Capítulo Quatro

522 42 3
                                    

Já era quase cinco da tarde, eu já estava dirigindo até minha casa, quando ouvi meu celular tocar.
No mesmo instante eu parei no sinal e pude pegar o aparelho para ver quem ligava. Era Jimin.

Eu atendi e coloquei no viva voz.

— Oi — falei ao atender a ligação.

Oi. Já está em casa? — perguntou.

— Ainda não, mas estou chegando, por que?

Comprei uma coisa e mandei entregar na nossa... — ele fez uma pausa. — Na sua casa. Já deve estar chegando.

— O que é? — perguntei curiosa.

Quando você chegar em casa, você descobre.

— Mas eu não entendi, por que você está mandando suas encomendas para casa?

Era estranho falar "minha" casa e não "nossa" casa, então eu preferia não usar nenhum dos dois.

Ai Jiyeon — ele riu. — É uma coisa, que não é para você, mas você vai gostar.

— Entendi — assenti. — E por que você não levou?

Sem tempo — eu levantei as sobrancelhas, nem sabia por que eu estava surpresa. — Se não eu teria levado.

— Certo.

Tenho que desligar. Tchau Jiyeon.

— Tchau.

Me despedi e ele desligou, por saber que eu estava dirigindo.

Dirigi o resto do caminho até em casa pensando em Jimin. Sim, eu sabia que nós não tínhamos que dar satisfação um para o outro. Mas aquilo me fez ficar pensando. Se ele não teve tempo de passar em casa para largar algo, teria tempo para ficar com o bebê?
Eu queria não pensar nesse tipo de coisa, e eu tentava não pensar, mas era mais forte do que eu.

Já faziam quase três semanas que eu contei a ele sobre a gravidez. E desde então nós não nos vimos mais, não tinha necessidade. Nosso único contato era de vez em quando por mensagens, por ele, me perguntando como eu estava e se estava tudo certo com o bebê. Ainda não me sentia bem em estar perto dele, por conta da briga que resultou na nossa separação. Eu via ele e automaticamente as palavras trocadas entre nós vinham a minha mente, e eu tinha certeza de que acontecia o mesmo com ele, apenas pelo seu olhar eu podia saber. Eu conheço Jimin melhor do que a mim mesma, sei quando ele está se sentindo desconfortável. O que é estranho, foram cinco anos de casamento, e agora agirmos dessa forma, é muito estranho. Mas era algo mais forte do que nós, ambos estavam magoados, e não sei se isso vai passar.

Eu já estava beirando os dois meses de gestação, e com a ansiedade aumentando cada vez mais. A sensação de ter um serzinho se gerando dentro de mim era surreal.

Assim que estacionei o carro na frente do portão da garagem, já avistei uma caixa na entrada da casa.
Peguei as minhas coisas e desci do carro. Me abaixei e peguei a caixa, que não era muito grande.

Entrei em casa e larguei tudo na mesa de centro, deixando para abrir a caixa depois de tomar um banho. Estava curiosa para saber o que era, mas precisava ao menos tomar banho primeiro.

Depois de tomar o banho e vestir o meu pijama, fui até a cozinha e coloquei um pacote de pipoca no microondas.

Enquanto a pipoca estourava, aproveitei para abrir a caixa que Jimin havia enviado.

Abri a caixa e assim que eu vi o que havia dentro, um sorriso se formou em meus lábios. Era um mobile de berço com vários bichinhos. Uma raposa, um leão, uma girafa, uma zebra e um elefante. Era lindo.

Só então eu notei que havia um pequeno bilhete escrito a mão dentro da caixa.

" Sei que é cedo e que você ainda não começou a montar o quarto. Mas não consegui resistir ao passar por uma loja e ver na vitrine. Acho que você vai gostar. Jimin"

É, ele estava certo, eu realmente gostei.

— Seu pai me estressa tanto — falei colocando a mão em minha barriga. — Mas ele também sabe como me deixar feliz com coisas simples assim.

Sorri mais ainda ao perceber que havia falado com o bebê, era uma coisa que eu já estava fazendo a tempo, e nem percebia quando falava, era automático. E eu amava estar assim. Desde o dia que descobri a gravidez, soube que dali em diante eu nunca voltaria a ficar sozinha, teria meu pequeno companheiro. Minha barriga era praticamente imperceptível, ainda era cedo, mas eu gostava de acariciar, e olhar no espelho toda vez que visto uma roupa mais justa, esperando que ela comece a ficar marcada logo. Eu não via a hora de isso acontecer.

Ainda fiquei um tempo olhando o presente de Jimin, completamente boba em pensar que meses mais tarde meu bebê estaria cuidando os bichinhos do mobile, deitadinho em seu berço.

Me distrai tanto ali que sequer consegui ouvir o barulho do microondas quando a pipoca já estava pronta.

Fui a cozinha para pegar o meu jantar e voltei para a sala em seguida. Antes de começar a comer, peguei o celular para mandar uma mensagem a Jimin.

~

Jiyeon: Obrigada por isso, Jimin.

Jiyeon: É lindo, e vai ficar ainda mais lindo no quarto quando estiver pronto.

~

Larguei o celular e comecei a comer a pipoca, enquanto procurava algo para assistir na televisão. Mesmo sabendo que eu não ficaria ali assistindo por muito tempo, logo eu arrumaria alguma coisa mais produtiva para fazer.
Coloquei um filme qualquer de suspense, mas logo no início já foi tirada a minha atenção, pelo meu celular entrando notificações. Peguei o celular e vi no visor as notificações, mais uma vez se tratava de Jimin.

~

Jimin: Eu sabia que você ia gostar.
Jimin: Fico feliz que tenha gostado.
Jimin: Nos vemos na sexta.
Jimin: Até lá.

~

Sexta-feira era a segunda consulta que eu iria ter, além dos exames que tive a algumas semanas, e Jimin iria junto, assim como ele tanto deseja.
Eu já estava morrendo de ansiedade para sexta, para finalmente poder ver o meu pequeno novamente, ouvir o seu coraçãozinho...

Casamento DesgastadoOnde histórias criam vida. Descubra agora