Confissão - Revisado

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Michael permanece ao lado de Alessandra, observando em silêncio enquanto ela, presa por correntes, tenta desesperadamente escapar da sala. O padre, adentrando o ambiente com uma máquina de tortura, a agarra pelo braço, restringindo seus movimentos. Alessandra, frustrada, percebe a futilidade de seus esforços.

Num momento tenso, a ação cessa quando uma aura luminosa emerge do corpo de Alessandra. Ela se depara com sua própria forma física, agora inerte, enquanto sua alma paira no ambiente. Michael, ao lado dela, quebra o silêncio começando a falar.

- Na sua terceira vida, você enfrentou a brutalidade como uma escrava, lutando pela sobrevivência em um mundo implacável onde muitos sucumbiam nas mãos impiedosas dos donos de fazendas. Contudo, você transformou sua situação em uma estratégia de sobrevivência, aproveitando a oportunidade para escapar de diversas torturas ao desempenhar as tarefas dos feitores. Infelizmente, essa reviravolta teve um preço alto, pois muitos companheiros escravos sofreram por suas mãos, e inúmeras vidas foram ceifadas devido às suas ações. A dualidade da sua experiência reflete a complexidade do contexto em que tentou encontrar meios de resistir em um ambiente hostil.

A mulher observa perplexa a cena diante dela, como se o tempo tivesse congelado e suas dores desaparecessem misteriosamente. Em meio a esse estranho silêncio, Lucifer, posicionado à entrada da cela, contempla a situação, refletindo sobre os desdobramentos que estão por vir. Pouco a pouco, ela começa a compreender a complexidade do momento e aguarda, para entender o desfecho dessa inusitada reviravolta.

Lucifer, ainda oculto, comenta sombriamente sobre a inevitabilidade da morte iminente da mulher, destacando a crueldade inerente aos seres humanos. O ambiente tenso reflete a dura realidade que ela enfrenta.

Michael dita a cruel narrativa da vida da mulher, enquanto Alessandra ouve impotente. Subitamente, ela retorna ao seu corpo, sem aviso prévio, e a terrível tortura continua. Arrastada para a roda, amarrada e exposta à violência, a jovem enfrenta a tortura implacável imposta pelo padre.

A roda gira, os espinhos rasgam sua pele, e os gritos de dor ecoam. Cada momento é um tormento, mas os espinhos não atingem órgãos vitais, apenas causam dor intensa. O padre persiste na tortura, girando a roda até que os gritos cessem, revelando um corpo frágil e maltratado.

Ao retirar Alessandra da arma de tortura, o padre a coloca no chão, onde ela desperta, olhos abertos. Diante dessa cena brutal, o padre, em um gesto peculiar, pergunta algo, aguardando uma resposta que parece irrelevante diante do horror vivenciado.

O padre, diante da mulher brutalmente torturada, pergunta com calma se há algo que Alessandra deseja confessar. O cenário macabro e a pergunta aparentemente desconectada criam uma atmosfera sombria e intrigante.

Alessandra, entre gemidos de dor, olha para o padre e, com coragem, confessa. Seu corpo está debilitado, um dedo quebrado e a súplica revela um desespero genuíno: - Eu confesso, só não me coloca lá, por favor... - A vulnerabilidade dela contrasta com a crueldade do ambiente, criando um momento tenso e emocionalmente carregado.

confessa o que? - O padre segurava um gravador que é acionado naquela hora e Alessandra percebe isso

Alessandra, entre gemidos de dor, revela em meio à agonia: - Você me torturou, e por isso digo que sou bruxa. Apenas quero morrer para não sentir essa dor novamente. - A confissão, carregada de desespero, oferece uma explicação para a terrível situação, enquanto sua vontade de escapar da tormenta se torna evidente.

O padre desliga o gravador e, de forma implacável, puxa Alessandra de volta para a roda, repreendendo-a:

- Não é isso que você deve dizer, e você sabe disso. - A voz do padre ecoa, destacando a manipulação por trás da situação e sugerindo que há uma narrativa específica que ele espera que Alessandra siga.

