Capítulo Trinta e Quatro

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Mais uma vez eu parei na frente do berço e olhei para o meu filho dormindo.

Coloquei minha mão em seu rostinho, vendo se ainda estava quente. E ainda estava um pouco, me fazendo suspirar. Mas já estava melhor do que uma hora atrás.

No mesmo instante Jimin entrou no quarto e foi até onde eu estava.

— Ele já vai melhorar, Jiyeon — ele falou e eu me virei para ele.

— Eu não consigo deixar de ficar preocupada — formei um bico em meus lábios.

— Ele já está bem melhor — ele sorriu ladino, tentando me confortar. — E é apenas uma dor de garganta, não é nada muito sério, até por que nós estamos cuidando direitinho.

Eu fiz um muxoxo frustrado e me aproximei mais dele, passando os meus braços pela sua cintura.

— Você tentando me acalmar falando assim, até parece que não estava pior do que eu até poucos minutos atrás — murmurei e ele riu, me abraçando de volta.

— Mas a febre já está passando, não precisa ficar se preocupando desse jeito.

— Vou tentar — voltei a murmurar.

Ele me apertou em seus braços.

Deitei a cabeça em seu ombro e suspirei. Ele beijou o topo da minha cabeça e sua mão passou a fazer um simples carinho em minhas costas.

Eu estava com o rosto muito próximo do pescoço dele, talvez até próximo demais, e conseguia sentir o seu perfume. Homem cheiroso.

Nós ficamos um longo tempo ali abraçados. E eu não queria me afastar, queria continuar ali daquele jeito com ele. Estava bom estar assim.

— Por que você vai descansar um pouco? — perguntou em um tom baixo.

— Não — neguei ainda abraçada nele.

— Você ficou acordada a noite inteira, precisa dormir.

— Você também ficou — me afastei e olhei para ele.

— Mas eu não estou com sono — encolheu os ombros. — Eu fico cuidando ele, e você descansa um pouco.

— Não vou conseguir dormir.

— Vai sim — insistiu. — Você sabe que eu vou cuidar bem dele, não tem com o que se preocupar.

— Claro que eu sei — empurrei o ombro dele de leve e ele sorriu. — Só não sei se consigo controlar minha preocupação.

— Vai descansar mocinha — ele brincou. — Quando ele acordar, eu chamo você.

— Vai me chamar mesmo?

— Vou — assentiu.

Ele depositou um selar na minha testa.

— Vai lá.

Eu assenti e me afastei completamente dele.

É, eu estava mesmo cansada, mas não conseguia parar quieta, sabendo que meu pequeno está sentindo dor.

Já era primavera, mas em Seul o clima ainda ficava oscilando. E mesmo sempre cuidando para Hyun não pegar frio, ele ficou com dor de garganta, resultando em um pouco de febre.

Me deitei na cama e me deixei levar pelo sono. Hyun estaria com Jimin, então óbvio que ele estaria bem, eu não tinha motivos para ficar preocupada. Até por que, qualquer coisa, Jimin iria me chamar.

Logo eu apaguei. Não sei por quanto tempo eu dormi, não olhei a hora antes de deitar, e o dia estava nublado, então não dava para ter uma ideia de mais ou menos o horário por ver como está lá fora.

Me levantei e já saí do quarto, indo diretamente ao quarto do meu bebê.

Ele ainda estava dormindo.
Toquei em seu rosto, e dessa vez, sua temperatura parecia estar normal, me deixando um pouco mais aliviada.

— Te peguei — Jimin falou ao parar na porta.

Eu ri.

Ele se aproximou e passou os braços pelos meus ombros, me abraçando por trás.

— Eu tirei a temperatura dele alguns minutos atrás — falou baixo. — Não está mais com febre.

— Que bom.

Eu acariciei o rosto do bebê.

— Eu disse que cuidaria bem dele, viu só — brincou.

— Mas eu sabia que sim, isso é óbvio — toquei minhas mãos em seus braços que estavam me abraçando. — Eu só estava preocupada.

Eu acariciei seus braços.

Continuei fitando o nosso bebê dormindo calmamente. Tão lindo.
E o melhor é que, agora ele parecia estar um pouco melhor. Pelo menos não tinha mais febre.

Mais uma vez Jimin e eu ficamos abraçados ali.
Ele estava me abraçando por trás, mas seu corpo estava longe do meu, como se quisesse manter um pouquinho de distância, para não me "desrespeitar". Ele não falava, mas eu sabia que ele temia fazer isso sem perceber, então estava sempre tomando cuidado. Mesmo que eu não ligasse para isso. Não com Jimin.

Nós dois estávamos a cada dia mais próximos, e eu me sentia bem com isso. Era bom receber os seus carinhos de vez em quando, poder o abraçar sem preocupação nenhuma. Era bom agirmos assim, sem precisarmos nos preocupar se vai ser estranho ou não para o outro.

Eu virei e fiquei de frente para ele.

— Agora você vai descansar — falei e ele negou.

— Vou ficar um pouco com você agora.

— Você vai trabalhar amanhã — eu cerrei os olhos.

— Vou trabalhar apenas se Hyun estiver melhor, se não, eu vou faltar — encolheu os ombros.

Naquele dia, nós levamos Hyun no médico, e Jimin ganhou atestado para o trabalho por causa disso. Mas o atestado era apenas para aquele dia.

— Park Jimin querendo faltar serviço. O que um filho não faz? — brinquei.

— Eu não sou mais aquele viciado no trabalho. Ficar tão focado nisso, nos trouxe muito problemas — ele suspirou e baixou o olhar. — Eu prometi que ia parar de ser assim, e que vocês dois ficariam em primeiro lugar. Mesmo que eu tenha que faltar a semana toda, eu não ligo.

Eu ergui a minha mão até o seu rosto e acariciei sua bochecha.

— Ser focado no trabalho é bom, mas você era focado demais — falei e ele concordou.

— Feito um maluco — eu ri. — Mas já parei.

— Que bom que o Hyun fez você enxergar isso.

— Vocês dois me fizeram enxergar isso. Eu estava perdendo tanta coisa ficando enfurnado no escritório trabalhando, mesmo que já tivesse passado do meu horário de trabalho — fez careta. — Quando você engravidou, eu parei para observar. Se eu continuasse daquele jeito, eu ia perder uma parte tão importante para nós, ia perder a gestação. Poderia ainda estar daquele jeito agora, e não estar aproveitando com Hyun desse jeito.

— Eu fico feliz com isso — eu sorri. — É bom ter você pertinho novamente.

— É bom nós estarmos assim novamente — ele sorriu. — Eu senti falta disso. Senti falta de você...


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