente a cada movimento. Mesmo desgastado e desbotado, ele reconheceu a peça instantaneamente. Era o mesmo vestido que Lucy Gray Baird usara no palco do Distrito 12, durante sua designação como pacificador. Quatro anos haviam passado, mas a lembrança estava gravada de forma indelével em sua mente.

Lucy Gray Baird. Mesmo com o tempo deixando suas marcas, ela permanecia inconfundível. As memórias vieram à tona, uma avalanche que ele preferia manter soterrada. Ela era a passarinha por quem ele trapaceou nos Jogos Vorazes, a mesma que tentou matá-lo com uma serpente. A visão dela ali, naquele momento, evocava emoções complexas e conflitantes, um eco persistente de um passado que ele desejava deixar enterrado.