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━━━━━━ • Coriolanus Snow • ━━━━━━


Coriolanus abriu os olhos lentamente, sentindo o peso suave de Lucy Gray ainda sobre seu peito. Ela estava agarrada a ele, a respiração quente e tranquila em seu pescoço. Seus cabelos escuros, macios e cheirosos, roçavam seu rosto, trazendo um perfume doce que o envolvia. Por um momento, ele ficou ali, parado, admirando aquele momento de quietude. Então, com cuidado, tentou se mover sem acordá-la, a fim de ajeitá-la na cama para que ela ficasse mais confortável. A sensação de estar tão perto dela, era algo que ele queria gravar na memória.

Ele olhou para o rosto delicado de Lucy Gray, a luz fraca que vinha do corredor do bunker, iluminando suas feições serenas. O coração dele apertou ao pensar que logo partiria para a Capital. Era o dia em que ele deixaria para trás aquele pequeno refúgio e, ao mesmo tempo, a certeza de que as coisas entre eles nunca seriam simples. Ele cobriu Lucy Gray com o lençol, cuidando para não a despertar, e se levantou. A manhã fria o acolheu enquanto ele vestia uma calça simples e, em silêncio, se dirigia até o berço de Katniss.

Sua filha dormia serenamente, seus pequenos braços enrolados na manta, respirando suavemente. Coriolanus pegou uma cadeira, se sentou ao lado do berço e ficou observando Katniss. Na noite anterior, haviam buscado a menina no apartamento de Tigris e Plutarch, antes de descerem para o jantar no refeitório.

Foi então que ouviu a voz suave, rouca de sono, de Lucy Gray.

— Coriolanus? — Ela se despertou aos poucos, procurando por ele com o olhar confuso.

Ele sorriu, sem se mover do lugar, mas olhando de volta.

— Ei, estou aqui — respondeu com calma, tentando aliviar a inquietação dela.

Lucy Gray soltou um suspiro, como se tivesse aliviado uma pressão que nem sabia que existia. Coriolanus então se levantou da cadeira, foi até ela, e de joelhos na cama, a puxou para seus braços com carinho. Ela se aninhou contra ele, os olhos fechando em uma expressão de conforto, enquanto ele a envolvia com força, sentindo o calor dela.

Ela ergueu o olhar para ele, e uma lágrima solitária escorreu por sua bochecha.

— Eu pensei que você já tinha ido.

Coriolanus a segurou mais firme, sentando-se na cama e a trazendo para o seu colo, para que ficasse mais próxima.

— Eu não iria embora sem falar com você. Além disso, ainda temos um pouco de tempo.

— É tão injusto. — Ela murmurou, com a voz quase inaudível, mas carregada de uma frustração que ele bem conhecia.

Ele acariciou seu rosto, com um toque suave, e beijou seus lábios com ternura.

— Eu sei. — olhou diretamente nos olhos dela. — Eu vou voltar para você. Não chore.

Lucy Gray o abraçou com mais força, enquanto ela murmurava quase em um sussurro:

— Eu odeio aquele homem.

— Eu também. — Ele a beijou novamente, mais intensamente dessa vez, antes de, com relutância, se afastar. — Prometo que tudo vai acabar. Nós ficaremos bem.

O momento foi interrompido pelo choro suave de Katniss, que acordava, sentindo falta de sua mãe. Lucy Gray sorriu, ainda com os olhos marejados, e se levantou, indo até o berço.

— Parece que alguém quer ficar um pouco com o papai dela.

Ela pegou Katniss nos braços, ficando na ponta dos pés descalços, e Coriolanus, encantado com a imagem dela, não conseguiu conter um sorriso. Era tão graciosa até nos momentos mais simples. Lucy Gray, com a delicadeza que lhe era característica, fez a bebê parar de chorar, baixando as alças da camisola e começando a amamentar. A cena era tão íntima, tão cheia de amor, que ele quase se sentiu um intruso, mas também sentia uma paz indescritível ao olhar para elas.

𝐎 𝐄𝐧𝐜𝐚𝐧𝐭𝐨 𝐝𝐚 𝐒𝐞𝐫𝐩𝐞𝐧𝐭𝐞 | ᶜᵒʳⁱᵒˡᵃⁿᵘˢ ˢⁿᵒʷ ˣ ˡᵘᶜʸ ᵍʳᵃʸOnde histórias criam vida. Descubra agora