17.

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━━━━━━ • Lucy Gray Snow • ━━━━━━

Lucy Gray observou seu reflexo no espelho do banheiro, seus olhos cansados refletindo a imagem de alguém que ansiava por escapar da agitação. Estava determinada a sugerir a Coriolanus que deixassem a festa e voltassem para casa; a celebração já se estendia por tempo demais para o seu gosto.

Enquanto ajustava a alça do vestido, uma voz feminina surgiu atrás dela.

— Vestido bonito.

Lucy Gray virou-se para encontrar uma mulher de cabelos escuros como os dela, mas com uma mecha branca na frente. Ela havia saído de uma das portas.

— Obrigada — respondeu, tentando ser simpática. No entanto, a verdade era que ela não tinha paciência para lidar com as formalidades e superficialidades daquela festa. Cada risada alta e conversa superficial parecia uma invasão em sua busca por tranquilidade.

A mulher sorriu, um sorriso que parecia pertencer mais ao jogo político do que a uma genuína apreciação pelo vestido de Lucy Gray. Certamente, aquela mulher sabia que estava falando com a esposa de Coriolanus Snow. Todos o bajulavam, e isso agora respingava nela de alguma forma. O olhar delas se cruzou por um breve momento no espelho.

Quando Lucy Gray fez menção de sair, um estrondo ensurdecedor ecoou pelo corredor. A porta do banheiro abriu-se violentamente, fazendo-a cair para trás, a poeira levantando-se e cobrindo tudo ao redor. Lucy Gray, desnorteada, não conseguia enxergar praticamente nada. Ela se levantou rapidamente, correndo para perto da mulher que estava ali antes, e ambas se encolheram juntas.

No tumulto da explosão, o fogo começou a alastrar-se pelo corredor. Lucy Gray mal teve tempo de processar o caos ao seu redor, pois, no instante em que se deu conta disso, duas figuras surgiram da fumaça, trajando máscaras de gás. Elas entraram no banheiro, adicionando uma camada de pânico à já caótica cena. A mulher ao lado de Lucy Gray apertou-lhe a mão com força, e a expressão de ambas misturava confusão e medo.

Uma das pessoas, envolta em uma máscara de gás, a tirou rapidamente e pronunciou o nome dela:

— Lucy Gray! Lucy Gray?

Ela reconheceu de imediato a voz.

— Plutarch!

Ele deu um sorriso tranquilizador.

— Você vem conosco.

A outra pessoa seguiu o exemplo, removendo sua máscara de gás. Era uma mulher que Lucy Gray logo reconheceu, e foi nesse momento que ela entendeu tudo o que estava acontecendo. Mas não havia tempo para conjecturas.

— Johanna?

Plutarch estendeu a mão para ela, convidando-a a segui-los. No entanto, em vez de avançar, Lucy Gray recuou, seus olhos fixos na mulher que estava ao lado dela.

A desconhecida estava no chão, encolhida, e o que parecia ser sangue manchava seu braço. Ela tremia de medo, seu olhar expressando uma mistura de dor e apreensão diante da situação inesperada.

— Precisa sair daqui — Lucy Gray insistiu, gentilmente fazendo com que a mulher se levantasse.

No entanto, a desconhecida estava tão assustada que, ignorando os apelos de Plutarch para que não corresse, passou por eles correndo em direção ao corredor que dava acesso ao salão. Tudo aconteceu muito rápido.

Lucy Gray assistiu, impotente, enquanto a mulher era atingida por uma chama que começou a se espalhar rapidamente por seu corpo. O horror congelou seu coração diante da cena mais terrível que poderia testemunhar.

𝐎 𝐄𝐧𝐜𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐚 𝐒𝐞𝐫𝐩𝐞𝐧𝐭𝐞 | ᶜᵒʳⁱᵒˡᵃⁿᵘˢ ˢⁿᵒʷ ˣ ˡᵘᶜʸ ᵍʳᵃʸOnde histórias criam vida. Descubra agora