Eu estava andando pelo centro da cidade, procurando a cafeteria que havia inaugurado a poucos dias. Onde eu combinei de fazer uma entrevista nova para o jornal.
Mas eu não fazia ideia de onde essa cafeteria ficava, não havia sido eu que havia combinado o encontro lá. Precisava ficar o tempo inteiro olhando no celular para achar, e o melhor, o estacionamento em que deixei meu carro era longe.
Eu estava me sentindo uma pessoa que acabou de se mudar do interior para a cidade. Não era possível eu estar tão perdida na cidade em que moro.
Enquanto tentava me localizar pelo celular, acabei esbarrando em alguém.
— Desculpa — falei sem olhar para quem eu esbarrei e continuei andando, olhando para a tela do celular.
— Jiyeon — a voz de Jimin soou.
Parei e olhei para trás, confusa.
Jimin estava ali parado com uma mulher ao seu lado, o que sem que eu conseguisse controlar, fez meu interior queimar só de ver ela tão próxima dele.— Oi — falei aos dois.
— Está perdida? — ele franziu o cenho.
— Sim — eu sorri sem graça. — Tenho uma entrevista em um lugar que eu não sei onde é.
— Huh, onde? — ele perguntou. — Posso levar você.
— Você vai se atrasar — a mulher falou em um tom baixo, provavelmente para que eu não escutasse, o que foi em vão.
— Não precisa — neguei. — Eu consigo me virar.
— Onde é? — Jimin voltou a perguntar.
-—Uma cafeteria nova...
— É na rua ao lado, vim de lá agora — ele fez sinal para o lado direito. — Assim que você entrar naquela rua, já vai enxergar a fachada.
— Certo — assenti. — Obrigada. — sorri ladino.
— De nada — ele se aproximou e falou mais baixo. — E como está? Não tive muito tempo para mandar alguma mensagem.
A mulher bateu o pé impaciente. Eu já havia visto ela em algum lugar, ela não me era estranha. Eu só não sabia de onde a conhecia. Mas era o suficiente para que tivesse pontos a menos.
— Está tudo certo — assenti. — O bebê está bem, então está tudo ótimo.
— Que bom — ele sorriu de lado. — Eu tenho que ir, nos vemos outro dia.
Se despediu e saiu, sendo seguido pela mulher.
E essas eram as nossas conversas. Só nos víamos quando necessário, no caso, quando eu tinha consultas. No início ele queria me acompanhar até mesmo em exames, mas não é algo realmente necessário, então eu falei que não precisava, e por incrível que pareça, isso não gerou em uma briga, ele apenas concordou.
Nós quase não conversávamos e isso já estava se tornando normal na nossa convivência.
Ele sempre procura saber como estão as coisas, me envia mensagens perguntando se está tudo bem, e que se precisasse, eu poderia ligar para ele. Ele tentava disfarçar, mas sei que ele ficava preocupado de se caso acontecesse alguma coisa, e ele não estar por perto, ou que eu não conseguisse lhe avisar.
Jimin estava se esforçando para mantermos uma convivência aceitável, e isso já estava ótimo.
Era um grande progresso.Seguindo o caminho que Jimin havia falado, acabei parando na frente da vitrine de uma loja de bebês. Me peguei encantada com as roupas e sapatinhos que haviam ali em exposição.
Eu estava me controlando para não entrar na loja, ainda era cedo demais para comprar essas coisas, mas quando vi, já estava dentro da loja.É, eu estava atrasada para a entrevista. Mas o que seriam alguns minutinhos a mais? Já estava atrasada mesmo.
Eu já sabia o que eu queria, então eu apenas entrei na loja e pedi a vendedora que separasse para mim. Menos de cinco minutos depois eu já estava saindo da loja com uma sacola, onde tinha uma roupinha.
Segundo a vendedora, era uma roupa de menino, acredito que por ela apenas ser azul. Mas eu não ligava se era para menino ou menina na etiqueta, eu gostei da roupa assim que bati o olho nela, e eu a comprei. Independente do sexo do bebê, ele com certeza vai usar aquela roupinha.
Eu detestava essa coisa de "azul é para menino, e rosa para menina", é uma das coisas mais ridículas que já ouvi. E meu bebê com certeza não teria isso de não usar certa cor, por ser falarem que é para o sexo oposto.
Finalmente alcancei a cafeteria, e entrei no local, já avistando a pessoa que eu iria entrevistar.
Ocorreu tudo bem durante a entrevista, e em uma hora eu já estava andando pelas ruas novamente. Me controlando para não entrar em cada loja de bebês que eu visse pela rua. Eu ainda nem tinha onde colocar essas coisas.
Mas era algo que logo eu já teria que arrumar, já teria que começar a montar seu quartinho. E na verdade, eu não via a hora de poder fazer isso.
A essa altura, todos já sabiam sobre a gravidez, e minha família e meus amigos vinham me dando presentes para o bebê. O quarto de hóspedes já estava cheio de coisas em cima da cama, apenas esperando para que aquele quarto seja arrumado para o bebê.
E quando eu começasse a montar o quarto, seria minha distração naquela casa vazia. Era estranho estar sozinha na casa que eu costumava dividir com alguém.
'Tá certo, o horário em que Jimin estava em casa, a maior parte do tempo ele estava trancado dentro do escritório. Mas ainda assim, era estranho agora sozinha.
Com ele, mesmo que assim, eu sabia que tinha alguém ali, e tinham os barulhos, as suas coisas pela casa. Agora era solitário.Antes de descobrir a gravidez, eu até tinha cogitado a possibilidade de adotar algum bichinho de estimação. Mas eu tinha tantas coisas para fazer, que provavelmente não teria tanto tempo para lhe dar atenção quanto eu gostaria. Seria egoísmo.
Mas agora eu sabia que tinha uma companhia para todo momento. E que com certeza eu teria tempo para ele. Se não tivesse, eu teria que arrumar esse tempo.
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Casamento Desgastado
Roman d'amour- Eu continuo aqui porque apesar de você agir feito uma maluca, eu ainda amo você - esbravejou. - Apenas amar já não está mais sendo o suficiente entre nós dois, e isso já está mais do que claro.