A mulher é brutalmente lançada de volta à roda, e o primeiro espinho atinge seu olho esquerdo, perfurando-o. Gritos de dor ecoam pela sala até que, gradualmente, o silêncio se instala novamente. Michael, colocando a mão no ombro do padre, sinaliza o fim da tortura ao diminuir a rotação da roda.

Alessandra permanece inerte dentro da roda, saliva escorrendo de sua boca, que pinga no chão. Em meio à cena horripilante, Lucifer chega e observa a mulher.

Lúcifer, oculto, expressa surpresa ao considerar a possibilidade da morte de Alessandra: - Acho que ela morreu... Espera, como isso é possível? - O mesmo percebe algo e fica surpreso.

Alessandra surpreende a todos ao respirar novamente e erguer o rosto, fechando a boca. Cada suspiro revela não apenas a resiliência da mulher, mas também o cansaço evidente e a dificuldade notável em respirar.

Alessandra, com dificuldade para respirar, expressa angústia: - Eu não consigo respirar direito... Algo entrou em mim, para por favor. - O pedido desesperado revela a agonia contínua de Alessandra.

O padre, ligando o gravador novamente, se aproxima de Alessandra:

- É só você falar, vamos diga...

A mulher, entre gemidos e desespero, cede à pressão:

- Eu sou bruxa, eu sou... Não quero morrer! - A confissão forçada é capturada pelo gravador, perpetuando a cruel manipulação que a envolve.

Alessandra, após gritar, é retirada da roda pelo padre. Seu peito direito exibe um pequeno furo, mas algo mais sinistro se revela: o espinho não atingiu um órgão vital, mas um pedaço de sua costela quebrada afundou em seu tórax, comprimindo o pulmão. Sangue escorre de sua boca, e a dificuldade em respirar é evidente.

O padre, percebendo a gravidade, chama um médico. Michael, agindo rapidamente na ausência do padre, retira o pedaço de osso que pressionava o pulmão de Alessandra. A mulher, aos poucos, recupera a respiração, mas a dor persiste. Quando o médico chega, vê a situação e diagnostica que, pelo menos naquele momento, ela está fora de perigo.

O padre, ao explicar a situação ao médico, revela a cruel decisão da igreja: - Ela já confessou, mas a igreja quer que ela vá para a fogueira viva.

A situação se torna ainda mais complexa quando o padre impede o médico de administrar a injeção na mulher, mesmo quando ela já está à beira da morte. Lúcifer, ao ler o nome do veneno no frasco, percebe que era uma forma indolor de acabar com a vida de Alessandra. O olhar de pena nos olhos do médico revela a impotência diante da brutalidade iminente.

O padre, percebendo o uso do veneno, agradece ao médico e o dispensa, deixando um clima de tensão e incerteza sobre o que virá a seguir para Alessandra.

Michael desaparece do local e dirige-se a um lugar mais isolado, sendo seguido por Lucifer. Lá, encontra-se com um senhor de idade. O homem olha para Lucifer, que está atrás de Michael, e diz:

- A mulher já sofreu demais. Ela não disse aquilo; eu a fiz pensar em voz alta enquanto estava quase inconsciente.

- Deus?... Você tortura alguém e ainda diz que ama a humanidade? Hipócrita. - rebate lúcifer o desafiando.

- Os seres humanos escolhem seus caminhos, é a lei da semeadura... - Deus diz a Lucifer de forma indireta, já que Michael está à sua frente e não percebe a presença de Lucifer.

O velho então desaparece, deixando Michael confuso. Ao se virar, ele passa por Lucifer, mas ao dar dois passos, para abruptamente e diz com uma voz cheia de ódio.

- Eu sei que está aí... Lúcifer, não sei o que faz aqui. Mas farei todos eles sofrerem, e este incidente será lembrado como um aviso.

Lúcifer fica parado, ponderando sobre como Michael sabia de sua presença.

- Se ele falou aquilo para o nada, você está aqui de forma oculta, e se está aqui dessa forma... É por alguma razão que ele te designou, mas sua localização atual é índia, então você não é desse tempo.

Michael segue em direção à igreja e permanece lá pelo resto do tempo, até a sentença de Alessandra.

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