Capítulo Trinta e Um

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Mais um dia se passou. Eu estava na cozinha, arrumando as coisas no armário, que na verdade não estavam bagunçadas.

É, eu estava fazendo de tudo para evitar Jimin. E na verdade eu nem sabia direito o por que de eu estar fazendo isso.

O clima entre nós estava entranho, desde quando chegamos em casa depois da festa na sexta-feira.

Era pouco mais de uma da tarde, nós já havíamos almoçado, e Hyun estava dormindo no quarto dele. Quanto a Jimin, eu não tinha ideia do que estava fazendo, ou sequer em que cômodo da casa ele se encontrava.

Mas como se tivesse lido a minha mente, ele entrou na cozinha e se encostou no armário ao meu lado.

— O que foi? — perguntei ao ver ele me olhando.

— Eu arrumei isso ontem — fez sinal para as coisas que eu fingia organizar.

— Eu estava limpando...

— Eu fiz isso também — ergueu as sobrancelhas. — Está me evitando por que?

— Não estou te evitando — me fingi de desentendida.

— Aish, Jiyeon — ele riu. — Conheço você melhor do que ninguém.

Eu fechei as portas do armário e virei para ele, cruzando os braços.

— O que você quer, Jimin?

— Que esse clima estranho suma — me fitou. — Nós estávamos tendo uma relação tão boa, não quero que isso acabe.

— Para mim está tudo normal — menti, encolhendo os ombros.

— Não minta, Jiyeon — ele cruzou os braços. — Você está agindo estranho desde viu eu conversando com a Lina na festa. Por que?

Eu ri soprado.

— Ok, Jimin. Vou falar o motivo — me aproximei. — Tudo que eu sentia por você enquanto estávamos juntos, ainda sinto tudo na mesma intensidade — seus ombros murcharam. — E eu não consigo controlar em não sentir tudo dentro de mim queimar em saber que você tem outra pessoa.

— Jiyeon...

— Eu já disse, Jimin — o interrompi. — Você não me deve satisfações. E eu nem tenho direito de me sentir assim, é ridículo.

— Me escuta — segurou os meus ombros. — Por favor, me deixa falar.

Seus olhos fitaram os meus, em súplica para eu escutá-lo.
Eu continuei o encarando em silêncio.

— Não acho que seja ridículo você se sentir assim, por que eu também me sentiria se agora descobrisse que você tem alguém — aquilo parecia mais uma confirmação do que eu estava pensando, e senti meu coração apertar. — Nós dois ainda temos sentimentos um pelo o outro, e é normal sentir ciúmes.

Tirou as mãos dos meus ombros.

— E sobre aquilo com a Lina, eu juro que não é o que parece — ele sorriu sem graça. — Ela foi até ali para dar em cima de mim, e eu já estava de saco cheio das investidas dela. Já vinha pedindo a muito tempo isso, mas ela continuou. Na sexta-feira eu cheguei ao meu limite.

Eu franzi o cenho, não fazia sentido.

— Eu fiz aquilo como, sei lá — deu de ombros. — Apenas uma provocação à ela. Mas eu a demiti naquele mesmo momento.

Meus olhos se arregalaram.

— Ela havia falado algo de você, dando a entender que ela seria muito melhor para mim — ele rolou os olhos. —Quando eu me aproximei do rosto dela, o que eu fiz foi demiti-la. E ontem eu fui na empresa apenas para fazer isso, preparar a papelada da demissão dela.

Eu continuei em silêncio.

— Eu sempre te falei, Lina sempre foi apenas a minha secretária, e nada mais do que isso — ele suspirou. — Ela achou que eu estava brincando quando falei que dá próxima vez, ela seria demitida. Então fiz questão de ir na empresa, mesmo sendo a minha folga.

— Entendi — assenti.

Nós ainda ficamos alguns segundos nos encarando. Mas logo eu balancei a cabeça, saindo do meu transe.

— Vou ir ver Hyun — falei e me virei, saindo da cozinha.

Eu tinha mesmo que ir ver o meu filho,

Quando eu estava subindo as escadas, ouvi os passos de Jimin vindo atrás de mim.

— Jiyeon — ele me chamou e eu parei onde estava, na metade da escada. — Não fica assim comigo, por favor.

Eu o olhei por cima do ombro.

— Não volta a ficar distante — ele subiu as escadas até o degrau em que eu estava. — Nossa relação estava indo tão bem, não vamos deixar voltar ao que era antes. Não vamos deixar todo aquele clima voltar.

Com as duas mãos, ele segurou uma das minhas.

— Por favor — falou em um tom quase inaudível.

— Tudo bem — eu concordei. — Me desculpe agir dessa forma.

— Você não tem que se desculpar, Jiyeon — deu um aperto na minha mão. — Apenas vamos continuar normalmente como nos últimos meses — sorriu fraco. — Não vou suportar ficar assim com você novamente. Eu preciso de você.

Ele me fitou com intensidade, parecia ter mais coisas para falar, mas não tinha coragem.

Nós dois estávamos parados no meio da escada, nos encarando. E eu me encontrava hipnotizada pelos olhos de Park Jimin.

Em certo momento, seu olhar desceu até os meus lábios.

Eu estava tão absorta naquele momento, que não conseguia me mexer. E na verdade, eu não queria sair dali.

Eu queria que Jimin se aproximasse e me beijasse. Eu ansiava por aquilo a muito tempo, eu não podia negar.

Ele ia se aproximar mais, e talvez fosse fazer exatamente o que eu estava pensando. Mas o choro estridente do nosso filho soou pelo corredor.

Eu me afastei ainda mais, e ele soltou a minha mão. Ele passou a mão em seus fios e sorriu sem graça, desviando o olhar.

— E-Eu... — merda, por que eu tive que gaguejar? — Vou lá ver ele.

E subi o resto dos degraus, deixando Jimin para trás.

Entrei no quarto de Hyun, ainda ouvindo ele chorar.

— Oi amor — falei chegando perto do berço. — A mamãe está aqui.

Peguei ele no colo e o embalei devagar, o acalmando.

Logo ele parou de chorar, talvez apenas estivesse acordado, e chorou ao ver que estava sozinho no quarto. Parecia apenas não querer ficar sozinho.




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