Capítulo Três

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Cheguei do trabalho perto das 18:00. Entrei em casa e fui diretamente ao meu quarto, tomei um banho e já vesti um pijama.

Peguei a minha bolsa e peguei o ultrassom que eu havia feito pela manhã. Sorri ao olha-lo, sabendo que, mesmo que não fosse totalmente visível, meu pequeno estava aparecendo ali.

Bati uma foto e mandei para Jimin, achando que talvez ele fosse gostar de ver aquilo.

Após mandar a foto, eu saí do quarto e desci as escadas passando na sala apenas para deixar o meu celular, indo para a cozinha em seguida.
Esquentei a comida que havia sobrado do dia anterior e assim que estava aquecido, eu coloquei em um prato e voltei para a sala. Assim que cheguei na sala, meu celular começou a tocar, atrapalhando o meu horário de jantar.

Olhei no visor do celular e vi que se tratava de Jimin.
Deslizei o dedo na tela e atendi a ligação, levando o celular a orelha.

— Oi — falei me sentando no sofá.

Por que não me avisou que ia ao médico? — falou sem ao menos me dar oi.

— Sim, Jimin. Seu filho está bem e é saudável — falei e ouvi ele suspirar.

Você pode responder a minha pergunta? —falou em um tom mais sereno.

— Eu precisava avisar? — perguntei e ele riu soprado. — Eu ao menos sabia que você queria saber sobre essas coisas.

Óbvio que eu quero, eu falei aquele dia para você — fez um muxoxo. — Eu queria ter ido junto na primeira consulta.

— Você não me falou nada sobre isso.

E você não perguntou.

— Ok, Jimin. Eu não sabia que você queria ir, da próxima vez eu aviso, pronto. Satisfeito? — rolei os olhos.

Não! — negou. — Eu queria ter ido desde a primeira.

— Você precisa falar as coisas, por que eu ainda não tenho o poder de ler mentes ou adivinhar as coisas.

Talvez esse seja o seu problema, sempre achar que sabe das coisas, mesmo quando não sabe de coisa alguma.

— Olha só, Jimin. Eu não quero discutir por mais uma coisa idiota, eu quero ter uma gravidez tranquila. Não quero que essas idiotices atinjam o meu filho.

Nosso filho — falou dando ênfase na palavra nosso. — Pare de agir como se o filho fosse apenas seu.

— Pelo amor — eu ri e passei a mão no rosto. — Pare de agir como uma criança birrenta por não terem feito o que você quis, Park Jimin. Aja como um adulto e aprenda a conversar direito.

E você aprenda a ouvir a verdade — esbravejou.

— Eu te mandei a foto do ultrassom, achando que você iria gostar de ver e talvez até achasse que eu receberia alguma mensagem sobre isso, mesmo que fosse apenas um coração por ter visto o primeiro ultrassom do seu filho — falei desapontada. — Mas a única coisa que recebi foi uma ligação para outra discussão, até mesmo atrapalhando o meu jantar. Eu acabei de chegar e estou exausta, ainda mais exausta dessas discussões com você — suspirei. — Era simples, você poderia apenas ter mandado uma mensagem, ou poderia ter ligado mesmo, dizendo que queria ter ido junto e dizendo para eu avisar das próximas vezes. Simples!

Ouvi ele suspirar e ficou em silêncio.

— Da próxima vez eu aviso você, eu apenas achei que você não iria querer ir, não sabia mesmo que você gostaria de acompanhar essa parte. Foi um erro meu não avisar, mas você não pode me condenar, por que você também não me falou que queria ir. Me desculpa não ter avisado você, Jimin.

Jiyeon... — ele falou aparentando estar mais calmo.

— Eu vou desligar, outra hora nós conversamos — falei mexendo os hashis na comida. — Estou com fome e sabemos que nossa conversa não vai levar a lugar algum.

Certo — assentiu.

— Tchau Jimin.

Me despedi e desliguei.
Suspirei frustrada e encarei a televisão desligada.

Fiz um muxoxo e neguei com a cabeça, voltando a atenção a minha comida. Decidi assistir algo enquanto jantava, acabei escolhendo algo aleatório que passava por um canal.

Logo o meu celular vibrou, entrando algumas mensagens. Esperei terminar de comer, para só daí pegar o celular e checar as mensagens.
Desbloqueei o celular e abri as mensagens dele.

~

Jimin: Me desculpe, Jiyeon. Você tem razão.

Jimin: Eu não falei nada sobre isso e não tinha como você adivinhar.

Jimin: Eu fiquei chateado achando que você havia feito de propósito, não querendo que eu fosse com você.

Jimin: Esse ultrassom é a melhor coisa que eu já recebi...

Jimin: Eu sempre soube que eu ficaria bobo vendo o ultrassom do meu bebê quando eu tivesse um.

Jimin: Mas fiquei ainda mais do que eu sequer podia imaginar.

Jimin: Obrigado por me mandar, mesmo sem saber se eu o queria ou não.

Jimin: Eu quero mesmo poder acompanhar tudo, é importante para mim. Mas eu também não posso te forçar a ter a minha companhia.

Jimin: Eu vou me esforçar de verdade para podermos ter uma convivência melhor, pelo nosso bebê.

Jimin: Boa noite, Jiyeon.

~

Suspirei e encostei as costas no estofado do sofá.
Aquilo não fazia eu me sentir melhor. O ocorrido a minutos atrás era mais uma prova de que nossa convivência não seria boa, nunca voltaria a ser. Nós tentamos por meses melhorar e voltarmos a ser como antes, mas nunca deu certo, por que agora daria?

Eu só esperava que nós conseguíssemos nos controlar, eu não queria que meu bebê pudesse sentir aquelas discussões idiotas. Eu queria mesmo ter uma gravidez tranquila.

Mas eu ficava feliz de Jimin querer participar dessa forma na vida do nosso bebê. Logo que descobri a gravidez, eu temia que ele fizesse algo como sei lá, ignorar tudo isso. Óbvio que eu sabia que Jimin não faria isso, fora que o sonho dele sempre foi ter um filho. Mas nós estamos tão perdidos, que eu já chegava a pensar algumas coisas distorcidas sobre ele. Era óbvio que ele iria querer o bebê e com toda certeza do mundo ele jamais me pediria para abortar, a não ser que fosse da minha vontade, mesmo que ficasse relutante, ele queria mesmo um filho.

Casamento DesgastadoOnde histórias criam vida. Descubra agora